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“Faltam 15 a 20 mil engenheiros em Portugal”. Técnico aposta no data science

(Leonardo Negrão/Global Imagens)

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O Instituto Superior Técnico lança em setembro novos cursos rápidos sobre data science para executivos e um novo mestrado. O motivo? “Dar resposta à procura enorme em inteligência artificial que temos tido”, diz-nos o presidente do Técnico, Arlindo Oliveira, que admite faltarem 15 a 20 mil engenheiros em Portugal.

Na era digital há cada vez mais necessidades não só de formar engenheiros, mas também de dar princípios nos temas de inteligência artificial, programação, software e engenharia a cada vez mais pessoas. “Vivemos numa altura em que ter conhecimento nestas áreas das TIC é importante para qualquer profissional e há mesmo uma grande falta de recursos humanos nas engenharias e a pressão para obter pelas empresas é enorme”. Quem o diz é Arlindo Oliveira, presidente do Instituto Superior Técnico.

Uma das universidades mais importantes do país, que indica ser “a maior escola de engenharia, arquitetura, ciência e tecnologia em Portugal” e com reputação internacional, criou para dar resposta a essas solicitações cada vez mais frequentes das empresas uma nova divisão já em 2018.

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Chama-se ou Técnico+ (tecnicomais.pt) e permitiu trabalhar de forma mais integrada e organizada algo que o instituto já faz há alguns anos: cursos de podem ir de alguns meses até um ano para reconversão de pessoas para as áreas tecnológicas. “São cursos que as empresas podem comprar, para 30 a 40 pessoas de cada vez, de forma a dar competências significativas que podem depois ajudar as empresas em certos projetos”, explica Arlindo Oliveira, que admite que nos últimos anos os pedidos das empresas têm sido constantes. Mesmo não tornando um funcionário num engenheiro, os cursos podem dar “uma ajuda preciosa” e incluem já uma oferta ampla mais focada em engenharia informática, engenharia mecanica, civil e aeroespacial.

“Os cursos estão limitados a pessoas com formação superior em áreas de formação quantitativas, que podem ser em ciências, economia ou matemática”, avança o presidente do Técnico, que admite que o curso que tem suscitado mais interesse é o de engenharia de software e sistemas de informação empresariais, ou SISE (Software and Information Systems Enginerring). O técnico tem tido dezenas de clientes empresariais, “mas a Deloitte tem sido dos melhores clientes”.

A divisão que conta já com 100 professores envolvidos nos diversos cursos (alguns são contratações externas ao corpo docente da instituição) e “permite financiar a própria universidade”.

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Os novos cursos de inteligência artificial

No verão do ano passado, numa reportagem que fizemos à Farfetch, Cipriano Sousa, CTO da empresa que tem a maioria dos seus mais de dois mil engenheiros em Portugal, explicava que a área de data science do unicórnio luso-britânico estava em Londres (30 a 40 pessoas). O motivo? Pela falta de cursos e profissionais experientes em Portugal nessa área de ciência dos dados que é usada “em quase tudo”, do call center, aos algoritmos de sugestões de roupa, passando pela otimização da distribuição.

Nesse contexto, o Técnico tenta dar resposta à cada vez maior necessidade de conhecimentos em inteligência artificial, mais concretamente nesta área de data science. Arlindo Oliveira diz-nos que será já em setembro que vão abrir cursos breves para executivos, para aprenderem algumas bases sobre a área, podendo optar na versão de um dia ou de quatro dias (os preços ainda não estão disponíveis).

Associado a essa tendência, será lançado um novo mestrado em data science, engenharia e ciência de dados. “Há uma grande procura e estamos a responder com estas iniciativas”.

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“Faltam 15 a 20 mil engenheiros em Portugal”

Certo é que a empregabilidade de alunos do Técnico, embora sempre fosse de bom nível, nunca teve tanta procura. “Neste momento se alguém quiser contratar um graduado do Técnico, que termina por completo o curso entre outubro e dezembro, tem de começar logo entre janeiro e março a tentar, se deixar para mais perto do fim do curso já não se consegue”.

Arlindo Oliveira admite que os alunos do Técnico que estão a terminar o curso, se não for antes, recebem propostas concretas em abril ou maio em alguns eventos promovidos pela instituição. “Estamos numa área onde há 15 a 20 mil posições por preencher e, depois, têm elevada rotatividade porque estão sempre a surgir ofertas melhores”. Para o presidente do Técnico essas mudanças constantes de emprego trazem um lado negativo, já que “tornam os processos mais ineficientes e trava alguma evolução de pessoas e empresas”. O responsável explica que as empresas muitas vezes “investem na formação de um funcionário e depressa o vêm ‘fugir’ pouco depois para empresas que pagam mais e têm outra dimensão”.

Arlindo Oliveira admite ainda que não conseguem abrir mais vagas para alunos e contratar mais professores, como queriam, pela “falta de financiamento que existe em Portugal no ensino superior”. Ainda assim, têm contratado cerca de 20 pessoas novas por ano, “mas não chega”.

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