Quem nunca teve problemas com o computador de trabalho que atire a primeira pedra. E muitas vezes, o maior problema está na substituição rápida e fácil da máquina, sem que ninguém perca tempo de trabalho. A resposta pode ser o Grab and Go.
Quando encontrámos Francisco Ribeiro, gestor de entrega tecnológica na Paddy Power Betfair, sentado no chão no piso superior do pavilhão de dois andares do evento Google Cloud Next, em Londres, estava com um portátil Pixelbook nas pernas e que tinha um grande autocolante azul na tampa, no qual podia ler-se Grab and Go.
“É muito bom, principalmente porque fiquei sem bateria no meu portátil há pouco”, disse em entrevista à Insider.
O que o português estava a experimentar é uma amostra do programa interno que existe na Google e que está aos poucos a espalhar-se para outros ambientes de trabalho. O Grab and Go é uma iniciativa da tecnológica que quer facilitar a forma como os funcionários pensam e usam os computadores de trabalho.
O nome diz tudo: é chegar, pegar num portátil que está disponível numa estante, usar e devolver quando o trabalho terminar.
“Às vezes surge um imprevisto qualquer e ficamos sem computador: esquecemo-nos, parte-se e o facto de podermos chegar a um sítio, pegar no computador, fazer login e ter logo todas as ferramentas de trabalho, podermos trabalhar normalmente, não há problemas, é um conceito muito engraçado e acaba por acelerar muito as coisas”, explicou o engenheiro português à Insider.
A nível interno, a Google tem 2.500 computadores portáteis equipados com o sistema operativo Chrome OS ‘à mão de semear’. Ao autenticar-se na máquina, fica com acesso imediato a todas as suas ferramentas e trabalhos em andamento. Estes computadores são controlados de forma centralizada e é possível, em caso de emergência, fazer um restauro de fábrica ao dispositivo.
Ben Koerbel, engenheiro de operações corporativas na Google e uma das pessoas mais ligadas ao projeto Grab and Go, explicou-nos que o conceito está a ter tanta procura que o objetivo para 2019 é alargar o parque de computadores para 5.000 unidades.
Mais: aos poucos a Google está a desafiar outras empresas a fazerem o mesmo. A tecnológica norte-americana disponibiliza o software – também chamado Grab and Go – que permite a qualquer empresa implementar um sistema semelhante para os seus funcionários.
A gigante de Mountain View vê ainda um grande potencial para o conceito em ambiente escolar. Em vez de cada aluno carregar o seu próprio computador, só precisa de agarrar num quando chega à sala de aula e colocá-lo na prateleira, onde são carregados, quando sair. É como um sistema de bicicletas partilhadas, mas para portáteis.
E como os computadores estão todos ligados a um sistema central, também fica mais fácil fazer atualizações de software ou outras alterações que sejam necessárias nos computadores – algo que deverá agradar acima de tudo às equipas de tecnologia de informação dentro das empresas.
No caso da Google, o empréstimo dos portáteis pode acontecer até um máximo de 48 horas. Mas Ben Koerbel adiantou que os googlers podem fazer pedidos de extensão de empréstimo do portátil, que varia consoante a necessidade definida pelo trabalhador e a devida aprovação do seu superior [isto para evitar utilizações abusivas e atrasos muito grandes na devolução].
Podemos atestar que o conceito facilita de facto o acesso a um computador portátil – em menos de três minutos já tínhamos uma máquina nas mãos pronta para o que fosse necessário. No final, parte deste artigo foi escrito num computador Grab and Go. Só não foi totalmente porque o nosso tempo de empréstimo chegou ao fim antes de tudo estar pronto.
*O jornalista viajou a convite da Google