A quinta temporada da série de ficção científica de culto Black Mirror deve chegar já em dezembro à Netflix e vem com opções interactivas para o público escolher o que quer ver.
Há já alguns meses Todd Yellin, o vice-presidente de inovação da Netflix, dizia ao Dinheiro Vivo/Insider que o futuro da plataforma de streaming mais popular do mundo podia passar pela interatividade com o utilizador. Agora deverá surgir o primeiro grande teste, com uma das séries mais conceituadas da Netflix, Black Mirror.
De acordo com um artigo da Bloomberg, que cita fontes da Netflix, a quinta temporada da série de origem britânica deve chegar mais cedo do que o previsto, já em dezembro. A série de culto tem-se distinguido por mostrar os efeitos de tecnologia futurista na vida dos cidadãos.
A Bloomberg indica ainda que a Netflix vai adicionar à nova temporada episódios especiais onde o utilizador pode escolher o que se passa a seguir na história que está a ver, numa espécie de Agora Escolha (programa da RTP dos anos 1980 e 1990 onde o telespectador votava no desfecho da série).
Criada e desenvolvida pelo britânico Charlie Brooker, cada episódio vale por si (como se fosse um pequeno filme isolado, inclusive com realizadores e atores diferentes) nesta série de antologia que tem apaixonado fãs de todo o mundo. Black Mirror usa evoluções tecnológicas que já estão a ser desenvolvidas por empresas e universidades e imagina um futuro próximo onde percebemos os efeitos que tipos diferentes tecnologia podem ter no comum dos mortais.
Considerada revolucionária, filosófica, futurista, introspectiva e de referência, cada episódio da série tem sido analisado inclusive por revistas científicas e, no total, já amealhou 6 Emmys.
Interatividade vista como o futuro
Este desejo da plataforma não é propriamente uma novidade. A revista Insider falou em exclusivo nacional com o vice-presidente da Netflix, Todd Yellin, na edição de julho, onde ficou a saber que já estavam a ser feitos testes com essa interatividade com séries infantis.
Todd Yellin admitia na altura que já estavam a ser feitos testes, especialmente na secção de crianças da Netflix. “Podemos facilmente gravar dois fins para uma série e permitir ao utilizador escolher o seu fim preferido”, explicava Yellin. Depois dos testes, dizia Yellin, logo avaliariam se faziam testes em séries globais. Pelos vistos a resposta é afirmativa.
Há, no entanto, uma clara diferença para o que se via no tal programa da RTP Agora Escolha. Numa plataforma de streaming atual como a da Netflix, o que cada indivíduo escolhe como final de um episódio é o que vai ver. No caso da televisão tradicional era uma votação onde vencia a opção mais votada. A tecnologia atual permite personalizar o final de cada história ao gosto de cada utilizador em particular, sendo, na mesma, necessário gravar os finais possíveis, naturalmente. No caso do Black Mirror, muito provavelmente será só um episódio da quinta temporada a permitir essa opção.