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2018: Odisseia (de 7 dias) só com tecnologia

Ilustração de Luís Mestre

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Na era dos Uber, assistentes digitais (ainda sem o português de Portugal como opção), da realidade virtual, dos pagamentos sem cartões nem carteiras, tentámos viver uma semana com o máximo de tecnologia que encontrámos disponível para todos.

O desafio, feito em Lisboa, trouxe algumas (boas) surpresas e algumas dificuldades e, claro, não foi possível ser sempre totalmente tecnológico. Venha connosco nesta aventura tech que será partilhada no site da Insider ao longo dos próximos sete dias.

DIA 1. Cabify e companhia

Deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer. O ditado é antigo, o smartphone é recente e é, provavelmente, o principal despertador da atualidade. Acordei com o chamado “Hora de deitar” do iPhone.

Não é o despertador propriamente dito, é uma zona do relógio onde podemos dizer a hora a que queremos deitar e a que queremos acordar, alerta-nos para nos irmos deitar, conta as horas que dormimos (supostamente analisa a qualidade do sono e diz-nos quantas horas estivemos na cama), dá-nos conselhos (“deite-se à mesma hora, levante-se à mesma hora, seja regular”) e envia a informação para a app de Saúde da Apple (num ecossistema Android há as mesmas opções).

A manhã começou com conversa com a coluna inteligente Google Home Mini, ou melhor, com a Google Assistant. Teve de ser em inglês, porque ainda não está disponível em português. Ao dizer “bom dia”, ela informa-me do tempo, da agenda do dia (os eventos colocados no Google Calendar) e dita-me as notícias internacionais (lá está, só dá para escolher à priori meios americanos ou ingleses na opção de língua em inglês).

Peço uma playlist já definida para a manhã, que começa a tocar e, enquanto me visto, pergunto-lhe as horas. A voz feminina alegre (é a voz standard) para a música para nos dar as horas e recomeça a tocar. Também consigo acrescentar coisas à lista de compras ou ligar e desligar as luzes do quarto, só para dar dois exemplos. Simples, prático e sem nunca olhar para ecrãs.

Missão seguinte onde posso usar tecnologia, além de por a música do Panda e os Caricas no iPad enquanto visto o meu filho de dois anos e meio? Levá-lo à creche. Fica a quase três quilómetros, por isso a opção foi pelo Cabify, porque permite escolher logo cadeiras apropriadas para a criança – há pessoas que usam Uber ou Taxify para levar as crianças sem cadeira apropriada, mas não é a opção mais segura (ou legal).

O carro demorou um pouco mais do que a Uber, cinco minutos, mas deu para sair de casa no momento em que chegou (já que dá para ver por onde anda na app). A viagem custou 7 euros e fomos num belo Renault Talisman (modelo mais premium) e só tivemos de esperar dois minutos enquanto o simpático condutor colocava a cadeira apropriada. De Uber ficaria entre 2 a 4 euros e de Taxify (na altura estava com desconto de 30%) entre 1,8 e 2,4 euros, bem mais barato, portanto, quase ao nível de um bilhete da Carris. Impressionante.

O caminho para o trabalho foi feito de eCooltra, as scooters elétricas partilhadas. Vi na app que havia uma perto, reservei e demorei dois minutos a chegar a ela. É fácil de conduzir, silenciosa e, embora seja rápida, só dá 48 km/h. A viagem de seis minutos e 2 quilómetros, custou 1,44 euros e fiquei à porta do trabalho.

O almoço voltou a ser tecnológico. Uber Eats foi o serviço escolhido. Tal como tudo até aqui, a carteira até podia ter ficado em casa. É pegar no telemóvel (registo feito e cartão de crédito inserido) escolher o restaurante e o prato (o preço dos menus é ligeiramente mais caro se comprássemos em loja) – escolhemos sushi – e encomendar. Estimativa para estar à nossa porta nas Torres de Lisboa: 40 minutos. Tempo que demorou: 45.

Pudémos ir espreitando onde andava o estafeta de mota pela app. Tudo isto sem nos levantarmos da cadeira do trabalho – só para ir à porta buscar o saco e.. para comer. Pagámos 10,90 pelo sushi e 2,90 pela entrega. É caro para usar todos os dias – a tecnologia, neste caso, facilita (chega a ser uma bela mordomia) mas sai cara.

O final do dia repetiu a dose com a eCooltra. Objetivo? Ir ao Estádio da Luz (perto do local de trabalho) ver o jogo de Portugal com Itália. Por pouco não perdia a única scooter elétrica disponível perto do trabalho (havia outra pessoa com a app aberta). Em 4 minutos estava à porta do estádio, perto de uma maré de motas (inclusive outras eCooltras), sem o problema típico para estacionar e com facilidade de passar entre o (muito) trânsito. Custou menos de um euro e tudo sem nunca tocar em dinheiro.

À noite, já em casa, a Google Assistant voltou a ser um amor de assistente: foi possível colocar alguns artigos na lista de compras partilhada (uso a app Wunderlist) apenas com indicações de voz (em inglês): “Hey Google, acrescenta à lista de compras leite, ovos e atum”.

Leia os restantes dias desta odisseia:

2018: Odisseia só com tecnologia. Ginásio em casa

2018: Odisseia só com tecnologia. Mobilidade à moda da Uber (dia 3)

2018: Odisseia só com tecnologia. Das escovas elétricas à realidade aumentada (dia 4)

2018: Odisseia só com tecnologia. Cinema 4DX e companhia (dia 5)

2018: Odisseia só com tecnologia. Hotel smart com vista para o futuro (dia 6)

2018: Odisseia só com tecnologia. Dia de realidade virtual (o fim)

 

*Este artigo foi originalmente publicado na edição de agosto/setembro de 2018 da revista Insider.