Chama-se Izzy Move e é a app com que os taxistas querem responder plataformas de transporte de passageiros. Fomos pô-lo à prova frente às já estabelecidas (e com muitos clientes em Portugal) Uber e Bolt.
Preto, amarelo e branco. Estas são as cores da IzzyMove, a aplicação com que os taxistas, comandados pela Antral, querem responder às soluções de empresas internacionais como a Uber, Cabify, Bolt e Kapten.
A ideia é cativar os clientes mais jovens e facilitar o acesso através do smartphone, num projeto que implica um investimento de 400 mil euros (100 mil com contribuição do governo). Neste contexto, a app que está agora disponível em Lisboa (deve chegar em breve a Porto, Oeiras e Algarve) concorre com as rivais bem mais experientes nesta área tecnológica.
Neste primeiro teste, decidimos comparar três apps. Além da dos taxistas, juntámos as experientes Uber e Bolt (antiga Taxify), que têm já grande expressão em Portugal. É uma análise dividida em experiência de utilização das apps, facilidade de registo, opções disponibilizadas, qualidade da pesquisa e dos mapas e valores por trajeto em períodos diferentes do dia.
Não analisamos para já (fica para um outro artigo), a fiabilidade do serviço, se a promessa de chegada no tempo previsto é cumprida (que será um dos critérios mais importantes e que mais dúvidas suscita na app dos táxis), se a qualidade do serviço geral (qualidade de condução, de percursos utilizados e do interior dos veículos) e se os valores cobrados são os indicados ou previstos.
Comecemos pela novidade. A app IzzyMove pede-nos um registo, onde colocamos os nossos dados, incluindo e-mail e número de telefone (não é obrigatório colocar logo meios de pagamento). É pedido depois uma confirmação do e-mail, que só funcionou à terceira tentativa. Mal entramos no mapa, achámos curioso que estivesse com vista para Brasil e Uruguai. É fácil navegar no mapa, que é cedido pela Google, e assinalarmos o local onde estamos.
Os gráficos não estão ao mesmo nível dos rivais, mas servem perfeitamente e há sempre táxis por perto (mesmo quando a estimativa de chegada é de 16 minutos – o que parece pouco realista). Depois de selecionarmos o ponto de partida, é-nos indicada a estimativa de chegada do táxi e podemos indicar para onde vamos. A pesquisa é fácil (nota-se que a informação vem da Google), mas os gráficos estão longe de ser os mais perfeitos.
A estimativa de valor a pagar no final da viagem é clara e permite-nos, por baixo, colocar o método de pagamento (podemos associar um cartão de crédito para pagar pela app), ou pagar no táxi com dinheiro, com multibanco ou até com cartão de crédito. Reparámos que a hora prevista de chegada do táxi não se alterou com a colocação da opção de pagamento por multibanco no táxi em vários casos (ou significa que cada vez mais táxis têm essa modalidade ou a estimativa não é atualizada).
Podemos ainda selecionar a opção de Mala Grande ou necessidade de Wi-Fi. Mesmo selecionando a opção de Wi-Fi o tempo previsto de “embarque” no táxi não mudou. Há ainda uma terceira opção de escolha, para agendar o táxi para determinada hora ou dia. Há ainda a possibilidade de pedir um táxi XL (para levar até seis pessoas, embora não seja indicado quantas pessoas leva) ou o táxi executivo (neste caso, não vimos a estimativa de chegada mudar escolhendo essa opção). Depois é pedir o táxi e esperar.
No menu, podemos ver serviços em andamento, agendados ou concluídos, bem como ver favoritos ou o número de contacto (é um 707 e diz funcionar a nível nacional). Noutra nota, a app na loja da Apple tem menos de 2,4 estrelas em 5 possíveis (a maioria são 1 estrela) e 18 classificações – uma das críticas lá registadas indica que ao fazer o registo nunca chegou e-mail para o confirmar.
Já na loja da aplicações Android, dá para ver que já teve mais de mil transferências e tem 3,5 estrelas e 34 críticas, algumas lamentam a presença do português do Brasil em algumas partes, outras que não tenha a modalidade de pagamento com PayPal ou colocação de dados para a fatura.
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Os preços, percurso Benfica-Saldanha
Comparação com a Uber, a referência nas apps
A já há muito, desde 2014, que está estabelecida em Portugal, com um crescimento assinalável e polémicas várias com os taxistas, nomeadamente da ANTRAL. A sua app, sem surpresa é das mais capazes que podemos encontrar e tem, na verdade, marcado tendências. Já este ano, ganhou uma nova opção, além da viajar de automóvel on demand, com a chegada das bicicletas Jump, cuja reserva é feita na própria app. Para isso, temos de selecionar no topo da app que queremos “pedalar” – a opção standard é “viajar”. Tem ainda um link para a outra app (e outro serviço) da gigante norte-americana, a Uber Eats, de entrega de comida ao domicílio.
