Facebook ‘espreita’ publicações dos utilizadores para treinar IA

Facebook dados pessoais
Foto: REUTERS/Regis Duvignau

Reuters revela que o Facebook terá um projeto com uma empresa indiana, que dará acesso a cerca de 250 funcionários para ‘espreitar’ as publicações privadas que são feitas na rede social.

De acordo com a agência, o projeto com a WiPro, assim se chama a empresa indiana, terá como propósito final o treino da inteligência artificial do Facebook. Diariamente, as mais de duas centenas de funcionários da WiPro passarão os olhos pelas publicações de milhares de utilizadores, para poder etiquetar aquilo que surge no feed de notícias.

O próprio Facebook confirmou à Reuters que os funcionários da WiPro não verificam apenas as publicações públicas – terão também acesso a publicações partilhadas como grupos de amigos, por exemplo.

E é aqui que surgem as preocupações com a privacidade – e, no caso europeu, com o RGPD (Regulamento Geral de Proteção de Dados). Os funcionários da WiPro estarão a aceder a publicações, que em muitos casos incluirão até nomes de utilizadores e informações confidenciais, em vários territórios.

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Segundo a reportagem, as cerca de 250 pessoas passam o dia a tirar notas daquilo que é partilhado: o conteúdo, a ocasião e até as intenções do utilizador. No final, os dados recolhidos serão usados para o desenvolvimento das soluções de inteligência artificial da rede social.

Com o passar dos anos, a IA ganhou força nos produtos do Facebook. Nos últimos anos, já é usada para verificar a veracidade de contas de utilizadores, perceber se uma notícia é falsa ou não e até para encontrar conteúdo que vá contra as regras de utilização do Facebook.

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Esta etiquetagem de informação estaria a ser feita em várias localizações, incluindo também a Roménia ou as Filipinas. A Reuters aponta que o Facebook tenha lançado este projeto com a Wipro em abril do ano passado, com a empresa indiana a receber cerca de 4 milhões de dólares (cerca de 3,57 milhões de euros, após conversão) em troca deste trabalho.

“No ano passado, o trabalho consistia em analisar publicações dos últimos cinco anos”, indica a reportagem, explicando ainda que o número de trabalhadores terá sido alvo de uma redução em dezembro.

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