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Facebook em apuros: Boicotes em publicidade custam milhões e vêm aí mudanças

Mark Zuckerberg. (Photo by ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP)

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Facebook perde 60 mil milhões de dólares em valor de mercado em apenas dois dias com boicote de 160 empresas em publicidade na plataforma. Zuckerberg reage com algumas medidas.

Nos últimos anos “o Facebook tem pedido regulação, mas tem-se esforçado mais ainda para nunca perder o controlo daquilo que é a sua galinha dos ovos de ouro, as receitas publicitárias”. Isso mesmo disse-nos numa entrevista (publicaremos em breve) durante a conferência Collision from Home o investigador do Pew Research Institute, Lee Rainie, que admite que a empresa de Mark Zuckerberg só é mais reativa quando há hipótese das suas receitas publicitárias serem afetadas: “é mesmo atingir o Facebook onde lhe dói”.

Desde o final da semana passada que várias empresas começaram a boicotar e suspender, umas atrás das outras, o valor que gastam diariamente em publicidade no Facebook e este fim de semana foram mais algumas. Coca-Cola, Starbucks, Verizon e Unilever juntaram forças para iniciar um boicote, alguns prometem para já um mês de suspensão, outros vão até seis meses.

Tudo porque dizem que a empresa não faz o suficiente para remover o discurso de ódio ou informação falsa da plataforma. Uma reportagem recente indica mesmo que um estudo interno do Facebook terá indicado que o algoritmo que destaca ou despromove um conteúdo dá primazia a conteúdos que causam divisão, por serem esses que provocam mais interação e, ajudam, assim, nos anúncios publicitários.

Há quem prefira apenas suspender a publicidade, outros juntam-se mesmo oficialmente ao boicote que faz parte da campanha Stop Hate for Profit (Parem o ódio pelo lucro) e que, com as manifestações do movimento Black Lives Matter e com o aproximar das eleições presidenciais nos EUA – em novembro – ganham nova tração.

Mais de 160 empresas anunciaram esta suspensão de anúncios para atingir o Facebook na sua principal fonte de receita (mais de 98%), para que passe à ação com medidas concretas – o ano passado o Facebook reuniu mais de 106 mil milhões de dólares em receitas com publicidade e, em conjunto com a Google, dominar cerca de 86% do mercado publicitário online mundial.

Daí que só na sexta-feira o Facebook perdeu 56 mil milhões de dólares (49,7 mil milhões de dólares) em valor de mercado, uma queda de 8,3% nas ações, algo que continua na manhã desta segunda-feira no Nasdaq, com 3% de queda e o valor de perdas a crescer para mais de 60 mil milhões de perdas em apenas dois dias.

Zuckerberg também caiu assim na lista do top 3 dos mais ricos do mundo, de acordo com o índice da Bloomberg, com a sua fortuna a perder 7,3 mil milhões de dólares e a atira-lo para 4º lugar dos mais ricos, agora atrás de Bernard Arnault, o responsável da Louis Vuitton – à frente estão Jeff Bezos e Bill Gates.

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Reação com medidas: políticos incluídos

O CEO do Facebook respondeu na sexta-feira às crescentes críticas e boicotes, com um anúncio inédito e que, antes, tinha sido sempre relutante em fazer: vai começar a colocar rótulos nos posts relacionados com as eleições, com um link para que os utilizadores vejam informação confirmada no centro de dados aos eleitores norte-americanos.

Também foi anunciado que o Facebook expandiu agora aquela que era a sua definição de discurso de ódio proibido na plataforma, com uma nova cláusula que não irá permitir anúncios se eles indicarem que algum tipo de população demográfica é perigosa. “Neste caso não há excepções para os políticos nestas novas regras anunciadas hoje”, diz Zuckerberg, numa mudança significativa de posição depois de não querer moderar nem travar anúncios políticos, mesmo quando divulgam informação falsa. No entanto, os críticos dizem que não chega.

Este domingo o The Washington Post explica mesmo, numa reportagem, como Zuckerberg passou em 2015 de uma atitude em que queria sancionar Trump no Facebook, para criar regras mais favoráveis para o acomodar.

Vários funcionários do Facebook também têm reagido com protestos (e até demissões) durante a pandemia ao que consideram uma falta de ação necessária de Zuckerberg a posts que incitam ao ódio por parte de Trump – numa altura em que o Twitter adoptou uma posição contrária, colocando várias vezes rótulos ou limitações nos tweets de Trump.

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De seguida a lista de empresas mais conhecidas que, de alguma forma, suspenderam publicidade no Facebook nesta altura:

Starbucks
Unilever, o gigante europeu de bens de consumo responsável pela Dove, Lipton ou Ben & Jerry’s (o bloqueio em anúncios foi só nos EUA e inclui também o Twitter)
Coca-Cola (suspende anúncios por 30 dias)
Verizon, operadora de telecomunicações nos EUA
Empresas de produtos de aventura como Patagonia, Arc’teryx, North Face, JanSport, Eddie Bauer e REI
Hershey’s, gigante dos chocolates
Upwork, empresa de recrutamento
Magnolia Pictures, produtora de cinema
Dashlane, gestora de passwords
Honda (a divisão americana da empresa de automóveis)
Levi Strauss
Eileen Fisher, empresa de moda

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