É palco de comunicação privilegiado de políticos, autoridades oficiais e celebridades, mas também pode ser uma espécie de remédio de informação social na era do Covid-19
(desde que consumido com moderação e seguindo fontes credíveis).
Já foi peça fundamental para combater regimes totalitários – Primavera Árabe, entre outros -, mas é também um meio de comunicação para líderes políticos, dos mais autoritários aos mais democráticos. Donald Trump, o atual presidente dos Estados Unidos, faz do Twitter a sua principal forma de comunicação externa, mas muitas vezes interna também.
Nesta era em que vivemos, onde milhões de pessoas em todo o planeta – para já, mais centrados na Ásia, Europa e EUA – estão isolados em casa e dezenas de países estão em estado de alerta por causa da pandemia SARS-CoV-2 (Covid-19), o Twitter ganha uma importância capital. É um dos locais privilegiados que as entidades oficiais dos diversos países usam para transmitir informação atual em tempo real. É também uma fonte de informação por excelência dos jornalistas e, claro, onde o cidadão mais interessado pode ter mais dados atualizados sobre a situação que vivemos.
Como em tudo nas redes sociais, a fonte de quem transmite a informação é crucial. Daí que Twitter e Facebook (tal como Google e LinkedIn, entre outros), assinaram um comunicado conjunto esta semana para colocar bem visível nas suas páginas links para as entidades oficiais de saúde, tentando assim evitar a desinformação que circula de forma tão rápida nas redes sociais.
Por lá é possível encontrar personalidades como Fátima Lopes, Cristina Ferreira ou João Manzarra em vídeos onde apelam que todos tomem medidas de segurança para evitar a propagação do Covid-19: “Seja um agente de Saúde Pública”.
Há dezenas de atualizações diárias não só com conselhos para se manter em segurança em casa, como cartazes que pode imprimir e por no seu prédio e, claro, ligações para ministérios como o da Saúde, Finanças ou Administração Interna, quando há um novo tema que deve acompanhar. No Twitter, através destas contas oficiais inclusive da conta oficial da República Portuguesa é possível ver inclusive em direto as conferências de imprensa do governo ou da Direção-Geral de Saúde sobre o tema.
A nível internacional também é possível ter noção do que se passa noutros países, seja pelas autoridades de saúde deles ou pela Organização Mundial de Saúde, que dá conselhos e informações úteis ao minuto. E há médicos e académicos que partilham informação útil, mas neste caso deve sempre usar o bom senso para verificar se são quem dizem ser: ou estão verificados pelo Twitter ou têm um historial antigo (ou referências de entidades oficiais) que lhe permita confiar.
Trump e a desinformação. Bloquear ou permitir?
Barack Obama até terá sido dos primeiros políticos a potenciar o uso de forma ampla o uso do Twitter, mas o atual POTUS (President Of The United States), Trump, não só usou o Twitter como arma política nas eleições contra adversários, como tem usado a sua conta na rede social como meio de despedir pessoas do executivo ou notificar instituições norte-americanas dos seus planos. Nesse aspeto difere da maioria dos políticos europeus, que raramente dá opiniões no Twitter, usando a rede social de forma mais institucional e menos pessoal.
Esse uso intempestivo do Twitter por Trump aconteceu, por exemplo, a propósito do ataque a um dos líderes do Irão no início deste ano. “Estes posts no Twitter servem como notificação ao Congresso dos EUA que, se o Irão atacar algum americano, vamos responder de forma desproporcional”, dizia Trump, mesmo que os tweets não constituam oficialmente a tal notificação necessária.
Agora, já na era dos efeitos profundos do novo coronavírus no Ocidente, Trump tem sido acusado de dar informação errada no Twitter, primeiro desvalorizando o tema, depois com conselhos desadequados e o assunto da desinformação prestada por um chefe de governo poder ser penalizada pela Twitter voltou à baila. Mesmo que a política do Twitter penalize contas que espalham a desinformação, o CEO da rede social Jack Dorsey (ele próprio atualmente com dificuldades para manter o cargo) já admitiu ser difícil isso acontecer.
E já esta semana que passou, Donald Trump criou novos problemas institucionais com as autoridades chinesas, que não gostaram que o presidente dos EUA insistisse em chamar ao novo coronavírus o “Vírus chinês”, tanto no Twitter, como nos discursos.
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil é outro adepto da comunicação prioritária e imediata ser feita pelo Twitter (foi lá que anunciou que o seu teste ao Covid-19 deu negativo), mas o mesmo acontece com o papa da Igreja Católica, que tem conta na rede social desde 2012 mas num uso totalmente institucional (não é escrito pela próprio).
Depois, claro, há um sem número de celebridades – foi lá que Tom Hanks anunciou ao mundo que ele e a mulher têm Covid-19 – a usar o Twitter (agora o Instagram ganha maior tração) para interagir com os fãs. Nesta altura eles são uma boa forma de convencer as populações a ficarem em casa e cumprirem as recomendações oficiais e a mostrarem como estamos todos no mesmo barco e com problemas semelhantes – o Instagram ganha nesse domínio de partilha pessoal.
Embora vença as outras redes sociais na exposição (tem mais utilizadores – tem 2,3 mil milhões, contra mil milhões no Instagram e 336 milhões no Twitter), o Facebook mas parece perder na interação entre personalidades e os seus seguidores.
Celebridades à beira de um ataque de Twitter
O caso mais mediático de uma celebridade que se colocou em apuros nos últimos anos devido ao Twitter foi Kevin Hart. Existem dois tipos de crises para celebridades na rede social que raramente ‘esquece’: o que é dito na atualidade e alguns acham inapropriado e o que foi dito há vários anos e é agora recuperado novamente – repetindo uma crise antiga como se fosse atual.
Foi esta última que aconteceu com Kevin Hart. O comediante anunciou ao mundo que ia apresentar a edição de 2019, mas dias depois surgiram críticas por comentários homofóbicos feitos no Twitter por Hart em 2010. O ator, que já tinha pedido desculpa na altura por esses mesmos comentários, não quis estar a repetir desculpas antigas e desistiu de apresentar a cerimónia.
Já Kevin Spacey expandiu uma crise com um tweet, em 2017, que respondia a uma acusação de um ator por avanços sexuais impróprios de Spacey nos anos 1980. O ator de House of Cards pediu desculpa, mas aproveitou para anunciar ao mundo que era gay. As críticas foram de tal ordem que Spacey deixou de publicar no Twitter – as excepções têm sido vídeos irónicos publicados na véspera de todos os Natais desde então.
Nos EUA há mesmo empresas dedicadas a encontrar frases mais comprometedoras ditas nas redes sociais (principalmente no Twitter) que possam comprometer jornalistas ou pessoas indesejadas, a maioria com fins políticos.
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Existem inúmeros casos de crises mediáticas via Twitter (isto já para não falar nas pessoas que perdem oportunidades de emprego ou saem mesmo despedidos por aquilo que dizem ou disseram nessa ou noutras redes sociais).
O futebol não é excepção com vários jogadores a serem inclusivamente castigados (especialmente na Liga inglesa) por posts considerados ofensivos. Mesmo os pedidos de desculpa ou aqueles posts que minutos depois são apagados não costumam evitar consequências mediáticas complicadas. No entanto, há celebridades polémicas, como Kanye West, que escolhem ignorar as crises mediáticas em que se envolvem e mantém o seu registo.
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