Publicidade Continue a leitura a seguir

CEO da Apple critica empresas de Silicon Valley, mas continua a aceitar cheques chorudos da Google

1. Tim Cook falou esta quarta-feira no Parlamento Europeu sobre privacidade e inteligência artificial. Fotos: REUTERS/Yves Herman
2. Discurso de Tim Cook no Parlamento Europeu
3. Discurso de Tim Cook no Parlamento Europeu
5. Discurso de Tim Cook no Parlamento Europeu
6. Discurso de Tim Cook no Parlamento Europeu
7. Discurso de Tim Cook no Parlamento Europeu

Publicidade Continue a leitura a seguir

“Na Apple acreditamos que a privacidade é um direito humano fundamental. Mas também reconhecemos que nem todos veem as coisas da mesma forma. De certa forma, o desejo de colocar os lucros à frente da privacidade não é algo novo”.

Esta foi uma das frases que marcou o discurso corrosivo do diretor executivo da Apple, Tim Cook, no Parlamento Europeu, no final de outubro. “A nossa informação, desde o dia-a-dia até àquela que é extremamente pessoal, está a ser usada como uma arma de eficácia militar contra nós”, acrescentou, num claro ataque às gigantes tecnológicas de Silicon Valley.

Mas agora Tim Cook foi confrontado com uma questão moral: é justo receber entre quatro a nove mil milhões de dólares da Google, uma das empresas que encaixam nas críticas do CEO da Apple, para que seja o motor de busca pré-definido no browser Safari e na assistente Siri?

“Penso que o motor de busca da Google é o melhor. Olha para o que fizemos com os controlos que integrámos [no Safari]. Temos navegação privada. Temos uma ferramenta inteligente de prevenção de rastreadores. O que temos tentado fazer é arranjar formas de ajudar os nossos utilizadores no dia-a-dia. Não é perfeito. Sou a primeira pessoa a admiti-lo. Mas já é uma ajuda grande”, disse Tim Cook numa entrevista à publicação Axios e emitida na HBO.

Ou seja, o facto de o Google ter a melhor ferramenta de pesquisa e o facto de a Apple ter apetrechado o Safari com ferramentas que protegem melhor a privacidade dos utilizadores é uma combinação que para Tim Cook justifica os milhões recebidos da Google, apesar das críticas crescentes que o CEO tem feito contra as empresas que fazem dinheiro com os dados dos utilizadores.

Apesar da aparente contradição, o timoneiro da Apple considera que regular as grandes tecnológicas de Silicon Valley é inevitável. “Sou um grande crente no mercado livre, mas temos de admitir que o mercado livre não está a funcionar. E não funcionou aqui [EUA]. Penso que é inevitável algum nível de regulação”.