Todos os anos, o CES junta milhares em Las Vegas, em busca das tendências que vão marcar o ano tecnológico. 5G, mobilidade e a próxima era de televisores estão na agenda.
É uma das primeiras romarias do mundo tecnológico. Todos os anos, centenas de milhares de pessoas rumam até Las Vegas, nos Estados Unidos, para conhecer as tendências que prometem ditar os próximos passos da indústria. Criado em 1967, o Consumer Electronics Show (CES) reúne debaixo do mesmo teto as grandes marcas da indústria – só no ano passado foram 4500 expositores. Ao longo de quatro dias, são desfilados conceitos ambiciosos, protótipos e muito mais, virados para o mercado de consumo.
O CES já viu nascer várias inovações do mercado, desde o gravador de cassetes nos anos 70 até à televisão conectada, sem esquecer conceitos como a realidade virtual ou a tecnologia para carros autónomos. No ano passado, o evento recebeu mais de 170 mil pessoas, vindas de 160 países.
A edição deste ano promete ficar marcada pela apresentação de novos conceitos focados na próxima geração de mobilidade, que pretende ser elétrica, autónoma e mais diversificada, até com opções aéreas. Com meio mundo atento às potencialidades do 5G, também são aguardadas novidades nesse campo, que tirem partido de novos componentes e equipamentos, que assegurem a compatibilidade com a próxima geração de redes.
Ainda não são conhecidas estimativas para o número de participantes da edição de 2020, mas já há empresas que já começam a levantar a ponta do véu antes do arranque oficial do evento, na terça-feira, 7 de janeiro.
Mobilidade em destaque
A mobilidade é um dos temas quentes do CES, com o futuro a prometer ser elétrico e autónomo. Em 2020, a aposta continua, fortemente impulsionada pelos esforços de várias marcas para atingir patamares cada vez mais avançados na condução livre de humanos. Mas também há quem olhe para o céu, nomeadamente com o conceito de carro voador.
A Hyundai já anunciou que irá mostrar este tipo de conceito, ainda no dia de aquecimento pré-evento. Em linha com outros concorrentes, será um veículo de transporte aéreo pessoal, que a empresa acredita poder desempenhar um papel na mobilidade mais futurista. Além disso, pretende ainda mostrar outros conceitos: um veículo autónomo preparado para o solo e ainda um hub para que os passageiros possam alternar entre os dois modos de transporte. Também a Fiat já mostrou que está preparada para abraçar novos horizontes, com o anúncio de um protótipo com um habitáculo inteiramente digital. As primeiras imagens do Airflow Vision mostram um interior totalmente digital, sem botões físicos à vista.
Ainda no mundo da mobilidade, a Bosch já antecipou as suas novidades para o CES, viradas para a segurança durante a condução autónoma. Neste ano, será revelado primeiro sistema Lidar, de deteção e alcance de luz. Esta tecnologia possibilita a medição de distâncias através de laser, “indispensável” para o alcance dos níveis 3 a 5 da condução autónoma. Nesta escala, o nível 5 é a grande ambição da indústria automóvel, representando a condução totalmente autónoma.
Além do mundo automóvel, está também garantida a presença de empresas como a Segway, preparada para apresentar um protótipo da moto elétrica Apex ou uma futurista cadeira de rodas.
Um mundo de televisores
O Consumer Electronics Show é um evento forte em apresentações de televisores, especialmente no que toca a conceitos fora da caixa. Ao que tudo indica, é uma tradição para ter continuidade: estão prometidos vários televisores 8K, a próxima grande aposta dos fabricantes. Empresas como as sul-coreanas Samsung ou a LG já avançaram que, pelos pavilhões de Las Vegas, vão fazer crescer as linhas de televisores deste género. A LG indicou que serão, ao todo, oito novos modelos desta gama, com inteligência artificial à mistura. Já do lado da Samsung, os rumores do mercado avançam para a revelação de um televisor 8K praticamente sem moldura.
No ano que agora terminou, uma das grandes críticas apontadas à área dos televisores 8K era a falta de conteúdos que conseguissem acompanhar o grande investimento associado a um equipamento deste género. Com a chegada das novas consolas Xbox e PlayStation, no final do ano, uma das previsões da indústria aponta para o possível aumento de conteúdos deste género, que acompanhem já as novas gerações de equipamentos.
Vale também relembrar que 2020 continuará a ser um ano de expansão do mercado de serviços, nomeadamente na área do streaming. Assim, as previsões de alianças e colaborações entre os gigantes da indústria também são expectáveis neste evento.
Domínio da IA e 5G
São temas indiscutíveis do mundo tecnológico. No primeiro caso, é impossível passar ao lado da integração das capacidades da inteligência artificial num conjunto crescente de equipamentos, que vão desde a área dos televisores até aos auscultadores ou os eletrodomésticos conectados. Com vários países e operadores a conseguirem avançar na área da conectividade 5G, sem esquecer o lançamento de vários equipamentos compatíveis com esta rede móvel, o CES funcionará como uma oportunidade para novos pontos de situação sobre a próxima geração de redes móveis.
A luta pela smart home
São várias as empresas preparadas para tornar a casa do consumidor mais inteligente e conectada. Nos últimos anos, tornaram-se conhecidas apostas que, graças à compatibilidade com as assistentes digitais – a Alexa, Siri ou a Assistente da Google -, permitem aumentar exponencialmente o número de funcionalidades. Uma das grandes ambições das marcas tecnológicas está ligada à criação de ecossistemas de produtos, que funcionem de forma integrada. Mas, se por um lado o fenómeno das casas conectadas facilita a vida do consumidor, também é acompanhado por um número crescente de ataques informáticos. Afinal, se algo pode ser ligado à internet, também pode ser atacado. Por isso, também é expectável que as marcas viradas para esta área da smart home aproveitem o palco para “descansar” os utilizadores. Afinal, os desenvolvimentos dos últimos anos têm mostrado que a confiança pode muito bem estar assente em áreas como a segurança e a privacidade.
O regresso da Apple
O ano de 2020 marca o regresso da Apple ao CES, ainda que em moldes muito específicos. A última vez em que a marca da maçã esteve presente no CES foi em 1992, na altura da estreia do gadget Newton.
O regresso não será marcado pela apresentação de novos produtos, isso é certo. Afinal, ao longo dos anos a Apple desenvolveu o seu próprio calendário para lançamentos de produtos, com setembro como mês principal. A tecnológica não marcará sequer presença na área da exposição, mas tem tempo de antena nos painéis do evento. O regresso ao CES será pautado pelo foco na privacidade – Jane Orvath representará a Apple, durante uma mesa-redonda com outros gigantes da indústria.
A presença (ainda que discreta) da gigante norte-americana no CES de 2020 poderá representar um indicador de alguma abertura por parte da tecnológica.
Conceitos peculiares
É normal que as marcas revelem algumas surpresas ainda antes do arranque oficial – sendo o CES palco de vários conceitos ou parcerias surpreendentes. Um dos exemplos? A associação da Damon Motorcycles à área de desenvolvimento de software da Blackberry, para o lançamento de uma moto elétrica.