Startup de saúde mental aposta em parcerias para chegar a cuidadores informais e jovens em risco.
A Hug-a-Group quer resolver os problemas de saúde mental usando a tecnologia. A startup construiu uma plataforma que ajuda pessoas a tratarem dos problemas psicológicos em grupo e com o apoio de especialistas. Só que em vez de estarem todos juntos numa sala, estão todos à distância de um vídeo. Nascida no início deste ano, a plataforma está a levantar o primeiro investimento.
“Pegámos no modelo norte-americano, em que as pessoas costumam reunir-se para tratar de vícios, como toxicodependência ou alcoolismo, para passarem a tratar de problemas psicológicos. Inscrevem-se na nossa plataforma, entram num grupo de três a oito pessoas, com reuniões regulares e que são moderadas por um psicólogo”, explica Pedro Marques, um dos fundadores, a par de Mariana Mendonça.
Antes de se juntar a um grupo, cada pessoa tem de fazer uma sessão de avaliação de 15 minutos, gratuita, com uma das psicólogas registada na Hug-a-Group. “Depois disso, existem dois planos de subscrição”, que custam 79,90 ou 129,90 euros por mês e que dão acesso a sessões individuais e em grupo, que ajudam a lidar com problemas como a pressão no trabalho ou o stress da universidade. Não há fidelização e é possível mudar de psicóloga sem custo.
“Vários estudos dizem que tratar de problemas psicológicos em grupo é benéfico porque passa a haver mais à vontade”, lembra. A conveniência justifica o facto de todas as sessões serem virtuais.
A Hug-a-Group, além dos utilizadores particulares, também está a apostar em parcerias com várias instituições, que serão conhecidas em 2020. “Vamos fazer uma medição de impacto com 70 cuidadores informais durante um ano para perceber o impacto da terapia em grupo online.”
Este projeto apenas é possível graças ao apoio da Santa Casa e da entrada da startup no programa de aceleração de inovação social Rise, da Casa do Impacto. Além de reduzir os custos de lançamento, a aposta nestas parcerias “permite que tenhamos um carimbo de qualidade, que depois vai ajudar a atrair clientes particulares”.
A aposta neste modelo de negócio não estava na ideia inicial de Pedro Marques. “Desde miúdo, tive de aprender a lidar com a ansiedade e com a saúde mental. Comecei a olhar para o mercado e para as soluções que existiam. Gostava muito de ir às redes sociais ver quais eram as reações das pessoas, para não me sentir alienado. Às vezes fala-se com os amigos e os familiares e a relação não é tão direta.”
Foi depois de conhecer Mariana Mendonça que nasceu a ideia para a Hug-a-Group, que levou mesmo Pedro Marques a abandonar a equipa de vendas da startup portuguesa HiJiffy. A completar um ano, a Hug-a-Group está prestes a fechar a primeira ronda de investimento, em fase pre-seed, no valor de cem mil euros.
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