Verónica Orvalho, fundadora da Didimo, tem uma visão: tornar a comunicação e as interações no mundo digital mais humanas. E já captou 1,1 milhões de euros para o sonho ser realidade.
O oposto da educação não é a ignorância. O oposto da educação é o isolamento.” Verónica Orvalho, fundadora da tecnológica Didimo, tem uma visão. “Quero usar a tecnologia da Didimo para construir uma plataforma que irá permitir que qualquer criança possa ensinar outra criança, para que possamos estreitar a distância entre culturas”, afirmou à DN Insider.
No centro do seu trabalho está o rosto humano – “a imagem que conhecemos melhor”. A sua empresa, que transforma selfies em personagens 3D, já angariou 1,1 milhões de euros em financiamento. A empreendedora, de 42 anos, diz que o objetivo do seu produto é encorajar a comunicação pessoal.
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A Didimo “é líder na criação de humanos digitais de alta resolução”. “A nossa tecnologia traz autenticidade às interações virtuais”, explica a gestora. “Acreditamos que o nosso eu virtual deve ser tão autêntico e pessoal quanto o nosso eu físico”.
Desenvolver empatia no mundo digital é um desafio que ultrapassado pode ter impacto nas receitas e nos lucros de empresas com negócios online.
O produto tem várias aplicações, desde o retalho aos jogos online e entretenimento, e a Didimo tem parceiros de negócio gigantes como a Amazon e a Sony.
“Queremos trazer a riqueza da comunicação humana para as interações digitais. Sabemos que podemos alcançar isso reforçando a nossa ligação ao mundo digital através da imagem que conhecemos mais intimamente – a nossa”, afirma. “Com o Didimo podemos unir as pessoas”, diz, já que “o Didimo – uma versão 3D virtual do seu eu – vai falar qualquer idioma e agir como você”.
“Colocamos na mão de todos a possibilidade de criar personagens 3D de alta resolução.”
A empresa está atualmente a trabalhar em duas áreas: “Média digital – incluindo projetos com a Sony e a Amazon e outras empresas de jogos e realidade virtual -; retalho, na vertente de compras online, e em como podemos melhorar a experiência do utilizador e reduzir a devolução de produtos.”
Diz-se que se tem avançado tanto na computação gráfica em 3D que é difícil diferenciar o virtual do real. “Tenho a convicção de que o futuro não é apenas criar representações 3D mais realistas, mas sim criar as ferramentas que permitirão a criação de conteúdo 3D de alta resolução por qualquer pessoa, deixando de estar limitada a especialistas”, adianta. “É aqui que a Didimo dá o seu contributo: colocamos na mão de todos a possibilidade de criar personagens 3D de alta resolução.”
Do Porto com amor
Já fez uma apresentação na TEDx para mais de mil pessoas. Venceu o primeiro lugar no Women Startup Challenge da organização Women Who Tech, em Nova Iorque, e recebeu um prémio científico da IBM.
As suas invenções foram utilizadas por gigantes como a Universal Studios, a Sony, a Microsoft e a Amazon. No passado mês de agosto, a empresária teve direito a um artigo na Forbes. Na imagem escolhida pela publicação norte-americana para ilustrar o artigo, Verónica surge com um largo sorriso. Foi uma foto tirada no dia em que fez uma demonstração da Didimo na Techstars, em Londres, em 2016. É também a sorrir e com altas esperanças que encara o futuro.
Foi em 2016 que Verónica Orvalho criou a Didimo. Na altura, já levava mais de uma década como professora universitária. Inicialmente, antes de surgir a empresa, o projeto foi financiado pelo programa UT Austin Portugal e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
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Já com a empresa criada, a Didimo conseguiu financiamento junto da Techstars – uma plataforma de apoio a startups -, empresas privadas e investidores. Está a desenvolver projetos com a Amazon e a Sony. Também tem projetos em curso com parceiros em Portugal, mas “por enquanto é confidencial” e não pode dar detalhes.
Apesar de estar sediada no Porto e ter o escritório de desenvolvimento em Leça da Palmeira, no Polo do Mar do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, a Didimo é uma empresa registada nos Estados Unidos.
A empresária nasceu em Buenos Aires e cresceu na Argentina, mas é na Invicta que tem o coração. Confessa que “gostaria de que a Didimo continuasse no Porto, porque “é um belo lugar para estar”. “Aqui, é onde estou com a família, onde os meus filhos vão à escola.” O pai, português, deu-lhes acesso à nacionalidade portuguesa, que têm desde que nasceram.
Licenciada em Engenharia de Software pela Universidade de Belgrano, em Buenos Aires, aprofundou os estudos tirando um mestrado em Design de Videojogos e Desenvolvimento na Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, a que se seguiu um doutoramento em Ciência da Computação e Comunicação Digital, na mesma universidade.
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Em 2007 criou a Face In Motion, uma startup na área de produção de animação. São da sua autoria a pesquisa e desenvolvimento de técnicas e algoritmos relacionados com a computação gráfica na Face In Motion.
A par da sua atividade empresarial, lidera o Centro Interativo do Porto, no Instituto de Telecomunicações da Universidade do Porto, desde 2008. Personagens de animação e animação facial são as especialidades do Centro Interativo.
Este artigo foi publicado inicialmente na revista Insider de setembro, com o título original ‘A startup do Porto que cria humanos digitais’.