Depois de um quarto trimestre com uma subida de 4,8% nas remessas mundiais, a previsão é agora muito negativa para 2020.
Foi sol de pouca dura, a recuperação da venda de computadores em 2019 que o consultor da IDC Ryan Reith tinha considerado “impressionante”. Depois de um quarto trimestre com uma subida de 4,8% nas remessas mundiais, a previsão é agora muito negativa para 2020. A IDC baixou as suas perspetivas para o mercado PCD – dispositivos de computação pessoal, o que inclui computadores desktop, portáteis, workstations e tablets, devido aos efeitos negativos do novo coronavírus.
“Já perdemos quase um mês de produção devido à extensão de duas semanas das férias do Ano Novo Lunar”, explica Linn Huang, vice-presidente de pesquisa da unidade Devices & Displays da IDC. “Esperamos que o caminho para a recuperação da cadeia de fornecimento da China seja longo, com uma volta lenta dos empregados às fábricas nas províncias afetadas até maio, quando as condições meteorológicas melhorarem”, acrescentou.
Segundo o analista, as fábricas nestas regiões são responsáveis pela produção de muitos componentes críticos para o mercado de computadores e tablets, incluindo sensores táteis, ecrãs e placas de circuitos impressos, o que vai causar uma crise de fornecimento no segundo trimestre.
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A comparação das vendas neste ano com 2019 já era difícil por causa das condições excecionais que marcaram o ano passado, nomeadamente a aproximação do fim do suporte da Microsoft ao Windows 7. Muitas empresas decidiram renovar o parque informático por causa do fim do suporte e isso ajudou o mercado a crescer mais que o esperado, o que em 2019 marcou uma inversão notável da tendência de retração que vinha ocorrendo desde 2012.
O que o novo coronavírus traz é um condicionalismo difícil de contornar, já que o afunilamento da produção é inevitável. “Não há dúvida que 2020 terá desafios visto que os níveis de produção estão em mínimos históricos e até os produtos prontos para vender enfrentam problemas logísticos”, analisou Jitesh Ubrani, diretor de pesquisa do programa Worldwide Mobile Device Trackers da IDC.
“Os salários perdidos por causa do encerramento das fábricas e a redução global da qualidade de vida vão acentuar o declínio na segunda metade do ano, em que a procura será impactada negativamente.” Na revisão, a IDC baixa a previsão em 6,4% para os computadores e 11,8% para os tablets. No total, a consultora prevê que sejam vendidos 248 milhões de computadores em 2020 – quase menos 20 milhões que no ano passado – e 126,2 milhões de tablets.
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Várias fabricantes já avisaram que a epidemia do novo coronavírus irá ter um impacto notável no seu negócio este ano. A Apple disse que não conseguirá atingir os objetivos do primeiro trimestre de 2020, a HP reduziu as previsões de receitas e a Lenovo – maior fabricante mundial de computadores – alertou que não haverá produção suficiente para toda a indústria.
O que virá a seguir
Todos estes números são condicionais, tendo em conta que o trajeto do Covid-19 não está contido e a sua gravidade ainda pode piorar. Se o vírus for controlado em 2020, a IDC antecipa que as coisas melhorem em 2021 e o mercado volte ao normal, com crescimento a vir sobretudo dos dispositivos com novos formatos – portáteis ultra-finos, tablets destacáveis e portáteis conversíveis.
Em tendências normais de mercado, a previsão é que as empresas comecem a investir mais nestes formatos para atraírem e reterem uma força de trabalho mais jovem e dinâmica, que precisa de conectividade em qualquer lado com dispositivos flexíveis.
A IDC destaca ainda a procura continuada por dispositivos virados para os jogadores de videojogos e o crescimento de computadores e tablets com capacidades celulares, o que deverá contribuir para a recuperação das vendas.
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