Revisão em baixa das previsões para 2020 leva alemã SAP à maior queda desde 1996

EPA/RONALD WITTEK

A tecnológica SAP baixou as previsões para o resto deste ano, antecipando que a Covid-19 continue a ter impacto na operação. As ações chegaram a baixar mais de 20%, na maior quebra registada em mais de 24 anos.

A tecnológica alemã SAP apresentou resultados trimestrais este domingo, anunciando ainda que irá fazer uma viragem no negócio, focando-se por completo na computação cloud.

Com uma quebra nas receitas de 4% face ao mesmo período de 2019, a SAP chegou aos 6,5 mil milhões de euros de receitas no terceiro trimestre do ano. Num ano desafiante, que fica marcado pela pandemia de Covid-19, a área de cloud cresceu a mais de dois dígitos (11%), com receitas próximas dos 2 mil milhões de euros.

“A Covid-19 criou um ponto de inflexão para os nossos clientes”, explica Christian Klein, CEO da multinacional alemã. “A transição para a cloud combinada com a verdadeira transformação de negócio tornou-se essencial para as empresas ganharem resiliência e posicionarem-se para emergir desta crise mais fortes.” O CEO estima que, até 2025, a empresa possa “acelerar o crescimento na cloud para mais de 22 mil milhões de euros”.

Antecipando que a pandemia continuará não só a influenciar as operações deste ano mas também a operação em 2021, a SAP reviu em baixa as previsões para o resto deste ano, indicando estas tinham sido “emitidas a 8 de abril, “refletindo as melhores estimativas”, que assumiam “que as economias poderiam reabrir e os confinamentos iriam abrandar, levando a uma procura crescente nos terceiros e quartos trimestres”.

Com vários países a apertarem novamente as restrições e, em alguns casos, como Espanha ou França, a regressar mesmo ao estado de emergência, a SAP indica que tal tem levado a “uma recuperação da procura mais silenciosa do que esperado”.

Assim, explica que “já não antecipa uma recuperação significativa” para o resto do ano. As receitas esperadas da área cloud passam para os 8 a 8,2 mil milhões de euros (anteriormente 8,3 a 8,7 mil milhões), as receitas totais para os 27,2 a 27,8 mil milhões (anteriormente entre 27,8 a 28,5 mil milhões).

Em relação a lucro, a SAP espera atingir entre 8,1 a 8,5 mil milhões de euros em 2020, um valor mais baixo do que a previsão anterior, que estipulava entre 8,1 a 8,7 mil milhões de euros de lucro.

Já esta segunda, os títulos da SAP afundaram na bolsa de Frankfurt. Ao longo da manhã a queda chegou aos 21,50%, colocando as ações da empresa abaixo dos cem euros, nos 98 euros.

De acordo com a Market Watch, esta é a maior queda da SAP desde outubro de 1996, altura em que os títulos afundaram 23% num só dia. Por volta das 11h30 (hora de Portugal Continental), os títulos da SAP estavam a perder 19,46%, situando-se nos 101,06 euros. Na sexta-feira a cotação de fecho da SAP tinha ficado nos 125,48 euros.

Feitas as contas, a Reuters estima que a tecnológica alemã tenha perdido mais de 28 mil milhões de euros de valor de mercado.

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