A evolução tecnológica revolucionou a forma como tratamos da saúde e da beleza. Tratamentos realizados em consultório saltam para casa das pessoas e prometem os mesmos resultados. Será?
Está um pouco por todo o lado. Se pensar bem, a tecnologia invadiu praticamente todas as áreas da nossa vida. Prova disso é o crescente aparecimento de tratamentos que prometem revolucionar a forma como cuidamos da nossa saúde e beleza. Procedimentos que recorrem à tecnologia para ajudar a melhorar problemas relacionados com gordura localizada, rugas, acne ou queda de cabelo são cada vez mais procurados.
“Temos muita tecnologia baseada na capacidade dos comprimentos de onda da luz para tratar alguns problemas específicos”, começa por dizer Evelina Ruas, médica dermatologista e representante da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV). Tratamentos para combater os sinais do tempo ou problemas de acne, como o Laser CO2 fracionado, por exemplo, fazem que os feixes de luz atinjam seletivamente a água nos tecidos, provocando um aumento de temperatura e consequente destruição das lesões.
Em seguida, há um aumento de produção de colagénio, que devolve à pele elasticidade e maleabilidade. Deste tratamento resulta uma remodelação dos tecidos que melhora as cicatrizes e as rugas finas. “Há um aumento exponencial da procura de tratamentos, não só com laser mas também com substâncias que se injetam na cara, como a toxina botulínica [também conhecida como botox], ou o ácido hialurónico, que têm um efeito muito recompensador como a correção de alguns sinais do tempo”, conta a especialista.
Quando se trata de emagrecer, as opções de tratamento são várias. A lipólise a laser é uma das novidades e vem substituir a lipoaspiração, sendo uma técnica muito menos invasiva. Realiza-se com anestesia local, são feitas incisões milimétricas onde se insere um tubo que contem a fibra laser. Esta luz vai queimar a gordura acumulada. Depois essa gordura é sugada. Sobre as incisões, são colocados apenas curativos, sendo rara a necessidade de pontos.
Mas, se o calor consegue derreter a gordura, também a tecnologia do frio é eficaz. A criolipólise é uma técnica de eliminação de gordura localizada não invasiva através do congelamento das células. Durante o tratamento é colocada uma proteção “anticongelante” nas áreas a tratar para proteger a pele do paciente. Em seguida, com recurso a um aparelho com uma temperatura entre os cinco e os dez graus negativos, inicia-se o processo de congelamento e sucção. O frio vai cristalizar a gordura, destruindo as células adiposas, que serão depois eliminadas pelo sistema imunológico.
A calvície há muito tempo é tratada através de transplantes capilares. Mas a evolução da tecnologia tornou possível recuperar o cabelo natural com recurso a um robô altamente avançado. Chama-se ARTAS 9X Robotic Hair Restoration, com recurso a imagiologia digital avançada e algoritmos inteligentes, promete precisão e rapidez na identificação dos folículos capilares. Através do ARTAS Hair Studio (uma aplicação), o médico especialista faz a simulação do processo e dos resultados. Depois, o robô vai colher seletivamente os folículos capilares, para que a área “dadora” fique com um aspeto natural e transplantá-los para a zona afetada.
Tratar sem sair de casa
Mas a tecnologia já saltou dos consultórios e cada vez mais está ao alcance de todos. Aparelhos portáteis de fácil utilização garantem facilitar as rotinas diárias, tornando mais prático o cuidado da beleza e da saúde. Muito badalada tem sido a máscara de fototerapia Visibly Clear, da Neutrogena.
Um gadget que recorre à tecnologia da luz e que promete melhorar a acne através da utilização diária, durante dez minutos. “Há sempre a ilusão de se conseguir tratar uma doença em casa. Pode ter algumas vantagens, mas muito limitadas. Estes aparelhos podem tornar-se perigosos porque é uma luz e ninguém está a vigiar”, defende Evelina Ruas. A comunidade médica não prescreve estes gadgets nem dá conselhos sobre a sua utilização.
“Há pequenas coisas que podem ter interesse, mas, atenção, ninguém consegue substituir um médico com um algoritmo, um device caseiro ou aplicação de telemóvel”, alerta.
Ainda na tecnologia laser, no que diz respeito à fotodepilação, o gadget para uso doméstico da Philips – o Lumea Prestige – promete uma redução de 92% dos pelos e pode ser usado com ou sem fios. À DN Insider, a médica dermatologista revelou que algumas das suas pacientes, que já fizeram depilação a laser na clínica, utilizam este tipo de aparelhos em casa para manutenção apenas. Mas, segundo a especialista, o trabalho “maior” é realizado em consultório.
Também as rotinas diárias de limpeza da pele foram invadidas pelo toque mágico da tecnologia. Prova disso são dispositivos como a Foreo Luna UFO, a primeira máscara inteligente do mundo. Este aparelho combina a tecnologia de cuidado da pele com máscaras de fórmula coreana e funciona através de calor, frio e pulsações T-Sonic. Esta tecnologia vai permitir a absorção mais eficaz do produto de limpeza na pele. Existem tratamentos específicos para o dia e para a noite. A par do gadget, existe ainda uma aplicação – Foreo for You – que permite ler o código de barras dos produtos e sincronizar o tratamento com o aparelho. No que toca ao controlo da atividade física e nutrição, a oferta é vasta e variada.
Smartwatches que monitorizam a atividade corporal – ritmo cardíaco, pressão arterial, número de quilómetros percorridos por dia, e muito mais. Aplicações para os smartphones que contam calorias, funcionam como diários de refeições, criam planos alimentares ou de exercícios de treino já são bastante populares. A bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, defende que a tecnologia deve ser colocada ao serviço da saúde. “Os nutricionistas não podem olhar para esses gadgets como uma ameaça mas sim como um meio complementar para atingir os objetivos propostos. Por outro lado, o indivíduo que os utiliza não pode pensar que tal dispensa a consulta de um nutricionista, se em causa estiver, por exemplo, uma situação de obesidade”, afirma.
Realidade aumentada
Também a realidade aumentada funciona, atualmente, ao serviço da beleza. A L’Oréal disponibiliza aplicações em que os utilizadores podem fazer um diagnóstico do seu cabelo e, ainda, através da realidade aumentada, experimentar vários cortes e cores de cabelo em tempo real. A aplicação Style My Hair permite não só fazer estas experiências como também promove workshops entre profissionais e utilizadores.
Juntamente com o ModiFace, a L’Oréal lançou também uma experiência de realidade aumentada para a maquilhagem no Facebook. Através de uma conexão direta entre as duas plataformas, o ModiFace e o Facebook conseguem proporcionar às pessoas, um pouco por todo o mundo, experiências de maquilhagem ampliadas de marcas líderes mundiais de beleza.
São também algumas lojas de produtos de maquilhagem que também recorrem à tecnologia de realidade aumentada para proporcionarem aos seus clientes experiências na momento da compra. É o caso dos espelhos do futuro, onde também aí se pode experimentar produtos. Seja na beleza ou na saúde, neste mundo digital a tecnologia deve ser um complemento e deve ser utilizada mediante o apoio de especialistas.
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