Na Europa, que tinha sido afetada a seguir ao escândalo da Cambridge Analytica, o número de utilizadores cresceu para 288 milhões de pessoas.
As ações do Facebook dispararam mais de 4,4% nas trocas fora de horas assim que foram conhecidos os resultados do terceiro trimestre, mostrando o alívio dos investidores numa altura de intensa pressão e escrutínio sobre a empresa. Depois de um verão quente, o império das redes sociais obteve um crescimento de 29% nas receitas, chegando aos 17,6 mil milhões de dólares, e viu os lucros subirem 19% para 6 mil milhões. Foi melhor do que toda a gente esperava, apesar de nenhum dos indicadores ser um crescimento fenomenal.
Tal seria verdadeiramente surpreendente, tendo em conta os vários fogos que a direção do Facebook tem estado a apagar nos últimos meses. Mark Zuckerberg, o fundador e CEO, falou com os analistas durante mais de uma hora sobre os temas quentes do momento, abordando a fúria dos reguladores, a controvérsia relativa à política de publicidade e fake news e a responsabilidade da empresa numa série de áreas da sociedade.
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No trimestre, as receitas de publicidade subiram 28% para 17,3 mil milhões de dólares, representando a quase totalidade do volume de negócios da empresa. Os anúncios nas aplicações móveis pesaram 94%, mostrando o quão dependente dos dispositivos móveis se tornou este negócio.
De notar, apesar das polémicas, que o número de utilizadores das várias plataformas do Facebook continua a aumentar. Na rede principal, os utilizadores diários cresceram 9% para 1,62 mil milhões e os utilizadores mensais subiram 8% para 2,45 mil milhões. Na Europa, que tinha sido afetada a seguir ao escândalo da Cambridge Analytica, o número de utilizadores diários cresceu para 288 milhões, uma subida de 2 milhões de pessoas – o mesmo incremento registado nos Estados Unidos e Canadá, onde há agora 189 milhões de utilizadores a entrarem na rede diariamente.
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Muitas pessoas têm contas em várias das redes que pertencem à empresa, incluindo Instagram e WhatsApp, e o número que foi partilhado nesta apresentação é impressionante: um total de 2,8 mil milhões de pessoas utilizam as aplicações do império de Zuckerberg. Uma dimensão que leva os críticos a afirmarem que a sua responsabilização em questões sociais é obrigatória.
O executivo tem uma ideia diferente. Por um lado, reconhece o papel preponderante das suas plataformas e reafirma o compromisso de “melhorar as vidas das pessoas em todo o mundo.” Por outro, disse que “as pessoas têm diferentes perspetivas” e é necessário acomodá-las a todas. Foi esta a justificação dada para a inclusão do site Breitbart, notório pela distorção dos factos nas suas notícias, na aba noticiosa do Facebook, uma decisão que lhe rendeu muitas críticas.
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Para os investidores, o problema destas controvérsias é que põem em causa a capacidade de crescimento da empresa. O diretor financeiro Dave Wehner disse, na conferência com analistas, que o ritmo de crescimento das receitas vai desacelerar no próximo trimestre e que essa tendência continuará em 2020. Haverá novos regulamentos sobre privacidade a entrar em vigor na Califórnia, o que poderá ter impacto na capacidade de monetização do Facebook, e uma das principais candidatas à nomeação democrata para as presidenciais, Elizabeth Warren, tem clamado pela separação do Facebook em várias empresas, devido ao seu tamanho colossal.
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