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“A equação do bem-estar e da saúde centrada no cidadão só pode ser resolvida através de tecnologia”

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A 4ª edição dos Prémios HINTT está a chegar e vai realizar-se já no dia 1 de outubro.Ninguém melhor do que Filipa Fixe, Administradora Executiva da Glintt, para lhe revelar tudo o que esta montra tem para oferecer ao mundo da inovação na saúde.

O suspense mantém-se até ao final e os quatro vencedores dos Prémios HINTT 2020 só serão anunciados durante o evento.
Num ano em que se esperava menos adesão, isso não aconteceu. Com as expetativas superadas e um recorde de candidaturas, é Filipa Fixe, membro do conselho de administração da Glintt para a área da Saúde, quem defende a ideia de que “Portugal é claramente uma montra digital na área da saúde” e que tem feito um papel diferenciador na área das ciências da vida.

Entre saúde e tecnologia existe uma relação cada vez mais sólida e em constante crescimento. Na sua opinião, qual é a mais-valia desta era tecnológica que os serviços de saúde atravessam?
A equação do bem-estar e da saúde centrada no cidadão só pode ser resolvida através de tecnologia e de processos bem-definidos. O nosso dia-a-dia é transformado pela tecnologia através do digital, da mobilidade e do virtual. Cada um de nós enquanto cidadão procura cada vez mais tecnologia na relação com os profissionais de saúde e com as instituições de saúde.

O momento da pandemia mostrou que já existia inovação tecnológica para transformar a prestação de cuidados em saúde e tal foi visível, por exemplo, pelo número de teleconsultas vs. número de consultas presenciais realizadas nos cuidados de saúde primários e nas unidades hospitalares. Este momento deve ser encarado como uma oportunidade para continuar e acelerar a implementação de inovação e de tecnologia para que os cuidados de saúde e a relação utente-profissionais de saúde possa ser realizada à distância de um click. O momento pandémico que atravessamos permitiu que as diferentes instituições de saúde e não saúde centrassem os seus serviços no cidadão tendo por base tecnologia e inovação de processos.

E é precisamente neste âmbito que surgem os prémios HINTT. Como tem visto a evolução desta iniciativa? Qual o balanço que faz?
O HINTT surge em 2017 com o propósito de ser um palco para a excelência da ciência, da inovação e da tecnologia em saúde. O objetivo é o de partilhar casos de estudo, a nível nacional e internacional, que sejam demonstradores de como a inovação pode ser traduzida para o dia-a-dia das instituições de Saúde, dos seus profissionais e do cidadão.
O Prémio HINTT – Maturidade Digital é um momento especial neste evento totalmente dedicado à área da Saúde. O foco deste prémio passa pelo reconhecimento e divulgação das melhores práticas de adoção das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) na área da saúde, que têm como objetivo melhorar a segurança do cidadão, apoiar a decisão clínica e a eficiência global.

A 4ª edição deste evento – HINTT 2020 conta com a 3ª edição do Prémio HINTT, que vai manter as categorias do ano anterior: Startup Innovation, Value Proposition, Clinical Outcomes e Patient Safety.

Gostaria ainda de salientar que os projetos vencedores de 2018 e 2019 destacaram-se pelo seu papel inovador no setor das tecnologias da saúde, pelo foco na resolução de problemas relevantes, e pelo objetivo de melhorar a segurança dos cuidados através da transformação digital e do (re)posicionamento do cidadão no centro do sistema. Falamos de startups como a Knok Healthcare e a Peekmed, passando por faculdades como a NOVA.ID.FCT, entidades como o IPO do Porto, a Santa Casa da Misericórdia do Porto, o Centro Hospitalar Universitário de São João, Centro Hospitalar de Lisboa Central e o grupo Lusíadas.

Este ano é com enorme orgulho que batemos o record das candidaturas, ultrapassando em cerca de 50% os anos anteriores. Com a questão da pandemia provocada pela Covid-19, as nossas expetativas não eram as mais favoráveis, pelo que foi com surpresa que verificámos uma motivação incrível por parte das entidades candidatas. Tal facto denota o crescente compromisso dos setores da Saúde e das TIC ligadas à saúde.

Sente que com o passar das edições a qualidade dos projetos tem vindo a aumentar? Os prémios HINTT serão um catalisador de inovação?
O Prémio HINTT – Maturidade Digital é a forma de premiar a excelência do que de melhor se faz em Portugal na área da saúde e do bem-estar. E Portugal é claramente uma montra digital na área da saúde, por um lado por termos implementado ao longo dos últimos anos sistemas de informação e tecnologias de informação que são diferenciadores e, por outro, pelo facto dos Portugueses serem um povo inovador e altamente diferenciado na área das “ciências da vida”. Temos vários exemplos de start-ups portuguesas que são reconhecidas e premiadas a nível europeu e mundial. Todo este know-how deve ser partilhado dentro e fora de Portugal. É neste sentido que queremos que o Prémio HINTT seja mais um catalisador de inovação.

Na sua opinião, no que se distinguem os vencedores?
Os vencedores são cada vez mais projetos que não são realizados apenas por um perfil de profissionais, mas sim por equipas multidisciplinares que vão da engenharia às ciências da vida, incluindo novas tecnologias e tecnologias emergentes (ex: IA, NPL). Estas equipas multidisciplinares conseguem definir o problema a resolver, desenvolver a solução e garantir a sua implementação junto de profissionais de saúde e dos utentes. Ou seja, são projetos na sua maioria com uma avançada maturidade digital, pilotos ou não, entre outros que – apesar de embrionários – reúnem um enorme potencial tecnológico para a área da saúde, previligiando sempre o conceito do pacient centered.

E no que diz respeito a uma posterior presença no mercado, ser vencedor destes prémios tem sido diferenciador?
Portugal integrou, pela primeira vez, o grupo de Fortes Inovadores na edição de 2020 do European Innovation Scoreboard, um índice composto publicado anualmente pela Comissão Europeia. Este índice composto baseia-se em 27 indicadores, tendo Portugal melhores desempenhos naqueles que se relacionam com as atividades de inovação das PME (https://www.dgae.gov.pt/ e https://interactivetool.eu/EIS/EIS_2.html#a). Esta concretização é possível pelo carácter inovador e de diferenciação tecnológica que as empresas, desde start-ups a empresas de grande dimensão, e o setor público detêm e colocam ao serviço do cidadão. Mas, para que tal aconteça, é necessário que as soluções desenvolvidas sejam conhecidas, implementadas e testadas. O HINTT dá palco a soluções de excelência na área da saúde e das ciências da vida e com isso acreditamos que é uma importante etapa no go-to-market destas soluções.

Há algum projeto conjunto de equipas que tenham participado neste prémio?
O prémio HINTT tem por objetivo reconhecer e divulgar as melhores práticas de adoção das TIC, conducente a ganhos relevantes para a segurança do doente, apoio à decisão clínica e eficiência global das Unidades de Saúde. Esta “montra” de projetos de referência a nível nacional permite que as instituições e as equipas partilhem entre si ideias que podem resultar em novos projetos ou novos modelos de implementação das soluções propostas, garantindo um maior impacto tanto para as entidades de saúde como para os utentes. E sim, temos alguns projetos desenvolvidos por diferentes equipas, como por exemplo o VR4Neuropain, que venceu na categoria de clinical outcomes, cuja equipa é composta por duas Biomedical Experts e um Neuropsychologist and Rehabilitation Expert. Mas este é um exemplo entre tantos outros.

O mote deste evento é “ser uma ação de partilha de conhecimento e reflexão do futuro do estado da saúde, a nível nacional e internacional, tendo como foco o cidadão e a tecnologia”. Considera que este objetivo tem sido alcançado com sucesso?
O HINTT é uma viagem que se iniciou em 2017 e que pretende demonstrar que com tecnologia, processos e inovação podemos viajar até Marte e sermos monitorizados à distância. É fundamental perceber com a tecnologia que hoje existe e que permite, por exemplo, ter condução autónoma, se podemos e devemos ter uma gestão de saúde e não uma gestão da doença. Os dados centrados no cidadão, a sua gestão, a telessaúde, a inteligência artificial aplicada na análise de imagens médicas, os lab-on-a-chip, os resultados em saúde medidos por qualidade e não por quantidade, os hospitais do futuro com menos camas e mais cuidados à distância, a literacia digital de cidadãos e de profissionais de saúde, a capacitação de gestores para o ehealth e a garantia da segurança das TIC e da privacidade dos dados, são alguns dos temas que temos debatido nas edições anteriores, quer do ponto de vista de inovação quer do ponto de vista da implementação.