Quem é Yusaku Maezawa, o bilionário com bilhete reservado para ir à Lua?

Maewaza, SpaceX
Yusaku Maezawa, durante um evento da Zozotown. REUTERS/Kim Kyung-Hoon

No início da semana, a SpaceX organizava um evento para anunciar quem seria a primeira pessoa a embarcar numa viagem turística à Lua. Sabia-se que era japonês, mas há muito mais para saber sobre este que é o 18.º homem mais rico do Japão. 

Durante o evento de revelação, vamos assim dizer, Maezawa explicou que queria ir à Lua com uma equipa de artistas, algures em 2023. É esta a data apontada para que a viagem se concretize: a ideia é que as “férias” espaciais durem cerca de uma semana, num foguetão Big Falcon Rocket (BFR) que a SpaceX está a desenvolver, ainda sem data de conclusão. Elon Musk, que é dono da Tesla e também da SpaceX, nunca chegou a especificar quanto é que este foguetão vai custar, mas estima-se que os valores possam rondar os cinco mil milhões de dólares.

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Ao mesmo tempo em que se tornava público que Maewaza seria o primeiro turista a reservar uma viagem com a SpaceX, era apresentado também o projeto #DearMoon, em que o bilionário explicava que queria ir ao espaço, sim, mas acompanhado por uma comitiva de artistas. A ideia é que, viajando acompanhado por um fotógrafo, um cineasta, um músico, designer de moda, um escultor e um escritor, possa ser feita produção artística inspirada numa viagem que não está ao alcance de todos.

Na lógica de Maewaza, que ainda não tem os artistas escolhidos, há mais perguntas do que propriamente respostas. “Se John Lennon pudesse ter visto a curvatura da Terra, que tipo de canções teria escrito?”, pergunta o multimilionário no manifesto do projeto. E faz a mesma pergunta para que tipo de obras teria Picasso pintado de também tivesse oportunidade de fazer uma viagem do género.

Quem é Yusaku Maezawa?

Maezawa nasceu a 22 de novembro de 1975. Quando for à Lua, provavelmente em 2023, já terá completado os 48 anos. É um dos homens mais ricos do Japão e tudo graças ao comércio eletrónico de moda. A arte tem uma forte influência na vida do empresário japonês – e não são só devaneios de quem tem muito dinheiro para gastar.

À semelhança de tantos adolescentes, fundou uma banda na escola, com um grupo de amigos. Em 1993, viria a lançar o seu primeiro registo discográfico. Quando terminou o ensino secundário, não quis ir para a universidade e decidiu embarcar numa viagem até aos Estados Unidos. A viagem foi tão marcante que chegou inclusive a mencioná-la durante a apresentação da SpaceX.

Nos anos 90, passou seis meses nos Estados Unidos, onde começou uma considerável coleção de discos; quando regressou ao Japão, fundou a Start Today e decidiu começar um negócio ligado à indústria da música – justamente à base do envio de CD, vinil, t-shirts de bandas e outro tipo de mercadorias do género, através do correio.

A música continuou a estar presente na vida do empresário japonês, além do mundo empresarial: quando regressou ao Japão, tornou-se baterista numa banda – e chegou até a assinar contrato com a filial japonesa da editora Bertelsmann Music Group.

Mas foi no comércio eletrónico que as coisas corriam melhor; corriam tão bem que Maezawa decide colocar a carreira musical em pausa e dedicar-se apenas  2004, a Start Today lançava o site de comércio de moda Zozotown. A proposta estava bem definida: um site onde fosse possível encontrar todo o género de roupa, desde opções feitas à medida ou roupa barata. Hoje em dia, a Zozotown vende roupa de mais de 6300 marcas e tem até um serviço de venda de roupa à medida.

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Através de um fato chamado ZOZOSuit, que envia aos clientes, a Zozotown recorre depois a uma aplicação de smartphone para introduzir as medidas e fazer fatos pensados para cada pessoa. Este serviço está disponível em mais de 70 países, tendo sido lançado este ano.

A Contemporary Art Foundation

A ligação do empresário japonês ao mundo das artes não se fica por aqui. Maewaza é também o fundador da Contemporary Art Foundation, situada em Tóquio, no Japão. Criada em 2012, tem como objetivo dar apoio a jovens artistas e, esperançosamente, servir de pilar à próxima geração de artistas contemporâneos.

Além de dar apoio às artes, Maewaza é também um conhecido colecionador de arte. Em 2016, comprou uma obra do artista Jean-Michel Basquiat. Sem nome, a peça custou mais de 57 milhões de dólares (cerca de 49 milhões de euros). Depois disso, ainda mostraria outra vez a sua predileção pelo artista americano, ao comprar, em maio de 2017, uma peça de Basquiat por um valor ainda maior: arrecadou-a por 110,5 milhões de dólares (cerca de 94 milhões de euros).

Já se percebeu que o japonês está disposto a investir milhões em arte – e a viagem à Lua parece ser apenas mais um ponto de Maewaza para aumentar o espólio artístico. Resta só saber se a SpaceX conseguirá efetivamente ter algo pronto até 2023…

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