Vírus corta mais de 30 milhões de unidades a previsões de remessas de smartphones

(NICOLAS ASFOURI/AFP)

Com o vírus a ter um forte impacto nas cadeias de produção de vários setores, da indústria automóvel à tecnologia, um novo relatório tenta estimar qual o impacto nas remessas de produtos tecnológicos.

O relatório feito pela TrendForce analisa o impacto do coronavírus – agora covid-19 – em várias áreas de atividade. Com várias unidades de produção na China a tentar lentamente o regresso à normalidade, o vírus já provocou o cancelamento de vários eventos, inclusive do Mobile World Congress, e já fez com que empresas atualizassem as previsões de receitas para o trimestre, tendo já em conta o impacto do vírus. Empresas como a Apple ou a Nvidia são alguns dos exemplos.

No relatório, a TrendForce indica que, na área da eletrónica de consumo, haverá segmentos de produtos mais afetados do que outros. Na área dos telefones, a empresa de análise altera as remessas do primeiro trimestre para os 275 milhões de unidades, menos 32 milhões de unidades em relação à previsão anterior. A projeção da produção anual de smartphones está situada nos 1,4 mil milhões de unidades, o que representa uma quebra de 1,3% em relação a 2019. “Ainda assim, devido à natureza do vírus, é inteiramente possível que a produção de smartphones em 2020 caía abaixo desta previsão”, alerta a TrendForce.

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A área dos wearables, onde estão incluídos os smartwatches, é o segmento que mais sofrerá o impacto do vírus no mercado chinês, estima a TrendForce. “Os wearables de marcas chinesas estão maioritariamente virados para vendas domésticas e, consequentemente, são quem sofrerá a maior quebra na primeira metade de 2020, comparando com marcas internacionais”. A empresa nota que o maior momento de propagação do vírus coincidiu com o Ano Novo Chinês, normalmente associado à época de maior consumo na China. Com restrições às viagens e períodos de quarentena, registou-se uma acentuada quebra no consumo durante esta altura.

Já no segmento de portáteis, monitores e televisores, o vírus está a fazer com que haja falta de componentes – o que afetará a produção de equipamentos. A TrendForce estima que o maior impacto dentro deste segmento seja sentido na área dos portáteis, com uma redução das previsões na ordem dos 12,3% (dos 35 milhões de unidades previstas no início do ano passou-se para os 30,7 milhões de unidades).

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Ainda assim, há uma área que, apesar de estar a sentir o impacto na produção e nas vendas, poderá sair ilesa neste cenário: as consolas. A TrendForce reconhece que é na China que é feita uma boa parte da produção de consolas, mas que a época alta de vendas para este produto ocorre na segunda metade do ano. Com novos modelos a chegar ao mercado no final do ano – a PS5 e a Xbox X – os analistas referem que estas consolas arrancarão a produção no segundo trimestre de 2020, referindo que “serão lançadas a tempo, a menos que o vírus persista”. “Em última análise, o impacto do Covid-19 na indústria de videojogos em 2020 será, no mínimo, leve”.

 

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