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Kris Ostergaard explica que a inovação mudou o mundo empresarial – mas também cria desafios às empresas consolidadas.

O dinamarquês Kris Ostergaard criou a Singularity Nordic para mostrar às organizações como é possível tirar partido da inovação e da tecnologia para avançar no mundo dos negócios. Tem um alvo definido nas palestras que dá, através da rede Singularity, e que o trouxeram a Lisboa através da SingularityU Portugal: as empresas que define como de legado, algumas centenárias.

Kris Ostergaard reconhece que o simples facto de nem sempre se perceber como é que a inovação e a tecnologia podem ser utilizadas é o suficiente para criar incerteza, que não se fica apenas pelo mundo dos negócios. “Se não percebermos como é que usamos a tecnologia da melhor forma possível, também não conseguimos perceber como é que pode ser usada para o mundo que queremos criar. Isso dá-nos incerteza e insegurança, deixa-nos desconfortáveis.”

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Ostergaard reconhece que hoje é possível gerar muito mais valor para os clientes do que há cinco ou dez anos, graças à tecnologia. Mas, se por um lado há quem consiga prosperar, há também quem esteja sob pressão. “As empresas de legado estão em dificuldade e é importante transformarem-se.” Algumas destas empresas “existem há décadas, em alguns casos séculos, vêm de outro paradigma”.

“Foram criadas na época industrial e hoje estamos na época do mundo digital, isso significa que as regras do jogo são diferentes.” O criador da Singularity Nordic consegue reconhecer que não é fácil para este tipo de organizações acompanhar as aceleradas mudanças, especialmente numa época em que modelos de negócio como a Uber ou a Airbnb mudaram as regras do jogo. A tecnologia ajudou na democratização do mundo dos negócios, defende.

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“É mais fácil entrar na área, mas claro que isso significa que a concorrência também aumentou. Hoje é mais fácil criar uma empresa, mas também é mais difícil ser bem-sucedido.”

Ostergaard não tem dúvidas a recomendar estratégias. Uma delas precisa de passar pelo reconhecimento de que a inovação precisa de mudanças de mentalidade. “Há muito apontar de dedo por não haver inovação neste tipo de empresas”, indica, reconhecendo que “quanto mais maduras são as empresas no digital, percebe-se que tem mais que ver com cultura do que com tecnologia”. Em vez de apostar no status quo, as empresas de legado precisam de apostar em colaboradores adaptáveis à mudança.

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“Para se ser bem-sucedido daqui a dez ou vinte anos, é preciso adaptar o núcleo de negócio, ir mudando ao longo dos anos”, explica com casos como a Amazon ou a Google – organizações que considera “campeãs da inovação”. “A Google está na terceira mutação: passou do motor de pesquisa para os anúncios e agora tem a estratégia da Alphabet.”

E deixa o conselho. “As empresas de legado precisam de perceber que não têm a capacidade para fazer tudo sozinhas.” Há quem já esteja a adotar essa estratégia, como a BMW ou a Daimler. “Em muitos casos porque estão a ser construídas grandes infraestruturas, que são muito difíceis e dispendiosas para se construir de forma individual.”

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