Com três mil parceiros, mais de 60% do negócio a vir da cloud e liderança na videoconferência, a Microsoft Portugal cresceu muito com a pandemia no ano em que celebra 30 anos no país.
A empresa criada por Paul Allen e Bill Gates em 1975, no Novo México, EUA, entrou oficialmente em Portugal em 1990 com um primeiro colaborador (chamado Ricardo Costa), numa altura em que começava a ganhar dimensão global com o Windows 3.0 e o lançamento do Office (onde já vinham aplicações como Word e Excel) – a empresa só explodiu em 1995, com o Windows 95.
Hoje, 30 anos depois na entrada no país, a Microsoft Portugal tem já três mil parceiros e 1100 funcionários, tendo duplicado os colaboradores nos últimos quatro anos. “Foi quando começámos a ter equipas que dão apoio técnico a todo o mundo”, explica-nos Paula Panarra, a diretora da Microsoft Portugal, numa mesa redonda virtual, que destaca que 30% dos funcionários de cerca de 15 nacionalidades já são mulheres e “todos os anos entram 25 a 40 recém licenciados na empresa”.
A responsável está há 10 anos na Microsoft, quatro dos quais como general manager e admite que a história da tecnológica no país tem sido de sucesso, com “crescimento anual de dois dígitos nos últimos dois anos e onde a cloud já representam mais de 60% do negócio global” [a empresa não divulga dados locais pormenorizados]. Houve ainda um crescimento exponencial em algumas áreas durante a pandemia, bem como uma aposta cada vez mais ampla em intervir de forma positiva na sociedade portuguesa.
Teams com 40% dos estudantes portugueses
Durante a pandemia, a Microsoft Portugal competiu desde cedo nas cada vez mais populares videochamadas com uma das surpresas no mundo tecnológico, a plataforma Zoom. Integrado na oferta ampla para muitas empresas, Paula Panarra admite que muitas empresas ainda não usavam o Teams (que mistura alguns funcionalidades de comunicação do Slack, com as de videoconferência que celebrizaram em 2020 a plataforma Zoom).
“Melhorámos bastante a experiência de videoconferência no Teams neste período”, admite a responsável que está satisfeita com os números. Embora não revele quantos utilizadores ativos em Portugal, explica: “tivemos um boom impressionante com centenas de milhares de novos utilizadores nas empresas e ultrapassámos os 600 mil utilizadores nas escolas”. Existem 1,2 milhões de alunos (do 1º ao 12º ano) em Portugal, mais cerca de 385 mil no ensino superior, ou seja, a Microsoft através do Teams chegará assim a 38% da população estudantil no país. Não há registos de utilização na plataforma Zoom, mas também devem ser elevados já que durante março, abril e maio foi a app mais descarregada em Portugal.
O Teams teve um período gratuito de seis meses durante a pandemia e na educação “é sempre gratuito”. Certo é que Panarra admite que nos serviços de videoconferência a Microsoft com o Teams é líder em Portugal: “é a plataforma com maior penetração em Portugal”, muito à boleia das empresas com o Office365.
“O ensino e trabalho remoto veio para ficar”
Paula Panarra admite que muitas empresas perceberam durante a pandemia que precisam de reimaginar as suas operações, os negócios que fazem e os novos serviços que devem ter no futuro, algo em que a Microsoft tem tentado ajudar com as suas ferramentas. Uma das áreas mais surpreendentes de transformação a que se tem assistido é a do trabalho (e ensino) remoto.
“Muitas empresas que eram céticas, perceberam agora que é até possível ganhar em produtividade, redução de custos e eficiência com aposta no trabalho remoto e não é só nos serviços, é até na manutenção das plataformas com especialistas a dar apoio à distância”. A responsável admite que “não há volta atrás”: “quebraram-se muitos paradigmas e o modelo híbrido veio para ficar e temos ajudado já empresas que preparam pela primeira vez equipas inteiras para trabalho remoto permanente, mesmo depois da pandemia”.
O mesmo tipo de mudança a engenheira química e de biotecnologia que lidera a Microsoft diz ter-se assistido na educação. “Muitos alunos e escolas perceberam que a partilha de conteúdos e aprendizagem remota são um óptimo complemento ao lado presencial e vemos cada vez mais escolas com modelos mistos, a incorporar novas formas de gerir o ensino”.
Microsoft aposta na requalificação e sustentabilidade
O lema atual da Microsoft é Ativar Portugal, com a empresa a indicar que tem procurado reforçar o seu ecossistema de parceiros, entre o Estado, empresas e instituições de ensino. Em janeiro está de volta o evento anual da Microsoft em Portugal, o Building the Future – de 26 a 28 de janeiro – sob o lema The Future is Now.
“Queremos continuar a dar apoio na recuperação económica, tão importante nesta pandemia, através da transformação digital e com preocupação grande com a sustentabilidade e em dar competências às pessoas para as trazer para esta nova realidade no digital”. Panarra admite que o digital nunca foi tão importante no país e no mundo. “Vimos durante o confinamento que quem já estava no digital conseguia voltar à atividade mais rapidamente”. Nas novas competências, a responsável inclui a requalificação de quem já estava noutras áreas.
Nesse domínio, a Microsoft tem apostado em projetos como o Learn, uma plataforma com muitos cursos gratuitos e onde se pode ter acesso a certificações e no projeto feito com a APDC (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações), onde se pretende formar 3 mil novos programadores – chamado Plano de Ação para a Transição Digital. Há ainda uma iniciativa global, onde a Microsoft se propõe ajudar a dar emprego a 25 milhões de pessoas, onde podem ser essenciais além do Learn, os serviços que também pertencem à empresa: LinkedIn e GitHub.
Na calha está ainda uma parceria com a Fundação José Neves, lançada este mês e que aposta em melhorar a educação em Portugal – tem 5 milhões de euros e 1500 bolsas –
No caso do LinkedIn, rede social profissional, a Microsoft está disponibilizar mesmo em Portugal dados gerais que ajudam a encontrar as competências ou empresas em que se deve investir. “Damos dados dos últimos três ou quatro meses de quais são as competências mais procuradas, bem como as empresas que mais estão a contratar”, diz.
A responsável deixa ainda elogios ao Governo – que até tem contratado quadros da Microsoft nos últimos tempos – pela sua estratégia digital, nomeadamente a Agenda Digital apresentada em abril e uma secretaria do Estado a pensar na Transformação Digital.
Surface e Xbox: hardware é aposta a espaços
Sobre o reforço de lançamento de hardware na área do gaming ou dos aparelhos móveis, não há novidades. Paula Panarra confirmou apenas que as novas Xbox está em pré-reserva a partir de amanhã em Portugal e o lançamento oficial é a 10 de novembro. Sobre a gama Surface, ainda não é certo que o smartphone com dois ecrãs da marca chegue no futuro próximo a Portugal – foi lançado em setembro nos EUA.