Apple contra fake news investe no jornalismo antes de lançar serviço de notícias

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Empresa quer promover a literacia noticiosa, para que os utilizadores aprendam a navegar pelas notícias na era das fake news. Em causa estão donativos a organizações com programas nesta área.

Antes do muito aguardado lançamento do serviço de assinaturas de notícias (que deve ser anunciado já a 25 de março), a Apple lançou esta semana uma nova iniciativa para apoiar as principais organizações sem fins lucrativos dos Estados Unidos e da Europa, que oferecem programas independentes da chamada literacia noticiosa. 

“A literacia nas notícias é vital para sustentar uma imprensa livre e uma democracia próspera, e estamos orgulhosos por colaborar com organizações na linha de frente desse esforço”, explicou o CEO da Apple, Tim Cook, em comunicado. “Ficámos impressionados com o importante trabalho que está a ser feito pelo News Literacy Project (NLP), pelo Common Sense e pelo Osservatorio, capacitando os jovens a tornarem-se cidadãos ativos e envolvidos”.

O News Literacy Project (NLP) é uma organização sem fins lucrativos de educação nacional apartidária, que pretende dar ferramentas aos professores para ensinar os alunos as competências necessárias para se tornarem consumidores de notícias credíveis e, assim, poderem participar de forma mais ativa na democracia dos EUA. A instituição admitiu que recebeu da Apple o maior donativo da sua história, sem avançar o valor concreto, e garante que vai desta forma poder chegar a mais alunos.

Até ao momento e desde maio de 2016, quando foi criada, a NLP já recebeu inscrições de 17.800 professores de 50 estados dos EUA e de 104 outros países, num total de 124.000 alunos que terão sido beneficiados. O jornalista reformado Walt Mossberg, conhecido por ter entrevistado os grandes gurus da tecnologia das últimas décadas, faz parte da organização. 

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“Ficamos gratos pelo compromisso da Apple em combater a desinformação e manter o jornalismo de qualidade”, disse Alan C. Miller, fundador e CEO da NLP. A ideia é ajudar a dar ferramentas de pensamento crítico à próxima geração para discernir quais as notícias e afins em que deve confiar.

Outro parceiro, a Common Sense, é a principal organização sem fins lucrativos dedicada a ajudar crianças e famílias a terem sucesso na era digital. Para ajudar os alunos a agirem de forma mais informada no panorama moderno das notícias, a Common Sense também incentiva os jovens a pensar criticamente sobre o mundo mais amplo da média e das ideias.

Já o Osservatorio Permanente Giovani-Editori é a principal organização independente em Itália para a educação para a cidadania e foca-se em projetos de literacia nos média. O Osservatorio atua na educação através da formação de professores do ensino secundário, que trazem os projetos do Osservatorio para as suas salas de aula com o objetivo de fomentar o pensamento crítico informado.

Andrea Ceccherini, fundador e CEO do Osservatorio Permanente Giovani-Editori, explica em comunicado: “Numa altura em que as fake news (notícias falsas) estão-se a espalhar pelo mundo, não podemos ceder à ideia de que os serviços de verificação de factos de terceiros são a única maneira de avaliar que fontes de notícias são ou não fiáveis, devemos exercitar as nossas mentes e ser os nossos próprios avaliadores”. A organização busca levar para a sociedade “uma cultura de debate que é a base de uma democracia saudável”.

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Netflix das notícias, by Apple

A Apple vai apresentar um serviço de subscrição de notícias no dia 25 de março. O projeto que já foi apelidado de ‘Netflix de notícias’, pretende juntar jornais e revistas, permitindo aos utilizadores poderem ter acesso ilimitado aos conteúdos disponíveis. