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“I’m CEO, Bitch”. Zuckerberg concentra poderes após duas novas saídas sonantes

Chris Cox e Mark Zuckerberg

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Mark Zuckerberg continua a ver algumas das pessoas mais importantes no Facebook a abandonarem o barco e chama a si mais responsabilidades, numa altura em que, nos EUA, se preparam medidas pela privacidade e que podem dividir a empresa.

É um regresso ao passado. Como se viu no filme A Rede Social (2010), de David Fincher, Mark Zuckerberg foi o rei e senhor do Facebook desde a sua origem. Criado oficialmente em 2004 com rede social para estudantes de Harvard (inicialmente para escolher se um estudante era sexy ou não), até 2007 o site tinha a indicação, no fim, “A Mark Zuckerberg Production” (uma produção de Mark Zuckerberg).

O primeiro CEO millennial (nascido depois dos anos 1980) de uma empresa cotada em bolsa, também ostentava com orgulho nos seus primeiros tempos o cartão “I’m CEO, Bitch”. A empresa ganhou dimensão planetária, comprou empresas como o WhatsApp e Instagram, também elas com dimensão global e, hoje, vive dias de sucesso comercial e crise profunda na desconfiança gerada nos media, utilizadores e políticos.

Certo é que o Facebook tem 2,3 mil milhões de utilizadores ativos e, em conjunto com o WhatsApp e o Instagram, esse número sobe para os 2,7 mil milhões (há vários que têm contas nos três serviços).

Poucos dias depois de Mark Zuckerberg publicar uma nota de intenções, onde diz que a rede social vai, finalmente, focar mais na privacidade e admite que vai avançar, o mais depressa possível, para união dos serviços de mensagens do WhatsApp, Messenger e Instagram, houve mais saídas de topo da empresa.

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Quem sai? Cox, o possível sucessor (e amigo) de Zuckerberg

O nome mais sonante nas saídas é Chris Cox, o diretor de produto do Facebook (CPO) e um dos pais do famoso feed de notícias (que permite ver as atualizações das pessoas e páginas que seguimos). Há 13 anos na empresa, Cox há muito que era apontado como possível sucessor da Zuckerberg e, desde 2018, geria o conjunto de apps Instagram, WhatsApp e Messenger. O anúncio da saída, na quinta-feira, terá provocado grande insatisfação nos funcionários da empresa (ele era o executivo mais próximo deles) e o próprio Zuckerberg lamentou o abandono do amigo num post.

Para tranquilizar os funcionários, Cox escreveu uma nota de despedida, onde deixa uma indireta, já que parece não se rever na nova direção da empresa. Diz Cox: “como o Mark já explicou, vamos virar uma página a nível de produtos”, “este será um grande projeto e precisamos de líderes que se revejam na nova direção”.

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Após fuga de fundadores em 2018, há mais saídas

O ano passado ficou marcado pela saída dos fundadores do Instagram, que ainda geriam a empresa – Kevin Systrom e Mike Krieger -, em desacordo com Zuckerberg. Antes disso, já Jan Koum, um dos criadores do WhatsApp e o seu CEO, abandonou a empresa por não se rever na forma de atuação do Zuckerberg no que à privacidade de dados dos utilizadores diz respeito.

Mas a semana passada, além de Cox, ficou marcada por outra saída. O vice-presidente do WhatsApp, Chris Daniels, também bateu com a porta. Tal como se viu com Cox, Daniels era um dos homens de confiança de Zuckerberg há oito anos e estava há pouco tempo no WhatsApp (tinha entrado para colmatar as saídas de 2018) – antes coordenava o Internet.org, projeto do Facebook para levar internet a países em vias de desenvolvimento.

Facebook quer juntar todos os serviços de mensagens numa plataforma só

Combinar apps para manter WhatsApp e Instagram?

Ben Horowitz, um dos principais investidores do Facebook e cujo parceiro de negócios, Marc Andreessen, está no conselho de administração do Facebook, admitiu recentemente que Zuckerberg está determinado numa direção nova. “Ele está a mostrar que tem a coragem de seguir aquilo em que acredita, mesmo contrariando vozes contrárias de pessoas próximas”. O investidor admite que a estratégia parece ser por maior privacidade e encriptação nas mensagens, mas é preciso esperar para ver sobre como será feito esse caminho.

Durante o evento no Texas, South By Southwest (SXSW), houve várias pessoas de responsabilidade, incluindo senadores candidatos à presidência dos EUA, como Elizabeth Warren, que garantem que o desejo de Zuckerberg de juntar as plataformas de mensagens não é inocente. “Eu sei que ele só está a fazer isto para tornar quase impossível que o obriguemos a vender WhatsApp ou Instagram”, admitia Warren.

A senadora deixou como promessa usar leis de anti-concorrência para separar Amazon (teria de vender, por exemplo, a sua área de cloud AWS), Facebook (teria de ficar sem WhatsApp e Instagram) e Google (onde poderia perder Waze e YouTube, por exemplo).

À medida que o Facebook parece estar a mudar, Zuckerberg volta um pouco às origens, ficando cada vez mais todo poderoso na estrutura da empresa, embora a mediática Sheryl Sandberg – muito criticada, tal como Zuckerberg, durante as polémicas de 2018 – se mantenha como o seu braço direito.

Como impedir o Facebook de persegui-lo para onde quer que vá