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Vendas de portáteis disparam: “Teletrabalho e telescola vão ficar mas devem ser regulados”

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Líder da Lenovo ibérica admite procura “incrível” pelos portáteis no início da pandemia e que não há volta atrás no teletrabalho e escola remota – o que vai manter vendas de computadores em alta.

Em plena pandemia, a Lenovo admite que tem sido uma das tecnológicas que viu as suas vendas (pelo menos em algumas categorias) subirem de forma “explosiva”, em vez de descerem. A marca chinesa que comprou em 2005 a divisão de computadores da histórica IBM e também detém a Motorola – conhecida pelos smartphones – há muito que é um dos principais fabricantes mundiais de computadores e portáteis.

Numa videoconferência de imprensa a que tivemos acesso, Alberto Ruano, líder da Lenovo Portugal e Espanha – com vasta experiência na área depois de ter estado na Toshiba – admite que a pandemia do novo coronavírus veio trazer uma subida e aumento de importância do mercado de portáteis que já parecia pouco provável.

Ficámos a saber que o mercado de B2B (notebooks ou portáteis), antes do início da pandemia decrescia cerca de 11% face ao mesmo período do ano anterior – “atualmente cresce a um ritmo de 21%”. “De facto, nas últimas duas semanas, o volume de vendas triplicou face ao período homólogo. Já no que diz respeito ao mercado B2C (notebooks), nestas duas últimas semanas, registou-se um aumento de 13% face ao ano em anterior, tanto a nível de volume, como de valor”, disse-nos a empresa.

Alberto Ruano, Lenovo Portugal e Espanha

“Houve um crescimento brutal do negócio online”, com “vendas incríveis nos dispositivos móveis, especialmente nos portáteis”, com Portugal em destaque já que teve “um crescimento em vendas muito mais rápido do que noutros países europeus”. Alberto Ruano admite ainda que o cliente português é mais tecnológico do que o espanhol, o chamado early adopteradoptando nova tecnologia primeiro e estando mais preocupado em ter produtos tecnológicos evoluídos.

Certo é que o período de confinamento obrigatório trouxe novos hábitos. No início do mês de abril uma análise da empresa de estudos de mercado GfK revelava que houve uma subida de 62% na venda de computadores portáteis. Dados do mesmo estudo também revelavam que o teletrabalho e o ensino remoto aumentou as vendas de monitores (+120%), impressoras (+68%), notebooks (+62%) e teclados (+61%) em cinco grandes mercados europeus. E as webcams até apresentaram o maior crescimento de vendas (+297%).

Quanto à posição da Lenovo no mercado de portáteis, a marca compete atualmente a nível europeu bem perto da líder, a HP. A nível mundial é já a líder à frente da rival. Já em Portugal a Lenovo foi quem mais vendeu no país em 2019, com 24,1% da quota de mercado, contra 22,2% da HP e 16,8% da Dell (a Apple fica-se pelos 7% em quarto lugar) – dados da consultora IDC.

“Todos em casa vão precisar do seu próprio computador”

O crescimento acentuado na venda de computadores, para Alberto Ruano, vai-se manter pelo menos até ao final do ano. O motivo? “O teletrabalho e o ensino remoto veio para ficar e não se vai embora com o abrandar da pandemia. Até ao final do ano a sociedade vai ter de se adaptar para que também se possa trabalhar e estudar em casa mesmo sem haver isolamento, num misto entre os dois conceitos”. Ruano diz mesmo que a própria função pública deverá a começar a assumir algo impensável há uns meses, o trabalho flexível com o teletrabalho como modalidade.

Independentemente de isso ser algo bom para a Lenovo, que conta vender mais portáteis e computadores em geral com a nova tendência, o responsável deixa avisos sobre o teletrabalho: “vamos ter de regular o teletrabalho, criando condições melhores para que ele aconteça de forma saudável e produtiva para todos e sem problemas psicológicos – conciliar vida familiar e profissional em teletrabalho não é fácil”.

Já sobre o mercado em particular, as compras de computadores do mercado residencial “vão continuar a crescer”. Isto porque “não são só os pais a precisarem de um portátil para o teletrabalho, cada filho vai precisar do seu próprio computador para o ensino remoto e já não dá para usar o dos pais ocasionalmente”.

Alberto Ruano admite que mesmo aqueles que não conseguiram ter computadores para todos em casa nesta altura, vão procurar ter para o futuro “isso vai levar a que o mercado de consumo cresça”, mas “o mercado profissional também deve crescer com as empresas a apostarem ainda mais em portáteis para os funcionários poderem estar sempre aptos para o teletrabalho – nesta fase houve funcionários a usarem os seus computadores pessoais”.

Já sobre o tipo de computadores, os portáteis para o ensino remoto “não precisam de ser muito avançados”, não só porque os requisitos do ensino não costumam ser tão intensos, mas também porque “não dá para comprar portáteis caros quando todos em casa têm de ter um, não há orçamento”.

Esperar ou avançar já? O responsável aconselha as famílias, se puderem, a não deixar para depois uma possível compra de computador: “quanto mais tarde foi a decisão de compra pior podem ser os prazos de entrega porque a procura é grande e pode não haver stock do aparelhos preferido”. A Lenovo admite que podem haver problemas de produção ou de entrega a nível mundial pela procura elevada, mas explica também que não houve nem deverá haver qualquer aumento de preços dos portáteis, “até porque quanto maior o volume mais baixo o preço” e a Lenovo “espera ter preços ainda mais competitivos”.

Comércio online “vai continuar a crescer”

Nas previsões de Ruano, todo o comércio online vai continuar a crescer até ao final do ano, compensando a queda de vendas no retalho tradicional. “Vimos durante o isolamento mais intenso pessoas que nunca compraram online a experimentar e isso não volta atrás”. Ruano diz mesmo que a forma de se comprar artigos vai mudar para a maioria das pessoas. “O online vai tornar cada vez mais importante a melhor oferta em preço e qualidade de produto, bem mais do que o espaço de exposição”, isto numa altura em que “chega a ser difícil dar resposta a toda a procura que existe

Países como Portugal têm estado atrasados no ecommerce, já que bem menos de 50% do país é que compra online (estimativas de 2019 apontam para apenas 35 a 39% das pessoas, contra a média europeia de 60%) e isso “já será diferente nesta altura com a necessidade criada pela pandemia”.

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