No meio da esperança para aquilo que a ciência pode fazer pelo futuro, o ceticismo pela mesma cresceu. Estas são uma das principais conclusões do estudo State of Science Index, com o objetivo de analisar a perceção atual da população global em relação à ciência.
O estudo, feito a 14.025 adultos em 14 países, revela que 87% da comunidade global acredita que precisamos da ciência para resolver os problemas no mundo, e a maioria acredita que os melhores dias da ciência ainda estão para vir (62%). Apesar disso, o ceticismo em relação à ciência cresceu 3% desde o ano passado, com cerca de metade dos inquiridos a afirmar que só acredita na ciência que se alinha com as suas crenças pessoais (45%).
O ceticismo e receio em relação à inteligência artificial é ainda maior. Há receio sobre o papel da ciência e da tecnologia no futuro, com mais de metade (52%) dos inquiridos a sentirem-se emocionalmente ameaçados com a ideia de ter robôs no seu trabalho. A clonagem humana (77%) e a alteração de genes (65%) são avanços que também geram receio.
O estudo, encomendado pela empresa 3M, aponta para os desafios e oportunidades para aumentar a valorização pela ciência. Aproximadamente três quartos (70%) das pessoas raramente pensaram sobre o impacto da ciência na sua vida quotidiana e mais de metade acredita que a ciência causa tantos problemas quanto aqueles que resolve (53%). Uma grande maioria relata que a ciência os faz sentir curiosos (72%), contra os 18% que se sentem indiferentes e os 10% que se sentem intimidados. Enquanto 85% dos inquiridos admite saber pouco ou nada sobre ciência, a mesma percentagem desejava saber mais.
O State of Science Index sugere que conectar os pontos entre a ciência e o seu impacto positivo na humanidade é um fator importante para levar ao interesse e apoio à ciência. Aqueles que indicaram estar interessados na ciência, estão mais propensos a ficar fascinados porque:
- acreditam que os avanços científicos vão beneficiar as gerações futuras (59%);
- acreditar que a ciência vai resolver a maioria dos problemas mundiais (42%);
- e que a ciência vai ajudá-los a ter uma vida mais longa e saudável (40%).
- boa parte parte das pessoas (87%) também estão animadas – sem receio dos avanços médicos que eliminem doenças crónicas como o cancro;
- e pelo futuro da exploração do espaço (71%).
Entender os cientistas
Assente em como tornar a ciência e os cientistas mais interessantes universalmente, o estudo revela uma oportunidade para quebrar barreiras para a compreensão e apreciação da ciência. As primeiras barreiras são a acessibilidade e identificação, ambas podendo ser resolvidas através de melhores práticas de comunicação. A grande parte dos inquiridos concordam que os cientistas devem tornar a ciência mais acessível ao quotidiano das pessoas (84%) e falar sobre ela de uma forma mais fácil de entender (88%).
Além disso, 80% dos inquiridos estão mais propensos a acreditar em informação vinda de alguém que trabalhe no campo científico do que serem céticos em relação a esta mesma fonte, mas mais de metade (58%) acredita que os cientistas são elitistas, o que representa uma desconexão entre a forma como os cientistas estão a comunicar hoje em dia e a forma como eles são entendidos.
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Humanização Vs. Tecnologia
Dentro do tema do interesse humano, o estudo revela que a maior parte das pessoas valoriza mais os seres humanos do que a inteligência artificial. O inquérito colocou um conjunto de questões para determinar a preferência das pessoas por ligações humanas ou digitais. Quase todos (87%) escolheria fazer 5 novos amigos “reais” do que ter 5.000 novos seguidores nas redes sociais, 64% optava por ter um carro normal ao invés de um carro autónomo e 74% preferia ter um assistente humano em vez de um robô.
Metodologia do estudo. O State of Science Index é feito por uma empresa de pesquisa global independente. O estudo foi feito com 14.025 adultos em 14 países entre 13 de julho e 10 de setembro de 2018 e realizado a partir de uma combinação de entrevistas online e offline. Aproximadamente 1.000 pessoas com mais de 18 anos foram entrevistadas em cada país. Países incluídos no estudo: Brasil, Canadá, China, Alemanha, Índia, Japão, México, Polónia, Singapura, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos. A amostra para cada país foi representativa com base em idade, sexo, região e raça/etnia (quando aplicável).
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