A app é muito intuitiva, fácil de usar, com gráficos convincentes e uma verdadeira referência. Tem ainda a estimativa de chegada ao destino logo por baixo do valor, o que também é útil – no caso da Bolt só vemos essa informação após entrarmos no automóvel e começar a viagem. Para pesquisar moradas, é usado o Google Maps como é habitual nestas plataformas e também é possível agendar horas e dias para os serviços.
No menu de opções, há ainda a possibilidade de configurar uma equipa, a pensar nas empresas (onde há várias opções para facilitar o controlo por parte de gestores). Podemos depois ver a lista de viagens, com pormenores detalhados do percurso, preço pago, etc. Segue-se a área de pagamento, onde há a facilidade de além de colocar cartão de crédito pagar por PayPal e podemos selecionar perfis de viagens, pessoal ou trabalho (infelizmente não permite pela app colocar número de contribuinte para as faturas – só mesmo usando o navegador num computador).
Além da opção de Ajuda, onde há respostas a várias perguntas, existe a opção de viagens grátis (para cativar amigos a aderir) e as definições, onde podemos definir percursos favoritos (casa, trabalho, etc), gerir contactos de confiança ou configurar uma rede familiar, bem como ver as definições de privacidade.
Quanto a preços, eles parecem-nos razoáveis e não muito diferentes dos tradicionais táxis, mas com os novos rivais a Uber parece não ser o serviço mais barato da atualidade neste mundo de plataformas móveis que fornecem serviços de transporte, como veremos nos exemplos seguintes.
A Uber pareceu-nos ter uma vantagem, tem tempos de espera estimados bastantes reduzidos face à concorrência (que se vai aproximando) e, por experiências no passado, tem por hábito cumpri-los.
Os preços, Benfica-aeroporto
Os preços, Torres de Lisboa-CC Vasco da Gama
Uber Eats vai mostrar tempos de espera. Testes arrancam em Lisboa
Comparação com a Bolt, o novo miúdo na cidade
A empresa estónia criada em 2013 com o nome Taxify (foi já este ano que mudou para Bolt, afastando-se mais dos táxis) é hoje, em várias cidades europeias a grande rival da Uber. Em Portugal além de estarem, tal como a Uber, em Lisboa, Porto e Braga, estão a recrutar condutores para chegar ao Algarve (onde os rivais norte-americanos já estão, inclusive, com o serviço Uber Eats).
A empresa criada por Markus Villig e pelo seu irmão Martin (ex-Skype) tem mais de 25 milhões de utilizadores em mais de 30 países a nível global e inclui serviços também de carros, motas e trotinetes elétricas partilhadas em vários países da Europa e África – em Portugal só há, para já, o serviço de automóvel.
Cada vez mais nota-se que estão com um serviço completo, com cada vez mais condutores disponíveis (o que reduz o tempo de espera) e, tal como se verifica na Uber, já estão fora de Lisboa ou Porto, com vários condutores em Almada, Cascais, Matosinhos, Gaia, Leça da Palmeira, etc.
A empresa também garante ser a plataforma mais económica do mercado e de dar maior rendimento aos motoristas, cobrando 15% de comissão aos motoristas que trabalham com a plataforma (10% inferior ao maior concorrente, que é a Uber) – isso mesmo foi referido na nossa entrevista com o responsável nacional da Bolt, David Ferreira.
Além disso, a Bolt tem por hábito oferecer descontos entre os 5% e os 20% aos seus utilizadores, que são automáticos – por norma, se não usarmos há algum tempo temos maior acesso aos descontos. A estrutura da app é muito semelhante à da Uber, usando o Google Maps também para os mapas. Cancelar a viagem nos primeiros minutos não traz qualquer tipo de encargo extra (na Uber tem), mas não tem a possibilidade de agendamento de carros para outro horário.
Tal como é habitual, tem a possibilidade XL, para seis ocupantes, que é um pouco mais caro e demora mais a chegar, o nível executivo, para outro tipo de serviço com melhores carros e ainda tem disponível veículos para quem tem mobilidade reduzida. Tudo igual à Uber, mas sem a possibilidade de tentar a versão em que se dá boleias a desconhecidos (que só funciona à vezes na Uber) e sem a modalidade dos carros elétricos, que a Uber oferece.
O menu de opções também permite ganhar viagens grátis (3 euros) convidando amigos, como se vê na Uber, não tem é a opção de PayPal (só cartão de crédito) nos pagamentos possíveis. Além do histórico de viagens (menos pormenorizado que a Uber), também tem opção para empresas e não permite, pela app, juntar dados como o número de contribuinte (dizem-nos que estão a tentar mudar esta situação).
Os carros são do mesmo estilo da Uber, até porque há vários condutores que trabalham para as duas plataformas.
Os preços, Torres de Lisboa-CC Vasco da Gama, em hora de ponta
Chegados aqui, se quiser falar-nos da sua experiência com estas plataformas, contando problemas ou soluções, pode enviar para insider@dninsider.pt
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