Foi projetada para percorrer um quilómetro em solo marciano e aguentar 93 dias em missão. Acabou por fazer 45,2 quilómetros e resistir durante 5.265 dias.
É o fim da sonda Opportunity. Numa conferência de imprensa realizada esta quarta-feira, a Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA na sigla em inglês) decretou o ‘óbito’ oficial do rover que está na superfície de Marte desde 2004.
A decisão chega depois de oito meses sem receber feedback da Opportunity e de nesta terça-feira ter sido feita uma última tentativa de contacto com a sonda.
“Estava lá ontem a enviar estes comandos para o espaço e não ouvimos de volta. A Opportunity continuou em silêncio. Mas estamos aqui com um sentido de apreciação e agradecimento. Declaro a missão da Opportunity completa”, começou por dizer Thomas Zurbuchen, administrador da NASA.
“Estou aqui rodeado pela equipa e tenho que dizer que é um momento emocional. É uma equipa que está a celebrar de forma emocional”, acrescentou logo de seguida.
A sonda entrou em silência no dia 10 de junho de 2018, depois de ter sido apanhada por uma forte tempestade de pó em Marte. Por causa deste fenómeno, a sonda esteve sem receber energia do Sol e acabou por apagar-se.
Desde essa altura, a NASA enviou mais de mil pedidos de informação para a Opportunity, mas acabou por não obter resposta.
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A Opportunity acabou por ultrapassar e muito as expectativas que a própria NASA tinha definido para a missão: fez mais de 45 quilómetros em solo marciano e foi o veículo espacial que mais tempo esteve no ativo fora do planeta Terra – pelo menos até ao momento.
“Isto é uma celebração de tantas conquistas. Hoje estamos a celebrar o fim desta missão. Obrigado pelo vosso trabalho, não apenas pelo país, mas pela ciência, o mundo vai beneficiar nos próximos anos”, disse Jim Brides, também administrador na NASA, em conferência de imprensa.
“Pode ter partido, mas deixa-nos um legado. Foi uma missão de descoberta. O legado continua, não só com o Curiosity, mas também com o rover 2020 que está a ser construído no Jet Propulsion Laboratory. (…) A energia que esta missão criou foi óbvia para o público. Inspirou uma geração de cientistas, mas também de estudantes. Muitos vieram trabalhar nesta mesma missão”, detalhou depois Michael Watkins, diretor do JPL.
A despedida da sonda Opportunity também tem sido referenciada por vários investigadores que participaram na missão ao longo dos últimos 14 anos. No Twitter há quem escreva que houve lágrimas no adeus ao rover e também quem chame o veículo de ‘rainha de Marte’.
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