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Kate Brandt está a ensinar a Google a ser ‘poupadinha’. E o planeta agradece

Kate Brandt é, desde 2015, líder de sustentabilidade na Google. Foto: Callie Giovanna / TED

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Já foi líder de sustentabilidade de Barack Obama. Agora Kate Brandt quer tornar 100% verde uma das maiores empresas do mundo.

Os centros de dados consomem, em média, 1% de toda a energia que é produzida no mundo. Isto significa que sempre que faz uma pesquisa, publica uma foto nas redes sociais ou envia um e-mail está a contribuir para um impacto energético de grande escala.

“Os centros de dados são o coração da Google, são a base para todos os nossos produtos e temos 14 centros no mundo e há mais a caminho”, explica Kate Brandt, numa entrevista exclusiva ao Dinheiro Vivo, assumindo uma “tremenda responsabilidade” pelo impacto que a sua empresa também tem no meio ambiente.

Daí que muita da investigação que está a ser feita tenha como objetivo espremer o máximo de poder de computação por cada watt de energia consumido. “Este trabalho está a compensar. Os nossos centros de dados são cerca de 50% mais eficientes do que a média da indústria e estamos a conseguir sete vezes mais computação com a mesma quantidade de energia, comparando com há cinco anos.”

Um dos melhores exemplos desta filosofia aconteceu quando a Google criou um algoritmo de aprendizagem automática (machine learning) ao qual deu informações sobre poder de computação, temperatura e velocidade das ventoinhas de refrigeração. “Criámos um sistema de recomendação de eficiência baseado em inteligência artificial que está a ser usado no arrefecimento dos centros de dados e que melhorou em 30% a eficiência”, conta Kate Brandt.

“Temos 12 anos para fazer uma mudança dramática ou o planeta vai ficar numa posição muito difícil. Isso mantém-me acordada à noite.”

Se por um lado o software tem sido importante para alcançar o objetivo de ser uma empresa 100% verde – algo que a Google conseguiu, pela primeira vez em 2017, ao ter comprado tanta energia verde como aquela que consumiu através de outras fontes não limpas -, a renovação de hardware também tem sido crucial.

À medida que os anos passam, alguns servidores dos centros de dados ficam desatualizados. E se pensa que uma empresa como a Google, que faturou 32 mil milhões de euros só nos primeiros três meses do ano, deita os equipamentos fora, pense novamente.

A tecnológica tem uma estratégia “poupadinha” e reutiliza, até ser possível, os componentes dos servidores. Quando já não lhe servem, vende-os a outras empresas. “Estamos a vender 2,1 milhões de unidades nos mercados secundários, por ano, e o que sobrar vai para reciclagem.”

E como é que isto impacta a vida das pessoas? Com aquilo que aprende, sobretudo nos centros de dados, a Google está a aplicar a mesma lógica em produtos de consumo. A empresa, que é dona da linha de termóstatos inteligentes Nest, usa algoritmos para aprender quando alguém está em casa e qual a temperatura preferida. Isto permitiu melhorar a eficiência dos equipamentos 12% no aquecimento e 50% no arrefecimento.

“Desde que a Nest está no mercado [2010] já poupou aos clientes 35 mil milhões de killowatts de energia, o que pode alimentar uma cidade como São Francisco [850 mil habitantes] durante três anos”.

“A tecnologia ao serviço das empresas melhora eficiência sem prejudicar o planeta”