A indústria das entregas é uma das que mais está a implementar soluções robóticas 4.0 para agilizar processos e os CTT, em Portugal, têm um ecossistema com robôs único a nível europeu.
A Indústria 4.0 é um termo utilizado para definir vários avanços tecnológicos que estão a mudar a forma como se produzem e distribuem produtos a nível mundial. Os serviços de entregas têm estado na dianteira com a Amazon a ser a empresa com melhores registos nesta área, especialmente usando a robótica.
Não é por acaso que a gigante norte-americana adquiriu a empresa de robótica KIVA recentemente e, neste período de Natal de 2018, pela primeira vez, vai ter tantos trabalhadores temporários quanto robôs (100 mil de cada) para tratar do aumento de encomendas, reduzindo assim as contratações de humanos, já que os robôs desempenham vários.
Os CTT aderiram a essa moda e estão a usar em Lisboa, no Centro de Distribuição e Logística do Sul, alguns robôs para as operações em armazém de forma a terem um ecossistema que já confia e muito na robótica.
Em destaque, no centro do Cabo Ruivo (Lisboa) está a máquina de RestMail (RMS – Rest Mail Sorting Machine), um tapete gigante com capacidade para tratar mais de 95.000 objetos por dia, que está preparado para responder às novas necessidades do negócio postal, nomeadamente as decorrentes do e-commerce (onde há uma predominância das encomendas vindas da Ásia). Graças ao sistema é automatizado o tratamento de objetos de formato não normalizado, das 10 gramas até aos 12 kg (ou seja, pequenas encomendas).
O sistema foi desenvolvido há dois anos numa parceria entre a Siemens e os CTT, representou um investimento de dois milhões de euros e é “único na Europa”, indicou-nos Paulo Silva, diretor de tranformação, desenvolvimento e operações dos CTT. Os CTT ponderam em breve adicionar mais um sistema semelhante, dado o aumento do volume de encomendas vindas da Ásia.
A máquina divisora trabalha com pacotes irregulares e de pequena dimensão com produtividades elevadas e é suportada por tecnologia de última geração. Toma decisões consoante os endereços de cada pacote, divide-os e o controlo de componentes é feito por Wi-fi e em tempo real. Os tapetes motorizados conseguem dividir numa só passagem as encomendas para 250 centros de distribuição postal diferentes espalhados pelo país.
A solução escolhida para a alimentação da máquina RMS abrangeu pequenos robôs autónomos que parecem a parte debaixo de uma Segway e que se chamam AGVs (Automated Guided Vehicles). Estes pequenos veículos móveis cooperativos têm capacidade de movimentação e deteção de obstáculos e são eles que levam os caixotes com encomendas para a zona do braço robótico que, num movimento, descarrega o conteúdo dos caixotes (ou boxes) para o tapete rolante.
O braço robótico é um robô industrial fixo de seis eixos, modelo KR 60-3, da marca Kuka, muito utilizada na indústria automóvel, que tem capacidade de movimento similar ao braço humano. Já os três robôs autónomos AGVs, são de modelo TUGBOT, feitos por uma startup portuguesa e desenvolvidos de raiz para o projeto. A solução implementada está em funcionamento há cerca de um ano e dá resposta a quatro processos ao nível do manuseamento dos caixotes ou boxes.
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