O número de pessoas que fecha a sua conta no Facebook ainda é uma minoria e, de acordo com um artigo científico, a maioria dos utilizadores só o faria se lhe dessem valores elevados: a média é de 875 euros (mil dólares).
Um pouco por todo o planeta Terra, 2018 foi um ano em que proliferaram os artigos que explicam como os utilizadores podem fechar a sua conta do Facebook. Os escândalos em torno dos dados pessoais da rede social motivaram essa tendência de artigos e as críticas à rede social não têm faltado, mas os números são como o algodão, não enganam, e o Facebook tem conseguido aumentar e não perder utilizadores.
Apesar do annus horribilis para a reputação da principal rede social mundial, o Facebook tinha nos últimos três meses de 2018, 2,27 mil milhões de utilizadores ativos, um crescimento anual de 10%. O registo demonstra que apesar os índices de preocupação em torno do uso de dados pessoais que cedemos ao Facebook não foram suficientes para afastar muitas pessoas da plataforma, mesmo que a sua relação com a rede social até possa ter mudado. O que também não mudou foi a capacidade do Facebook em ter anunciantes e ganhar dinheiro, embora o valor em bolsa tenha caído.
Curiosamente, o regulamento de proteção de dados europeu (RGPD) que obrigou muitas plataformas a fazerem perguntas muito concretas aos seus utilizadores sobre o uso dos seus dados, levou a uma pequena queda de um milhão de utilizadores a nível europeu. Em três meses de verão o Facebook passou de 279 milhões de utilizadores de se ligam todos os dias à rede social para 278 (já os utilizadores mensais cairam de 376 para 375 milhões).
Neste contexto, quatro economistas de várias universidades norte-americanas acabam de publicar um estudo científico peculiar que envolveu três leilões com dinheiro real. Os investigadores propuseram a quatro grupos distintos de pessoas, num total de 1258 participantes, que deixassem de usar a sua conta de Facebook (suspendendo-a) durante uma hora, um dia, uma semana e um ano. O dinheiro que podiam ganhar era mesmo pago e, indicam os utilizadores, “serviu como incentivo para considerarem de forma real que valor é que precisariam de compensação para estarem sem acesso à rede social” durante o tempo indicado.
A média do resultado para o período de um ano, superou os mil dólares (875 euros). A investigação demonstra também algo óbvio, que o valor depende sempre do nível de uso da rede social por cada um. Os utilizadores com maior presença diária só estariam dispostos a abandonar a rede social por valores muito superiores aos mil dólares, o que ajuda ao valor final, mesmo que metade dos participantes deixasse de usar a rede social por cerca de 200 dólares (174 euros).
Um dos jornalistas mais ativos a expor algumas das práticas mais ‘negras’ da rede social, Nick Confessore, do New York Times, admitiu recentemente que continua a usar o Facebook:
O The Guardian também fez um vídeo sarcático sobre o ano problemático do Facebook, que se tornou viral, onde indica que dois milhões de utilizadores saíram da rede social este ano. Mas o valor é uma gota de água no número de utilizadores (que continua a crescer, como vimos) do Facebook. E ainda há outra questão, o The Guardian continua com a sua conta de Facebook ativa, com oito milhões de seguidores, e a ser uma fonte importante de tráfego.
Um dos investigadores, Matt Rousu, professor da Sigmund Weis Business School da Universidade Susquehanna, na Pensilvânia (Estados Unidos), diz que o estudo “mostra que é evidente que o Facebook ainda é incrivelmente valioso para seus utilizadores.” A intenção destes investigadores, no entanto, é mais ampla do que o Facebook. Querem descobrir quanto é que os serviços de internet valem para seus utilizadores. “Serviços gratuitos ou baratos podem gerar um excedente para o consumidor de magnitude maior do que seu impacto mensurável no PIB”, explicam, referindo-se também aos benefícios do eBay ou à enorme variedade de livros disponíveis na Amazon. Tudo mais valias que “representam vários milhões de valor para os consumidores”.
Descubra se alguém acedeu às suas fotos privadas no Facebook