Aos 15 anos de ‘vida’, o Facebook anda à procura dos jovens perdidos da sua plataforma, nem que para isso os tenha de cativar dentro do Instagram (que lhe pertence).
Mark Zuckerberg, aos 34 anos, é um jovem CEO. Na verdade, foi o primeiro jovem millennial (nascido já nos anos 1980) a ser CEO de uma empresa cotada em bolsa. A rede social que criou, em 2004, em Cambridge, Massachusetts (nos EUA), faz esta segunda-feira 15 anos, tem idade de adolescente. Mas a empresa enfrenta há algum tempo um desafio de difícil resolução: tem estado a perder os jovens utilizadores e a idade média de utilizadores vai subindo.
Comecemos pelos dados. De acordo com um estudo do Centro de Pesquisa Pew divulgado no verão de 2018, há uma crescente número de jovens que abandonaram o Facebook desde 2015, trocando a rede social pelo YouTube, Instagram e Snapchat. O estudo indica ainda que apenas 51% dos jovens norte-americanos entre os 13 e os 17 anos, dizem que usam a rede social, contra 71% do que era indicado num estudo semelhante de 2015, quando era a plataforma dominante.
O estudo indica também que em 2018 “houve um uso consideravelmente mais baixo” de Facebook, em comparação com a utilização do YouTube (85%), Instagram (72%) ou Snapchat (69%). No estudo anterior, de 2015, o Instagram, por exemplo, só tinha 52% de utilização pelos jovens e o Snapchat 41%.
Há alguns sinais que demonstram como Zuckerberg está algo desesperado em recuperar os jovens para a maior rede social do planeta e, nesse contexto, o facto da sua empresa ter comprado, em 2012, o Instagram, ajuda nessa equação.
O Facebook, como a rede social com mais utilizadores do planeta (2,3 mil milhões) está, especialmente desde 2018, a criar uma ligação mais direta entre Instagram e o próprio Facebook. Essa será uma das formas que Mark Zuckerberg encontrou para tentar aliciar os utilizadores do Instagram para o Facebook, já que é cada vez mais fácil (as sugestões têm sido constantes), partilhar no Facebook o que colocámos no Instagram.
Um Instagram ligado ao Facebook
O Instagram tem sido alvo de vários testes diferentes para aumentar a ligação ao Facebook. Cada conteúdo que colocamos, seja uma foto, vídeo ou as chamadas Stories (pequenos momentos em foto ou vídeo vistos em sequência com tempo limitado e que se mantém ativos durante 24 horas), tem uma ligação fácil para ser colocada de imediato no Facebook. É nas Stories que mais se sente essa diferença.
Houve uma altura em que, assim que fazíamos cada Story, o Instagram sugeria de imediato que fosse direta para o Facebook, tínhamos de dizer que não queríamos que isso acontecesse. Essa alteração não durou muito, mas continua a haver lá a ligação ao Facebook com um toque no ecrã. A ironia é que o mesmo não acontece no Facebook: quando fazemos por lá uma Story, não há a mesma ligação ao Instagram.
Estas alterações para dar força ao Facebook (especialmente nas Stories) junto dos jovens intensificaram-se por volta da mesma altura em que os fundadores do Instagram saíram da empresa, em desacordo com a política mais recente de Zuckerberg relativamente à rede social de fotografias que criaram. O Facebook é dono do Instagram (criada em 2010 e desde 2012 que pertence à rede social de Mark Zuckerberg) e do WhatsApp (lançado em 2009 e desde 2014 uma subsidiária do Faceboook) e, desde o início, tem mantido uma postura de manter as marcas independentes.
Mas é isso que parece estar a mudar. O New York Times noticiou a semana passada que Mark Zuckerberg quer integrar os serviços de mensagens do WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger. Embora os serviços continuem com apps distintas, a infraestrutura técnica pode, assim, ser unificada, o que colocaria este trio conjunto de serviços de mensagens instantâneas um gigante com 2,6 mil milhões de utilizadores – permitindo que as pessoas comuniquem pela primeira vez entre plataformas, sem mudar de app.
Face às recentes polémicas em torno da privacidade no Facebook (a mais recente envolve uma app que pagava a jovens para ter acesso aos seus dados, já expulsa do iOS), a notícia foi recebida com algumas críticas. Entretanto, Zuckerberg explicou esta quarta-feira, durante a apresentação de resultados da empresa (com boas notícias a nível de receitas), que ainda não há certezas sobre esta integração, confirmando que há planos nesse sentido.
Certo é que o Facebook, embora continue a ter uma relevância sem paralelo, parece estar verdadeiramente preocupado com esta ausência de jovens, com um uso frequente, na plataforma. É que o seu modelo de negócio depende de níveis de utilização elevados (para angariar publicidade) e, naturalmente, os jovens são peça charneira para uma estratégia de futuro.
Sobre a temática do Facebook, pode ler alguns artigos que fizemos recentemente:
Aos 15 anos, Facebook sofre as dores de crescimento da adolescência
Utilizadores que se afastam do Facebook por um mês são mais felizes, diz estudo
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Problemas no Facebook? Resultados apontam na direção oposta
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