Cloud já é um negócio de “vários milhões” para a Google em Portugal

Jorge Reto | Google Cloud
Jorge Reto é líder da Google Cloud em Portugal desde janeiro de 2018. Foto: Sara Matos / Global Imagens

Em apenas ano e meio, tecnológica conquistou mais de 100 clientes, sobretudo junto de startups e grandes empresas. Líder da Google Cloud em Portugal diz ainda que a chegada da Amazon Web Services não teve impacto no negócio.

A aposta que a Google fez no mercado português, no início de 2018, tem tido uma resposta “muito positiva” e já é um negócio de “vários milhões” de euros, como revelou Jorge Reto, líder desta unidade, em entrevista à Insider. Mesmo sem revelar valores, esta é a primeira vez que a Google fala sobre a dimensão deste seu negócio no país.

“A quantidade de empresas que hoje falam connosco é muito maior do que no ano passado, portanto temos mais presença no mercado e temos muita solicitação para os mais variados tipos de projetos. Temos uma rede de parceiros muito mais forte e mais estruturada do que tínhamos. O balanço sobre o primeiro ano é muito positivo”, sublinhou o responsável, à margem do evento Google Cloud Day que se realizou esta quarta-feira.

Em Portugal, a Google Cloud já tem mais de 100 clientes, com predominância para as startups e as grandes empresas, adiantou ainda Jorge Reto.

Apesar deste arranque, o responsável considera que o principal objetivo da empresa ainda não está cumprido. Numa entrevista ao Dinheiro Vivo em abril de 2018, Jorge Reto dizia que se chegasse ao final do ano com “as empresas a entenderem que estamos aqui para ajudar no processo de internacionalização e de melhoria dos processos de negócio através do uso da tecnologia” era a sua grande missão, mais até do que um objetivo financeiro. “A adoção à cloud ainda é baixa”, admite agora, falando do estado do mercado português.

“As empresas continuam a olhar muito para a migração, total ou parcial, da infraestrutura [de servidores próprios para a cloud]. (…) Tem alguns benefícios, obviamente que tem, mas onde se consegue melhorar os processos de inovação, agilizar e acelerar os processos, é exatamente quando se começa a adotar plataformas de cloud que permitem ao cliente focar-se somente no processo de negócio ou no processo de inovação e não está preocupado sequer com a infraestrutura ou a sua gestão”.

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A Google já disponibiliza em Portugal aquela que é a sua mais recente arma na luta pela conquista de clientes para a computação na nuvem. A nova ferramenta chama-se Anthos e permite às empresas desenvolverem uma única aplicação na cloud e fazê-la funcionar tanto na infraestrutura da Google, como das suas principais rivais – Microsoft Azure e Amazon Web Services. Já há inclusive um cliente português que está a testar esta nova plataforma.

“Somos dos primeiros a dizer aos clientes que devem ter mais do que uma cloud (multicloud) e até podem ter soluções próprias (on premise) ou em uma ou duas clouds. O que interessa é poder fazer uma boa orquestração e gestão destes ambientes”, explicou Jorge Reto sobre esta aposta. “A Google tem tido sempre uma abordagem de código aberto, de abertura ao mercado, não queremos prender os clientes”.

Apesar desta aposta como fornecedor de tecnologia que funciona na cloud dos rivais, a Google viu recentemente a Amazon Web Services (AWS) a fazer uma aposta mais séria no mercado português. A nível global, a AWS é líder com uma quota de mercado de 32%, seguida da Microsoft com 16% e da Google com 9%.

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Questionado sobre a chegada da AWS – que vai aumentar a equipa em Portugal e começar a fazer eventos, como a Insider/Dinheiro Vivo avançou em primeira mão -, Jorge Reto foi claro na resposta: “Não tivemos qualquer impacto direto nos nossos clientes ou na nossa faturação”.

“Mas acho que ainda há muito espaço, durante muito tempo, para todos crescerem e até para se ajudarem no mercado uns aos outros”, acrescentou.

O executivo respondeu ainda à polémica do fim de semana passado, que ficou marcada por um apagão do Google Cloud e que deixou offline os serviços de várias empresas, assegurando que este episódio não afetou qualquer empresa portuguesa.

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