O streaming está na moda, mas há vários níveis de qualidade possíveis quando vemos conteúdos pela internet. O mais recente episódio de Guerra dos Tronos expôs alguns problemas bem atuais.
A terceiro episódio da última temporada da série mais mediática do momento, Guerra dos Tronos, foi emitido pela primeira vez de domingo para segunda-feira. Onde? Na HBO Portugal, o serviço de streaming rival da Netflix, que não conseguiu iniciar a transmissão logo às 2h da manhã – a hora prometida -, por alegadas questões de segurança. Já o canal SyFy transmitiu à hora combinada, 2h da manhã, e repetiu já ontem à noite.
Na incrível batalha que decorre no terceiro episódio – que é o mais longo e aquele que tem a maior batalha (67 minutos) da série -, houve vários fãs a criticar o excesso de escuro e aparente pior qualidade, que poderá ter tornado a experiência um pouco menos arrebatadora.
A verdade é que nem todos viram da mesma forma, naquele que foi um dos episódios mais caros e meticulosamente preparados e produzidos na história das séries de televisão. O motivo? Muitos fãs foram vítimas do flagelo da baixa qualidade de streaming ou das más configurações da sua TV (quanto pior for a qualidade do seu televisor mais hipóteses tem de ver pior um episódio passado num exigente inverno e todo à noite).
“The Longest Night”, o nome oficial do terceiro episódio – serão seis nesta última temporada – joga em muito com uma intensa batalha contra o exército dos mortos em plena escuridão noturna (e tempestade à mistura). De acordo com o Techcrunch, estes ingredientes são o pior cenário para o streaming doméstico, nomeadamente um streaming menos capaz ou que não seja de alta definição.
Está tudo relacionado com a compressão, que é necessária fazer para enviar de forma eficiente conteúdos pela internet. Embora tenham sido feitos avanços na compressão de vídeo (tornar os vídeos mais compactos), a largura de banda em algumas residências ou mesmo a forma como a compressão foi feita para o streaming pela HBO pode ter complicado o visionamento dessa forma do episódio.
O trabalho final do episódio terá resultado num ficheiro com centenas de gigabytes (ou mesmo terabytes), que são depois comprimidos para o streaming. Os chamados codec procuram usar técnicas de compressão para não afetar a qualidade do vídeo, mas se a imagem é muito escura podem haver problemas para exibir os detalhes, o brilho ou as cores. Essa é uma das explicações para a qualidade, para quem viu em streaming, poder ser pior.
(O youtuber Casey Neistat falou na qualidade inicial com que viu o episódio desta semana)
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Streaming da Netflix melhor do que o da HBO?
Resta saber se a HBO tem pior, igual ou melhor qualidade do que a Netflix consegue no seu streaming – certo é que a Netflix tem vários anos e muitos milhões de euros gastos em avanços tecnológicos nesta área.
O The Verge cita relatórios recentes, para indicar que os serviços de streaming de HBO nos EUA, HBO Now e HBO Go, transmitem Guerra dos Tronos a uma velocidade de 5 Mbps, contra os 10 Mbps que a Amazon usa no seu serviço Prime Video – nos EUA. A Apple TV, que vai incluir HBO, promete uma qualidade melhor de streaming, mas só vai chegar aos EUA durante o mês de maio.
A publicação norte-americana indica ainda que, na generalidade, a HBO está atrás da Netflix a nível de apresentação das suas séries, conseguindo que vários conteúdos sejam emitidos com qualidade 4K HDR, contra um máximo de 1080p de streaming de vídeo da HBO. Ora, na maior parte dos casos não se nota uma grande diferença, mas num episódio visualmente tão exigente (por ser passado à noite e com as melhores câmara e que captam mais detalhe possíveis), é mais provável sentir-se essa diferença. Ou seja, quem viu no SyFy terá visto o episódio com mais detalhe e qualidade geral do que com a HBO Portugal.
As definições dos televisores
Do ponto de vista do televisor também há cuidados que se podem ter neste tipo de circunstâncias. Embora seja óbvio que, quanto melhor for a qualidade do seu televisor, melhor será a visualização de um conteúdo tão épico e arrojado como o terceiro episódio da última temporada de Guerra dos Tronos. A maioria dos televisores atuais chega às nossas salas com definições de visualização demasiado brilhantes e que nos afetam. A reação habitual é reduzirmos esse brilho para não ser tão intenso para os olhos. Quando isso acontece, tornamos o negro mais escuro e menos cinzento.
Num episódio passado à noite tão escuro como este de que temos estado a falar, essas definições vão ser prejudiciais para discernir bem os detalhes. O melhor que tem a fazer é aumentar o brilho do seu televisor, para ver melhor as sombras e discernir melhor o que se passa no ecrã. Se o seu televisor tiver uma opção para cinema, ou um modo de calibração automático, deve seguir esse caminho para episódios cinematrográficos como este da Guerra dos Tronos.
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