No Oracle OpenWorld, a empresa quis mostrar à Europa que cartas tem na manga para navegar a onda da transformação digital, assente na tecnologia de computação na cloud.
O que têm em comum a vida das abelhas e uma empresa que cria humanos virtuais? À primeira vista, muito pouco – tirando a parte de recorrerem a tecnologia da americana Oracle. Ao longo de dois dias, no evento OpenWorld, em Londres, a tecnológica quis mostrar ao mercado europeu que papel quer desempenhar no tema da transformação digital, seja através de novas soluções dedicadas ao mercado empresarial ou mostrando como está a integrar-se em projetos de inovação.
Ao longo das várias intervenções, a tecnológica desfilou casos de estudo e experiências de parceiros, olhares sobre o futuro do setor e até fez “nascer” colmeias no palco, com recurso a técnicas de realidade aumentada. Mas, acima de tudo, quis mostrar com que linhas é que pretende continuar a coser no competitivo panorama da computação em cloud e serviços: atenção redobrada à segurança, mais opções para dados e até uma interoperabilidade com outros fornecedores, como a Microsoft.
“A verdadeira transformação não acaba”, recordou Safra Catz, CEO da Oracle, destacando a necessidade de evolução assente na tecnologia, mas sem esquecer a aposta na educação. Ao comando da Oracle desde 1999, Catz recordou que foi nesse ano que começou a transformação da empresa – um trabalho que nunca estará concluído, avisou.
Para a líder da Oracle, uma das mulheres mais influentes do panorama tecnológico americano, não basta apenas desenvolver tecnologia “que consiga uma performance rápida ou que seja escalável, temos de desenvolver tecnologia que seja segura. Não faz sentido desenvolver tecnologia que não é segura para ser integrada em sistemas”, explicou, referindo que “há quem nos chame paranoicos, mas eu tenho chamo-nos sérios quanto à segurança. É preciso sermos sérios”.
Para a responsável da Oracle, os avanços da tecnologia – incluindo a automação – devem não só ser uma alavanca de negócio mas também uma forma para gerir melhor os recursos. “É preciso alocar os recursos àquilo em que são bons – não estar a perder tempo em coisas como patches de segurança”, quando a tecnologia já pode ajudar nessa área.
As referências à segurança foram frequentes. Durante uma conversa com a imprensa europeia, Andrew Sutherland, senior vice-president para sistemas e tecnologia, mencionou que “é preciso ter uma arquitetura especial” para garantir a segurança dos dados dos clientes. “Tem de ser levada a sério, não é possível ter os dados da Coreia do Norte a correr perto dos dados do Banco de Inglaterra”, ironizou.
Interconnect em destaque
Ao longo dos últimos anos, o mercado tem assistido a algumas parcerias mais ou menos surpreendentes – algumas vezes entre rivais. Em junho do ano passado, foi a vez da Oracle, com o anúncio de uma parceria com a Microsoft, dona da plataforma Azure, numa associação que recebeu o nome de Interconnect.
Alguns meses depois, a parceria prepara-se para ser reforçada, com o anúncio de uma nova região de Interconnect, que irá ocupar um espaço em Amesterdão, na Holanda. Fora da Europa, estão também prometidas novas regiões Interconnect, na zona oeste dos Estados Unidos e ainda uma terceira na Ásia.
O evento poderia estar a cargo da Oracle, mas houve espaço para apresentações dedicadas à Microsoft, com o intuito de abordar o tema da interoperabilidade. “Os clientes têm vários serviços de cloud, funcionam num ambiente multicloud. A parceria Interconnect mostra que estamos a ouvir o cliente”, explicaram os responsáveis da Oracle. Já do lado da Microsoft, a parceria é justificada com a partilha de clientes entre as duas organizações.
“Muitos dos nossos clientes são também clientes da Oracle, o que justifica o sentido desta parceria”, diz Nick Wallace, responsável pelas soluções Azure.
A jornalista viajou para Londres a convite da Oracle.