Há muitos anos que ouvimos falar na IoT, mas o conceito e a tecnologia demoraram a mostrar o seu verdadeiro potencial. Daqui em diante tudo promete ser diferente.
A Internet das Coisas (IoT na sigla em inglês), um conceito no qual os equipamentos de eletrónica estão ligados à internet, seja um smartphone, frigorífico ou máquina industrial, só agora está a mostrar o seu verdadeiro potencial. Quem o diz é Remy Mandon, vice-presidente da divisão Watson IoT da IBM, em entrevista à Insider.
“Agora é muito fácil recolher dados. As pessoas passaram muito tempo a tentar perceber como recolher esses dados e não pensaram no que podiam fazer com eles”, referiu. Esta abordagem está a mudar. Graças a tecnologias como os algoritmos de inteligência artificial, abrem-se novas possibilidades de otimização, sobretudo para as empresas.
Remy Mandon deu um exemplo curioso: o de uma fábrica que usa reconhecimento visual para identificar possíveis riscos num carro no final da linha de montagem. “Em vez de vender o carro e depois retomá-lo para garantia, ele volta de imediato para a pintura”, explicou.
“Existem muitas utilizações agora para a IoT e penso que a principal principal pela qual está a aparecer mais é por causa das utilizações que são muito mais maduras”, disse o executivo da IBM.
A tendência para vermos cada vez mais projetos de IoT e com aplicações cada vez mais diferenciadas vai aumentar. Isso explica-se pelos desenvolvimentos recentes feitos na área da inteligência artificial. Na prática, os algoritmos de aprendizagem automática permitem ‘fazer sentido’ da grande quantidade de dados que as empresas produzem.
E ainda há tempo, mesmo para as empresas que nunca olharam para a recolha de dados como uma parte importante do seu negócio. “A inteligência artificial já é uma parte do IoT. Há muito poucos casos que não usam inteligência artificial. Mais uma vez: é sobre recolher dados e o que faço com eles”, sublinhou Remy Mandon.
O executivo da gigante norte-americana não tem dúvidas em apontar as áreas de engenharia e produção como aquelas que mais vão beneficiar dos avanços em IoT a curto prazo.
“Usar dados de IoT, de utilização real e de interações reais com pessoas, com os produtos que compraram, recolher esses dados e enviar de volta ao fabricante, permite-lhes construir melhores produtos, mais seguros e com melhor design. Para mim essa é a revolução silenciosa”.
Mas nem tudo vai ser um mar de rosas. Conseguir uma integração entre diferentes elementos – seja de uma fábrica, seja de uma cidade – é mais fácil no papel do que na prática. “Penso que as experiências vão ser unificadas. Não é necessariamente o caso hoje”, atirou o porta-voz da IBM.
Criar soluções de IoT com base em tecnologias de código aberto e que consigam tirar partido de conjuntos de dados de diferentes fontes são elementos a ter em conta nesta aposta. Áreas como a segurança não facilitam esta tarefa – uma solução robusta de proteção muitas vezes significa usar mais do que uma ferramenta e de fornecedores distintos.
Mas no dia em que houver uma melhor integração entre as plataformas de IoT, então esse será o dia em que as pessoas já não saberão viver sem essa tecnologia.
Como? Remy Mandon diz. Basta imaginar um carro, que vai sozinho à oficina, e que transmite aos mecânicos os principais dados de utilização dos últimos meses de condução. Desta forma será mais rápido identificar o problema, será menos dispendioso para o seu dono – se ainda tiver dono – e também vai causar menos transtornos ao utilizador.
Se for uma pessoa menos atenta, pode até nem reparar que o carro fez a sua própria manutenção.