O líder da Google para o mercado português fala na “urgência de criação de políticas públicas amigáveis do digital”.
Os diferentes produtos da Google têm um impacto de 2,5 mil milhões de euros na economia portuguesa, concluiu um estudo feito pela consultora BCG e patrocinado pela tecnológica. Mas o valor que os portugueses atribuem aos produtos da empresa é ainda maior: nesta área de análise, o valor da Google traduz-se em nove mil milhões de euros, o que em termos equivalentes corresponderia à criação de 70 mil empregos.
“Nós, Google Portugal, orgulhamo-nos de fazer parte desta revolução e apoiar Portugal nesta viagem, como mais nenhuma empresa da nossa geração apoia. Orgulhamo-nos de ser a empresa que mais apoia Portugal em todos os campos de produtividade”, disse Bernardo Correia, líder da Google para o mercado português.
De todos os produtos que a Google tem, o motor de busca é aquele que é mais valorizado junto dos portugueses: tem um valor de 660 euros por utilizador. Seguem-se o Gmail, com 415 euros, o sistema operativo Android, com 370 euros e a plataforma de vídeos YouTube, com 192 euros.
Bernardo Correia falou depois noutras iniciativas que a tecnológica tem em Portugal e que “não são quantificáveis”, como o Atelier Digital, que ajuda os portugueses a adquirirem novas competências digitais, ou os 7,2 milhões de euros que já foram dados para apoiar grupos e projetos de media em Portugal [Nota: Parte do valor foi atribuído a projetos da Global Media, que detém a Insider/Dinheiro Vivo].
Apesar do papel que a sua empresa representa, o líder da Google falou na “urgência de criação de políticas públicas amigáveis do digital”. “O desafio, mais para os que estão aqui presentes, é a urgência no investimento do digital. Queria deixar-vos o desafio da urgência da transformação digital. Sonhamos que Portugal possa ser um centro de inovação, vibrante e ter capacidade de atração de talento”, disse o responsável.
Sobre o papel da tecnológica, o secretário de Estado da defesa do consumidor, João Torres, disse que “devemos enaltecer o impacto que a Google tem na economia portuguesa, impacto reconhecido pela sociedade”. “A Google tem tido um papel catalisador de novas oportunidades, até para o Estado em última análise”, afirmou.
“Cabe-nos a nós, agentes do sector público, a criação das ações necessárias para que as empresas tirem partido [do digital]. A transformação digital constitui uma oportunidade única da criação de novos modelos de negócio e Portugal não pode ficar para trás. O Governo acompanha com atenção e empenho as evoluções da economia digital e está a fazer o que lhe compete: antecipar cenários e apresentar soluções para as nossas empresas”, referiu ainda o representante do ministério da Economia.
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No estudo apresentado pela BCG concluiu-se ainda que a economia digital representa 4,6% do PIB português. O peso da economia digital ainda é baixo, comparando com outros países europeus, mas até 2025 pode aumentar de forma significativa.
O impacto do digital acaba por ser maior se tivermos em conta que há ações que se iniciam na internet – como consultar o preço de um produto -, mas depois terminam no mundo físico, no chamado canal offline. Tendo estes cenários em conta, então o impacto da economia digital ascende a 25 mil milhões de euros em Portugal. Ainda assim, o impacto do mundo digital no PIB em Portugal acaba por ser inferior aos valores registados pela mesma área noutros países europeus: em Itália representa 5% do PIB, em Espanha 6,4% e no Reino Unido já representa 13,8%.
“Portugal é um importador líquido do digital, consumimos mais digitalmente do que aquilo que exportamos”, explicou Pedro Pereira, partner e managing director da BCG, sobre os valores apresentados. O executivo considera que Portugal pode diminuir a distância que existe para outros países na área da economia digital e que se se conseguir afirmar-se como um hub tecnológico para a Europa – um pouco como já está a acontecer com a atração de centros de desenvolvimento e apoio -, então as receitas geradas pelo mundo digital vão aumentar de forma significativa.
Estima a BCG que se tal acontecer, Portugal pode chegar a 2025 com a economia digital a valer mais 20 mil milhões de euros adicionais do que aquilo que já vai valer. “Estamos perante a quarta revolução industrial. Se olharmos, é a primeira revolução que depende menos do mercado interno, é aquela que menos depende de matérias-primas locais e a que menos depende da nossa posição geográfica no globo. (…) Não só temos uma oportunidade de jogar, como o prémio é muito interessante”, referiu Pedro Pereira.
O estudo concluiu ainda que 75% dos portugueses já têm acesso à internet e que destes, 45% não abdicariam da internet por nada. Comparando com outros bens do dia-a-dia, mais de 50% dos inquiridos dizem mesmo que preferiam não ter acesso a álcool e chocolate do que não ter acesso à internet. “A relevância para o consumidor e para todos nós é inquestionável”, sublinhou o responsável da BCG.
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