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Concorrência australiana alerta que Google tem de tomar uma decisão sobre continuidade no país

EPA/WALLACE WOON

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O braço de ferro entre a Google e a Austrália continua, com uma disputa sobre o pagamento para utilizar conteúdos noticiosos no centro da questão. O responsável pela Concorrência na Austrália já alertou que a tecnológica terá de tomar uma decisão sobre a continuidade no país.

m declarações à estação televisiva CNBC, Rod Sims, líder da ACCC, a entidade responsável pela concorrência na Austrália, indicou que a continuidade da tecnológica no país “é uma decisão deles”. No mês passado, a Google ameaçou retirar o seu serviço de pesquisa da Austrália, após algum tempo de discussão.

No ano passado, a criação de uma lei na Austrália que obriga as plataformas digitais a pagar a meios de comunicação e publishers pelo uso de conteúdos noticiosos. A Google, que indexa vários conteúdos do género nos seus resultados de pesquisa, contestou, em várias ocasiões, a decisão. Há já algum tempo referiu inclusive que a decisão forcaria “a Google a disponibilizar uma experiência dramaticamente pior no Google Search e YouTube, que poderá levar os dados a serem entregues a grandes corporação de media e que o acesso a serviços gratuitos que os utilizadores usam poderá estar em risco na Austrália”.

À CNBC, Rod Sims, indicou que a entidade “não quer ver acontecer” um cenário em que a Google abandone a Austrália, mas que, em último caso, “é uma decisão deles”. “Mas, obviamente que, no fim do dia, não será possível ter uma negociação, uma política pública adequada, se se fizer aquilo que se quiser”, indicou. “Se depois abandonarem o país, seria algo lamentável, mas a decisão terá de ser tomada por eles”; concluiu.

O primeiro-ministro do país, Scott Morrison, já discutiu o tema com Sundar Pichai, CEO da Google e da Alphabet. As conversações sobre o tema continuam a decorrer, nota a CNBC.

Microsoft posiciona-se

Mas, caso a Google venha mesmo a abandonar o mercado de pesquisa da Austrália, onde tem uma posição dominante, acima dos 90%, há quem esteja interessado em ficar com essa fatia do mercado. A Microsoft, dona do motor de pesquisa Bing, tornou público o apoio ao governo australiano no tema dos meios de comunicação e plataformas digitais.

Numa publicação assinada por Brad Smith, presidente da Microsoft, foi divulgado que tanto Smith como Satya Nadella, o CEO da empresa de Redmond, já estiveram em reunião com o primeiro-ministro da Austrália sobre o tema. Em comunicado, a Microsoft indica que apoia a legislação, notando que é uma tentativa para “abordar o desequilíbrio entre as plataformas digitais e os negócios de comunicação australianos”, reconhecendo ainda que, embora “a Microsoft não esteja sujeita à legislação pendente, está disponível a viver de acordo com as regras que o governo defina”.

Além disso, a tecnológica promete que “os pequenos negócios que queiram transferir a sua publicidade para o Bing podem fazê-lo sem custos de transferência”, indicando que irá “investir mais para garantir que o Bing é comparável com os concorrentes”.

“Uma coisa é certa: enquanto outras empresas tecnológicas possam ameaçar sair da Austrália, a Microsoft nunca fará uma ameaça do género”, sublinha a Microsoft no comunicado.

De acordo com dados da Statcounter, o Bing tem uma quota de mercado de 2,71% (dados globais de janeiro de 2021). Já o Google domina o mercado, com 91,86%.

Google lançou plataforma de notícias, apesar da disputa

Mesmo com as discussões a decorrerem, a Google lançou no mercado australiano a plataforma News Showcase. De acordo com a informação disponibilizada, este lançamento deveria ter ocorrido em junho de 2020, mas foi adiado devido à proposta de legislação.

A plataforma conta com notícias que a Google pagou diretamente às empresas de media, nota a agência Reuters, numa tentativa de demonstrar que a legislação proposta poderá ser desnecessária, já que a tecnológica conseguiu chegar a acordo com algumas empresas. A plataforma conta com informação de sete meios de comunicação australianos.

A Austrália é o terceiro país a receber esta plataforma, depois do Brasil e da Alemanha.

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