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App europeia rastreia as populações (ao estilo asiático) mantendo a privacidade

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Uma app para rastrear a propagação do vírus na Europa (preservando a privacidade) está a ser criada por investigadores e replica modelos já usados na Ásia para evitar contágio entre a população.

Um grupo de especialistas europeus – de universidades e empresas – anunciou esta quarta-feira que, até 7 de abril, conta lançar uma app para smartphones de forma a ajudar a rastrear indivíduos que possam ter entrado em contato com pessoas infectadas com Covid-19. A iniciativa pretende seguir o que se tem visto em países asiáticos como a Coreia do Sul, Singapura, China, entre outros e, ajudar assim, as autoridades de saúde a agir de forma mais rápida para impedir sua propagação da doença – na Alemanha e em outros países europeus já começou a ser testado algo semelhante.

A ideia passa por criar um registo que usa georeferenciação que emite alertas quando um smartphone chega perto de outro. Ou seja, quando um indivíduo que tenha sido testado como positivo para o novo coronavírus (ou seja suspeito de o ter – embora aí dependa de indicação da própria pessoa) está por perto de outras pessoas em risco de infecção, elas podem ser rapidamente notificadas disso mesmo e evitar saídas ou ter mais cuidado.

A capacidade de rastrear com maior precisão as pessoas nos chamados grupos de risco do Covid-19 (idosos ou pessoas com doenças crónicas) pode facilitar a criação de zonas de bloqueio nos países e ir aumentando a atividade económica nas zonas menos afetadas – algo testado, em conjunto com outros procedimentos (como o elevado número de testes) com sucesso na Coreia do Sul, por exemplo.

A iniciativa europeia chama-se Rastreamento pan-europeu de proximidade e de preservação de privacidade e tem a sigla PEPP-PT. No próprio site da iniciativa que junta empresas europeias de grande dimensão e várias universidades admite-se que a iniciativa procura usar o exemplo bem sucedido visto em alguns países asiáticos – de forma a tornar a quarentena mais eficaz -, mas procura criar maior segurança a nível de proteção de dados dos utilizadores, seguindo as regras europeias.

O PEPP-PT, que reúne 130 investigadores de oito países, quer lançar a sua plataforma até ao dia 7 de abril, explica à Reuters um dos principais dinamizadores, Hans-Christian Boos, fundador da startup alemã de tecnologia Arago e membro do conselho consultivo digital da chanceler Angela Merkel.

Merkel, isolada após ser tratada por um médico com resultado positivo para Covid-19, já admitiu recomendar o uso da app no país “desde que seja eficaz e voluntário”.

Epidemiologistas admitem que o rastreamento dos contactos entre a população pode-se tornar numa arma vital para conter surtos futuros de Covid-19 (espera-se que possa o outono possa trazer novo surto da doença), especialmente quando se começar a aumentar a atividade económica após o bloqueio atual.

À Reuters, Marcel Salathe, professor de epidemiologia no Instituto Federal Suíço de Tecnologia em Lausanne, admitiu: “todos sabemos que, como sociedade e economia, não podemos continuar assim [com limitação profunda da atividade económica e de movimentos] por um longo período de tempo”.

A nova plataforma de uso anónimo pretende utilizar tecnologia Bluetooth de baixa energia de forma a que respeite o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD ou GDPR) da União Europeia e indica que não exige o rastreamento intrusivo dos dados de localização de cada um.

O objetivo passa por registar as conexões feitas entre smartphones e, incluí-las num servidor central durante duas semanas usando uma criptografia forte anti-hackers. Apenas as autoridades locais de saúde, consideradas aqui entidades ‘confiáveis’, podem fazer o download dos dados para notificar as pessoas em risco de infecção e pedir para que elas se isolem.

A iniciativa também destaca um estudo de investigadores do Big Data Institute da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que indica a necessidade de ter cerca de 60% da população de um país (ou de uma zona) envolvida para que esta abordagem seja mais eficaz. Quem não tem smartphones podem ainda usar o que o projeto chama de braçadeiras habilitadas para Bluetooth.

O instituto alemão Fraunhofer Heinrich Hertz Institute (HHI) está a juntar os contributos de especialistas e empresas como a Vodafone, parceiro de telecomunicações do projeto e foram já testados voluntários do exército alemão para medir como diferentes marcas de smartphones podem funcionar neste sistema.

O projeto PEPP-PT é baseado na app de Singapura TraceTogether, que até já está disponível na Europa mas é totalmente focada na região do sudeste asiático, em regras e formas de funcionamento.

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