Preços dos iPhone podem subir em flecha com a guerra EUA-China

Apple Tim Cook | Samsung
Foto: REUTERS/Robert Galbraith

A crescente disputa comercial entre os EUA e a China pode tornar-se prejudicial para a Apple, aumentando o custo dos iPhone e reduzindo o preço das ações.

A era da mão de obra barata vinda da China para as empresas norte-americanas pode estar em risco. De acordo com um relatório da Morgan Stanley, a nova taxa imposta por Trump de 25% sobre os 200 mil milhões de dólares de produtos chineses que chegam aos EUA poderá aumentar em cerca de 160 dólares (142 euros) ao custo de um iPhone XS fabricado na China. Atualmente o preço oficial é de 999 dólares, 1179 euros em Portugal.

A Apple pode, eventualmente, proteger os consumidores desse aumento de preços, assumindo os custos de produção mais elevados sem penalizar o preço final mas, esta segunda-feira, a preocupação com a disputa comercial fez cair as ações da empresa perto de 6%, para os 186 dólares – a maior queda desde 2013. Desde o início do mês que as ações do gigante de Cupertino já caíram 11%, colocando a empresa no que os analistas de mercado chamam de território de “correção”.

Já esta semana, surgiu outra má notícia para a Apple. Um grupo de utilizadores do iPhone acusa a empresa de violar as leis da concorrência norte-americanas, por alegado monopólio dos preços na loja de aplicações do iOS e já pode avançar com um processo contra a marca da maçã, de acordo com o que decidiu o Supremo Tribunal de Justiça norte-americano, esta segunda-feira.

As vendas de iPhone na América do Norte, o maior mercado da Apple, caíram 19% para 14,6 milhões de unidades nos primeiros três meses do ano e as novas taxas podem também afetar as vendas do iPhone na China, onde a Apple detém 7,4% do mercado e onde as vendas caíram 25% nos últimos seis meses.

Na segunda-feira e em resposta aos EUA, a China anunciou planos para aplicar taxas de 25% sobre um total de 2.493 produtos vindos dos EUA já a partir de 1 de junho. Donald Trump acusou a China de desistir de um acordo com as autoridades norte-americanas e deixou um alerta num tweet: “a China não deve retaliar – só vai piorar tudo!”

O presidente norte-americano admite ainda que um acordo pode ser feito de forma rápida e admite que a troca de taxas pode provocar saídas de empresas.

Certo é que as tensões já atingiram de forma ampla os EUA, custando 617 pontos do Dow Jones na segunda-feira. A Apple e a Boeing foram a empresas mais atingidas. Numa nota, a Goldman Sachs indica que o confronto EUA-China pode aumentar ainda mais os preços praticados junto do consumidor em geral e prejudicar o crescimento económico dos EUA.

O CEO da Apple, Tim Cook, já tentou minimizar as tensões atuais, descrevendo o relacionamento comercial entre EUA-China como “grande e complexo” e que exige “um nível de foco e de atualização e modernização constantes”.

Ao contrário do que acontece com a Samsung, que tem fábricas no Vietname, China, Índia, Brasil, Indonésia e Coreia, a Apple usa uma cadeia de fábricas chinesa para todos os seus produtos, do iPhone, ao iPad, passando pelos computadores Mac. A Apple está a aumentar os esforços para mudar parte da produção para fora da China.

Trump pediu segunda-feira que as empresas norte-americanas operem fora da China, de preferência nos EUA. Mas para a Apple, retirar a produção da Hon Hai Precision Industry, uma divisão da gigante FoxConn, seria algo demorado e difícil, explicam os analistas.

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De acordo com Gene Munster, analista da Loup Ventures, a Apple já considerou transferir alguma da produção para a Índia ou para o Brasil. Mas, embora pudesse criar um plano B para os fornecedores, seria bem mais difícil criar os processos de montagem nas novas fábricas de forma rápida.

“A Apple está a explorar todas as opções e essa mudança será algo lento, porque a empresa não tem uma alternativa alternativa fiável neste momento para produzir os seus telefones”, disse Munster ao The Guardian.

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