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Fino, inovador e… dobrável. Primeiras impressões do Huawei Mate X

Huawei Mate X

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Tivemos oportunidade de, após a apresentação, ter nas mãos alguns minutos o primeiro smartphone com ecrã dobrável (e 5G) da Huawei. Ficámos surpreendidos pela engenharia e pelo funcionamento do modelo, mas há questões por responder e um preço proibitivo para a maioria (veja os vídeos que gravámos).

Os ecrãs dobráveis estão aí. Quer dizer, já estão apresentados com versões de produto final, com datas para chegar e preços… bem avultados. Os primeiros a experienciar os ecrãs dobráveis vão também ter de pagar bons euros por isso. A Samsung apresentou a meio da semana o Fold, usando o formato de um livro que se fecha – a parte das letras, ou neste caso do ecrã, fica para dentro. Do lado de fora fica um bem pequeno ecrã para o que der e vier. A Huawei lançou este domingo, em Barcelona, o Mate X. O seu primeiro smartphone dobrável tem ainda um extra, também terá 5G, ao contrário do Fold. Enquanto o Fold chega no final de abril – princípio de maio à Europa e sem data prevista para Portugal – por dois mil euros, o Mate X chega em junho ou julho (depende dos operadores, diz a Huawei) e custa impressionantes 2.299 euros. Tudo valores fora do normal para este tipo de aparelhos.

 

Como funciona?

O Mate X é um livro aberto ao contrário, com o ecrã no seu formato maior (ao estilo quadrado) a ficar para o lado de fora do telefone, ao ponto da dobra para fora também ser ecrã, com um dos lados mais curto para albergar as três câmaras que também são selfie. No total temos oito polegadas de ecrã em modo aberto (o Fold da Samung tem 7,2”) e 6,6 polegadas de ecrã tátil no modo fechado (o Fold tem só 4,6”). Confuso? O melhor é ver o nosso vídeo de como funciona.

Huawei Mate X

Como é a parte dobrável?

Ficámos surpreendido por parecer resistente quando baste (vai ajudar ter uma capa associada, quando for para por no bolso). A Huawei usa um sistema de botão físico para podermos abrir o smartphone para ver o ecrã completo e há um pequeno “click” quando fica totalmente aberto. A sensação do ecrã é igual a qualquer outro smartphone, não notámos diferença de maior, embora o vidro, que aparentemente tem várias camadas, parece menos rígido e grosso do que outros modelos atuais, como um iPhone X ou o Huawei Mate 20 Pro. Ou seja, nota-se que é um pouco diferente do habitual.

O Mate X, apesar de tudo, pareceu-nos resistente, mesmo na zona da dobra do ecrã, que fica para fora. Richard Yu, CEO da área de bens de consumo da Huawei, garantia-nos em conferência que o Mate X tem capacidade para dobrar 100 mil vezes sem se deteriorar (dá para mais de 60 aberturas de ecrã por dia durante quatro anos). O que nos surpreendeu pela positiva foi o quão leve o aparelho é – parece mais leve do que, por exemplo, o iPhone Xs Plus – e o quão fino, mesmo no modo fechado, o Mate X consegue ser.

A Huawei usa aqui engenharia de topo para conseguir um modelo tão convincente e o facto de haver uma maior saliência na zona das câmaras que torna um dos lados do ecrã mais pequeno, não é incomodativo e mantém alguma sensação de equilíbrio e design no modelo. Gostámos ainda da bela dobradiça onde o ecrã dobra, que não deixa espaço aberto relevante quando o aparelho dobra – o Fold da Samsung deixa algum espaço.

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O ecrã maior é mesmo mais útil?

Poder abrir um smartphone e duplicar a área de ecrã é, sem dúvida, um mecanismo útil em algumas circunstâncias. É ter um tabletsempre à mão de semear e sem o inconveniente de o ter de transportar. Richard Yu, o CEO da Huawei, estava eufórico e garantia-nos na pequena conferência a que tivemos acesso depois do evento, que este é o futuro dos smartphones. Só se lamentava que não conseguiam ainda ter um preço aceitável para a maioria das pessoas, mas ainda assim acredita que vai vender um milhão de Mate X já este ano.

O que nós achamos, tanto vendo ao longe o Samsung Fold e, agora, tendo o Mate X nas mãos, é que este pode ser o futuro de uma gama muito relevante de smartphones, mas ainda não é o presente. Richard Yu admite que podem haver outros modelos dobráveis, com outras soluções, em breve. Até agora, o que vimos, é entusiasmante por perceber que se estão a tentar coisas novas, mas parece ainda pouco prático e acessível para agradar à maioria.

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Ecrã quadrado deixa outras questões por responder

A vantagem é que usa por quase por completo o espaço disponível para o ecrã e não há notchnem o chamado punch hole (buraco no ecrã para uma câmara), a desvantagem é que se quisermos fazer videoconferência temos de usar o modo fechado do Mate X com o ecrã de 6,6 polegadas, porque não há câmara selfie quando o modelo está aberto e com o ecrã completo exposto. As oito polegadas fazem do ecrã maior um tablet quadrado. Se nos pareceu que as apps integram-se facilmente neste modo, já a visualização de vídeos parece perder alguma coisa por ser um quadrado. Tentámos ver vídeos no YouTube e este modo tablet deixa sempre um espaço em branco por baixo. Ou seja, para vídeos não se aproveita assim tão bem o ecrã enorme, porque não há propriamente vídeos quadrados – a Huawei pode ainda criar soluções para isto.

Com o smartphone dobrado, há mais dois ecrãs possíveis, o mais pequeno, com as câmaras ao lado (aí temos os já típicos sensores para zoom ótico de 3x, a grande angular e o modo normal) e o ecrã maior com estilo típico de smartphone atual e as tais 6,6 polegadas. Aí, funciona aquele que viramos para nós (não vimos os dois funcionarem ao mesmo tempo). Curiosamente, quando abrimos ligeiramente o smartphone e fazemos uma espécie de V invertido para que ele se aguente em pé (o que é um efeito curioso e útil), o sistema ativa logo o ecrã por completo e não o parte em dois ecrãs – o vídeo por baixo mostra bem o que queremos dizer.

Resumindo, a Huawei parece ter um produto inovador, em alguns aspetos mais convincente do que o Fold da Samsung (o preço de ambos é ridículo para 99% das pessoas), mas que não parece ser ainda a solução final até pelo preço que ostenta. Richard Yu explicou-nos que ainda vai demorar mais algum tempo para o preço começar a descer e espera, em 2020, ter outros produtos dobráveis com preços mais acessíveis. O facto de ter disponível 5G parece ser algo que vai demorar pelo menos um ano a ser um factor diferenciador pela positiva (as redes 5G podem ainda demorar a serem implementadas de uma forma mais global).

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