O convite era irrecusável sobretudo para quem gosta de música e de alta fidelidade: ouvir tocar aquelas que são possivelmente as melhores colunas do mundo. Integradas num sistema de amplificação de luxo, tudo a um nível só comparável a um concerto muito exclusivo de um artista muito especial.
Texto de Fernando Marques
As WAMM Master Chronosonic são o resultado da vida de um homem em busca da reprodução musical perfeita. Literalmente, pois dedicou os últimos cinco anos da sua vida a este projeto. A obsessão de David Wilson (1944-2018), zoólogo e químico de formação tornado engenheiro de som por convicção, levou-o mesmo a criar um estúdio de gravação e a editar obras segundo os seus critérios, cuja qualidade estivesse ao nível das suas colunas.
Vistas de perto, apesar do aspeto imponente das WAMM Master Chronosonic, parece estarmos na presença de uma peça de alta relojoaria – há ajustes micrométricos para afinar a distância dos módulos em relação ao ouvinte. “É tudo uma questão de tempo”, diz Peter McGrath, responsável de vendas na Wilson Audio, também ele engenheiro de som e, igualmente, focado na perfeição da reprodução sonora. “O som mais difícil de reproduzir, de forma realista, é a voz humana, porque nos habituámos a ouvi-la ainda na barriga das nossas mães”, continua.
Dito isto, passamos à audição e pelo meio somos contemplados com um tema de um músico português, Camané, com a sua inconfundível voz nasalada e a cada respiração sua, de repente, parece estar ali connosco, no meio da sala. A este nível, a qualidade da reprodução será tão boa quanto melhor for a gravação que estiver a tocar.
Por isso, na apresentação há uma seleção criteriosa de temas por parte de Peter McGrath que nos diz: “Isto vai ser divertido”, enquanto põe a tocar “Big Love”, de Fleetwood Mac. Impossível não abanar o pé, tentando acompanhar a energia contagiante de Mick Fleetwood a tocar bateria – mais uma vez ali no meio da sala.
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Mas porque são estas colunas tão caras? Só o facto de existirem e tocarem como tocam justificaria o preço mas a verdade é que são diversas as partes que contribuem para o todo. Toda a pesquisa e desenvolvimento – as primeiras Wamm foram desenvolvidas nos anos 1980, a tecnologia utilizada na construção e montagem à mão, como se de um automóvel de luxo se tratasse, e porque só vão ser feitos setenta pares.
Infelizmente, depois de ler este texto, é muito provável que já não seja possível ouvir tocar as WAMM Master Chronosonic. Estarão noutras paragens a deslumbrar outras audiências. Sendo um produto tão exclusivo, só vão ser feitos setenta pares, no entanto, a Wilson Audio tem colunas com valores mais “terrenos”, como as Tune Tot a começar nos 12 mil euros ou as Sabrina já nos 20 mil euros, ambas disponíveis para uma audição na Imacústica.
Sim, ainda é muito dinheiro, mas para quem pode é um investimento tão válido quanto uma obra de arte ou um relógio. “Tenho mulheres como cliente e uma, em particular, já vai nas segundas Wilson Audio que tem em casa”, revela Paulo Soares, funcionário na Imacústica, quebrando assim a ideia de que isto da alta fidelidade é só para homens e “coca-bichinhos”.
Classificar algo que não se vê é sempre muito complicado, sistemas de som excelentes há muitos e ao longo de vinte anos já ouvi uns quantos. Não sei se as WAMM Master Chronosonic serão as melhores colunas do mundo, mas o que aconteceu no auditório da Imacústica foi algo de mágico. Valerão o preço? Muito possivelmente. E há, pelo menos, um interessado em Portugal.
Preço base das WAMM: 950.000 euros
Preço do sistema completo em audição WAMM experience: 1.5000.000 euros
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