Daniela Braga construiu empresa desejada pelos gigantes tecnológicos que ensina os robôs a falar, pensar e ver. Cresce 600% ao ano e reúne em breve mais 50 milhões de investimento.
A DefinedCrowd “está bem e recomenda-se”. Quem o diz é a própria CEO, fundadora e mentora da startup portuguesa, Daniela Braga. A gestora de 41 anos que estudou línguas e engenharia, deu aulas, fez investigação e brilhou na Microsoft tem confiança na tecnologia que estão a desenvolver e coloca objetivos ambiciosos para o futuro.
Será que vão chegar em breve ao estatuto de ‘unicórnio’ – com valor de mercado de mil milhões de dólares? A pergunta que lhe fizemos no novo escritório em Benfica, que está em obras para crescer e albergar os novos funcionários, teve resposta imediata: “Em dois anos estamos lá. E não é com financiamento, como muitos fazem, é mesmo com receitas”. Com crescimento de “600% ao ano” – o ano passado até cresceram 10 vezes mais do que no ano anterior – e com 126 funcionários divididos entre Seattle (onde Daniela reside, pela proximidade com os gigantes tecnológicos com que trabalha), Lisboa, Porto e Tóquio, este ano querem contratar mais 100 pessoas.
Leia a entrevista de vida que fizemos com Daniela Braga em abril: A portuguesa que cativa Amazon, Google e companhia. O incrível percurso de Daniela Braga
Até ao final do ano segue-se nova ronda de investimento de 40 a 50 milhões de dólares, depois de 11,8 milhões reunidos a meio do ano passado e 1,2 milhões conseguidos no início da empresa, há quatro anos. “Queremos chegar a unicórnio com resultados e clientes satisfeitos e, como dizia o Jeff Bezos há duas semanas em Las Vegas, onde estive, o que se deve fazer é delight ou maravilhar o cliente, não é satisfazer, é maravilhar, e é o que nós andamos aqui a fazer”.
Daniela Braga admitia-nos há uns meses que os próximos passos podem bem passar por serem comprados por um dos muitos gigantes tecnológicos que já servem, onde estão as empresas do ranking de 500 da Fortune. Isso ou um IPO (oferta pública inicial), já que: “falhanço não está no meu dicionário”. Microsoft, Google, Amazon, Sony, IBM, Mastercard, são apenas alguns dos clientes. Mas há muito que não pode descortinar, por acordos de confidencialidade.
E o que faz a DefinedCrowd?
“Estamos a ajudar à forma como o ser humano comunica com as máquinas. Como empresa de dados para inteligência artificial (IA), para treinarmos modelos de machine learning, esta é uma área muito ampla e nós estamos focados na área de IA para comunicação homem-máquina”. O entusiasmo desta portuense especialista em Línguas e Literaturas Modernas e em engenharia é uma constante, ou tivesse construído tecnologia que alimenta os gigantes tecnológicos.
Numa explicação mais simples, Daniela fala no que a empresa permite: “A uma criança, acho que podemos dizer que com cara sem cara, com corpo ou sem corpo, ensinamos os rôbos a falar, pensar e a ver. Isto porque temos aqui a componente de linguagem natural, voz e texto, e a componente de visão – também desenvolvemos o lado de visão computacional”.
O produto não tem mudado muito, é mais a escala “e a tecnologia fica mais eficiente com o crescer dos tentáculos”. Além do lado corporativo, onde têm dois produtos que envolvem aglomeração e treino de dados, têm “o lado do consumidor, com a crowd, ou seja, as pessoas que ajudam a melhorar e a treinar a perceção das máquinas” Aí lançaram uma nova app móvel. “O plano era sempre este, só que o crescimento é que é diferente. O ano passado tínhamos quatro programadores nisto, agora temos para aí 30. E mesmo assim estamos sempre aquém do que o mercado nos pede”.
Pode ouvir de seguida a entrevista em formato áudio: