No início deste ano letivo, o ISCTE vai ter uma pós-graduação em programação, que pisca o olho aos licenciados de outras áreas. Maria de Lurdes Rodrigues, reitora da instituição de ensino, garante que não é possível deixar o desafio da transformação digital “entregue apenas aos informáticos”.
“Não queremos deixar este desafio entregue apenas a engenheiros informáticos – nem podemos. Não é possível que a transformação digital ocorra apenas com informáticos, é necessária a participação de outros profissionais, com outros saberes”, explica à Insider Maria de Lurdes Rodrigues, reitora do ISCTE. “A ideia é oferecer aos nossos licenciados, que podem terminar como economistas, psicólogos, sociólogos, gestores, a oportunidade de adquirir competências em programação e, no fundo, participar de outra forma na transformação digital”, destaca.
A reitora também não esquece a presença do mercado de trabalho. “É a possibilidade de adquirir competências para enfrentar o mercado de trabalho, com outras condições, criando uma oportunidade real para ter outro papel neste que é o grande desafio das próximas décadas”.
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Atualmente, a instituição de ensino superior tem na sua oferta várias licenciaturas e mestrados ligados ao mundo da informática, mas esta nova pós-graduação tem um público-alvo definido: os licenciados de outras áreas de estudo. Maria de Lurdes Rodrigues sublinha que a transformação digital precisa de várias visões e saberes. “Mas, para isso, é necessário ter a oportunidade para aprender a linguagem”.
É aí que entra a parceria com a Academia de Código, que resultou numa pós-graduação que vai ensinar a programar, em 14 semanas. A duração da Code for All_ISCTE é semelhante à dos bootcamps que a Academia tem lançado em vários pontos do país, mas esta formação garante também 30 ESCT, o sistema de créditos europeu usado no ensino superior. Assim, poderá funcionar como uma porta de entrada para outros momentos de formação, indicam os responsáveis pela pós-graduação.
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A reitora do ISCTE indica que a escolha da Academia de Código para o lançamento desta pós-graduação está ligada às provas que a startup portuguesa tem vindo a dar. “É uma empresa que se afirma neste espaço como uma instituição que é capaz de aceitar este desafio – que não é fácil”, reconhece a reitora do ISCTE. “Têm uma metodologia interessante, não procuram candidatos com conhecimentos, procuram candidatos com capacidades. E é esse despiste das capacidades que se torna muito interessante, porque fazem uma seleção rigorosa e exigente”, destaca. Além disso, João Magalhães, CEO da Academia, já conhece os cantos à casa da instituição de ensino, já que também estudou no ISCTE.
As aulas vão arrancar a 9 de setembro, com uma turma de 25 alunos, que vai aprender a programar em aulas das 9 às 18h. Os custos da pós-graduação situam-se nos 7500 euros para quem tenha ligação ao ISCTE ou 8 mil euros para os licenciados de outras instituições de ensino.
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Neste momento, com as vagas já preenchidas, Maria de Lurdes Rodrigues indica que, em dezembro, quando terminar a primeira edição desta pós-graduação, será tempo de fazer o balanço do projeto. “Fazemos esta primeira edição e, em dezembro, estaremos em condições de planear de novo, de ajustar a estratégia de desenvolvimento que definimos. O nosso objetivo é ter três cursos destes por ano”, indica.
Também este ano letivo, o ISCTE vai estrear uma nova licenciatura, com o intuito de atacar o desafio da transformação digital. “Criámos também uma licenciatura, que arranca este ano, em ciência de dados, licenciatura que vai ser a primeira no país”, indica a reitora do estabelecimento de ensino superior. Também este ano letivo, todos os alunos de licenciatura vão ter acesso a uma nova unidade curricular: “é uma unidade curricular em ciência de dados que, no fundo, combina a análise de dados, estatística e a programação, que vai ser oferecida a todos os alunos de todos os cursos de licenciatura”.
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