Aos 40 anos, Lisa Brennan-Jobs fala da difícil relação com o pai que demorou a reconhecê-la como filha, num livro emotivo chamado “Small Fry”.
Nasceu em maio de 1978 e foram os seus pais – a artista a Chrisann Brennan – que escolheram o seu nome. Mas Lisa Brennan-Jobs teve uma infância difícil, já que o seu cada vez mais mediático pai acabou por não a reconhecer como filha e recusar pagar apoio familiar nos primeiros anos.
No seu novo livro de memórias, chamado Small Fry (termo pouco simpático para alguém que quer estar onde não deve ou se está a armar no que não devia), Lisa fala nos problemas que o pai lhe criou no início da vida e nas tentativas de recuperar o tempo perdido que se seguiram.
O livro é lançado no início de setembro (já está à venda na Amazon), mas Lisa já publicou um capítulo na revista Vanity Fair – disponível aqui -, onde aborda incidentes emotivos. É a primeira vez que Lisa, que é escritora e jornalista, escreveu desta forma sobre o pai, que morreu em 2011, aos 56 anos, de cancro.
O capítulo agora divulgado, começa com algumas memórias dos últimos dias de Jobs, que era acompanhado por um monge budista brasileiro (Jobs era budista) chamado Segyu Rinpoche, que chegou a aconselhar que Lisa tocasse nos pés do seu pai. A filha explica as visitas ao pai doente todos os fins de semana e na relação com a madrasta, Laurene Powell e os seus três meios irmãos.
Lisa fala depois de algumas memórias mais difíceis. Nascida em 1978, o pai foi obrigado (após um teste de paternidade) pelo tribunal a pagar apoio à filha em 1980, uns dias antes da Apple entrar em bolsa e de Jobs tornar-se milionário. A filha recorda ainda os tempos em que achava que o pai trocava o seu Porsche cada vez que tinha um arranhão e lembra-se de lhe pedir um quando já não precisasse.
“Não vais receber nada”, diz ela sobre a resposta dele: “Percebes? Nada, não vai receber nada”. Lisa acrescenta que o pai “não foi generoso em dinheiro, comida ou palavras” nesses primeiros anos. O excerto mostra como Lisa tinha uma relação estranha com o Jobs durante a infância e queria simplesmente estar ao pé dele.
“A minha existência arruinava a sua maré de glória, para mim era o oposto, quando mais próxima estava dele, menos me sentia envergonhada. Ele era parte do mundo e iria-me ajudar a chegar a bom porto”.
Lisa fala ainda o computador Apple Lisa, da década de 1980, um percursor falhado do Macintosh. Quando lhe perguntou a certa altura se o nome era inspirado nela, ele respondeu com um “não, desculpa miúda”. Mas como sinal na mudança do seu relacionamento, Lisa recorda um episódio em que Jobs a convidou numa férias com a família toda e a levou a ver um amigo seu, Bono Vox, vocalista dos U2.
Bono repetiu a mesma pergunta sobre o computador Apple Lisa e Steve Jobs confirmou à frente da família que a inspiração veio mesmo do nome da sua primeira filha.