Profissionais de ensino e quadros de topo entre as profissões menos expostas à automação

trabalho, ensino, profissões
Fonte: Pixabay

Um relatório da Comissão Europeia traça um retrato sobre o impacto da tecnologia no mundo profissional. As profissões menos expostas à automação requerem níveis elevados de educação e interação social abundante.

Perto de 40% da força de trabalho europeia praticamente não tem competências a nível digital e os números de profissionais da área das tecnologias de informação continuam a ficar abaixo das necessidades do mercado. As conclusões são do relatório “The changing nature of work and skills in the digital age”, divulgado esta terça-feira pelo Joint Research Centre da Comissão Europeia.

O relatório reforça uma conclusão já conhecida da indústria: a tecnologia vai eliminar algumas profissões, mas também há trabalhos com potencial de crescimento. O relatório da Comissão Europeia mostra que, até 2030, as profissões com maior potencial para crescimento estão ligadas a determinadas competências, como elevados níveis de educação ou uso de capacidades de interpretação, além de conhecimentos na área das tecnologias de informação.

O relatório traça também as probabilidades de determinadas profissões serem alvo de transformação por parte da tecnologia. As profissões ligadas ao ensino ficam abaixo dos 30% de probabilidade média de serem afetadas pelas mudanças tecnológicas, seguidas de perto por quadros de topo e legisladores; administrativos e gerentes comerciais; diretores de hotelaria e retalho. As ocupações profissionais mais expostas à transformação tecnológica são os assistentes na área da preparação de refeições, aponta o relatório, profissionais de limpeza, trabalhadores de minério, construção, manufatura e transporte, aponta o relatório.

Leia também | Mulheres correm duas vezes mais risco de perder emprego para os robôs

A análise da Comissão Europeia ressalva também que é necessário não só olhar para a exposição à automação de determinadas trabalhos, mas também perceber como a tecnologia está a mudar as tarefas rotineiras. Apoiando-se em dados do Eurostat, o relatório aponta as mudanças introduzidas pelo uso de “novo software e equipamento computadorizado”, que implicam mudanças nas competências pedidas aos trabalhadores. Entre as mais destacadas estão as capacidades de interação social e capacidade para resolução de problemas, por exemplo.

Apesar de indicar que não é linear perceber o impacto da tecnologia no mundo do trabalho, o relatório do centro europeu mostra um panorama das áreas de emprego com maior potencial de crescimento, até 2030. O relatório aponta que a área das tecnologias de informação, ciência e engenharia será aquela com maior potencial para expansão: as profissões dentro deste âmbito vão crescer 16% até 2030. Seguem-se as profissões com elevadas competências, como médicos, professores, advogados, administradores executivos (15%). No entanto, os dados apontam também o crescimento das profissões menos capacitadas, ligadas à área de limpeza e ajudantes (12%).

Leia também | Recheadas de IA e com menos colaboradores: assim serão as empresas do futuro

Dentro da área das tecnologias de informação, os perfis de trabalho com elevada procura estarão ligados à capacidades de gestão de dados. “À medida que as economias e a tecnologia passarão a estar mais baseadas em dados, será necessário expandir as oportunidades para estes profissionais”. O relatório indica que, até 2025, as profissões ligadas aos dados possam representar 4% da força de trabalho na Europa dos 28.

Para enfrentar as mudanças impostas pela tecnologia no contexto laboral, ao longo dos próximos anos, são necessárias competências digitais. No entanto, o relatório refere que um em cada sete empregadores sente que a sua força de trabalho não está totalmente preparada para o uso de ferramentas digitais em contexto laboral.

 

Plataformas digitais. “Exército invisível” já deu trabalho a 11,5% dos portugueses