No balanço de dois anos da iniciativa MUDA (Movimento pela Utilização Digital Ativa), Alexandre Nilo Fonseca, diretor executivo, faz questão de sublinhar que é “importante não deixar ninguém para trás” no que toca ao panorama digital. Uma das próximas fases é o projeto MUDA na Aldeia, onde jovens voluntários dar formação nas juntas de freguesia.
Lançada a 15 de maio de 2017, nestes dois anos a iniciativa para a utilização digital ativa percorreu o país e, de acordo com os números da organização, apoiado num estudo da GFK, conseguiu “ter um impacto na vida de 1,6 milhões de portugueses”. Mas ainda há trabalho por fazer.
Durante estes anos, a iniciativa para a digitalização percorreu o país, com um roadshow nacional onde o objetivo era claro: mostrar aos portugueses as potencialidades do mundo digital, com exemplos práticos, desde interagir com a família através de aplicações ou a utilizar a Internet para fazer pesquisas. No total, a iniciativa percorreu 30 cidades, de Braga a Faro, com opções para diferentes faixas etárias. “Não se mobilizam os portugueses a partir de um escritório em Lisboa”, destaca Alexandre Nilo Fonseca, ressalvando que este roadshow “permitiu ao projeto estar mais próximo das pessoas”.
Mas, como frisa Alexandre Nilo Fonseca, “é importante não deixar ninguém para trás”, num cenário onde se corre o risco de “as pessoas infoexcluídas deixarem de ter acesso a um conjunto de serviços”, inclusive de comunicação com o Estado. Por isso, neste programa MUDA estão incluídas iniciativas tanto para utilizadores básicos como para quem já tem mais experiência no mundo dos serviços digitais. No roadshow, que no total “recebeu cerca de 30 mil pessoas”, os dados apontam uma clara predominância do sexo feminino – 55% dos visitantes eram mulheres.
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Uma das facetas do projeto para a inclusão que se foca na proximidade é o projeto MUDA na Escola, uma iniciativa para formação de seniores, onde quem quiser pode inscrever-se para ter aulas sobre o mundo digital numa escola secundária da sua área de residência. Mas há uma diferenciação neste projeto: a formação é dada por alunos do 11.º e 12.º ano, que se voluntariam para ensinar as bases do mundo digital a quem quer dar os primeiros passos nas andanças digitais.
Não há grandes dúvidas sobre o maior objetivo de quem procura esta formação: “estar no Facebook e interagir com os familiares”, conta Alexandre Nilo Fonseca, que esteve presente na primeira formação,dada este ano, numa escola do Porto. “Podem não conhecer muito, mas sabem o que é o Facebook, porque já viram para que serve. Há casos em que sabem de um jantar dos antigos colegas de trabalho e sabem que no Facebook dá para ver as fotografias, mesmo que não tenham ido”.
O objetivo passa por chegar a mais escolas secundárias do país, mas por agora é “preciso terminar este ano letivo, perceber como correu [o projeto] para poder alargar a iniciativa a mais escolas”. Atualmente, há 18 escolas secundárias que disponibilizam este tipo de formação, com a duração de duas horas.
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Mas o que é que acontece a quem não tem uma escola secundária por perto? O MUDA percebeu a necessidade e prepara-se para lançar em breve o “MUDA na Aldeia”, onde serão as juntas de freguesia a servir de local de formação. A primeira prova já tem a região escolhida: “uma aldeia perto de Abrantes”, indica Alexandre Nilo Fonseca, sem especificar o nome da aldeia. Serão também as juntas a assegurar as inscrições
Além do MUDA na Aldeia, está ainda nos planos da iniciativa a criação do MUDA no Bairro, que pretende aproximar as comunidades, com o “objetivo de ter uma sociedade mais inclusiva e avançada”.
Chave Móvel Digital cresceu nestes dois anos
Uma das iniciativas presentes nesta passagem por várias cidades foi a Chave Móvel Digital (CMD), uma das medidas do Simplex, que permite fazer a autenticação em vários serviços. De acordo com os números apresentados, em 2019 já ultrapassou as 467 mil CMD, um aumento considerável em relação às mais de 212 mil CMD registadas no ano passado.
Nestes dois anos de atividade, a iniciativa aumentou o número de parceiros, que operam em 13 setores de atividade. Na lista contam-se atualmente empresas como a Microsoft, Google, Fnac, NOS, MEO, Vodafone, MB Way, a Agência para a Modernização Administrativa, entre outras entidades. “Foi a primeira vez que tantos concorrentes se juntaram para uma iniciativa”, sublinha a organização do MUDA.
Com o balanço destes dois anos de trabalho feito, já há objetivo traçado para 2020: garantir que a percentagem de portugueses que nunca acederam à internet é reduzida para os 15%, de acordo com os parâmetros da Comissão Europeia.
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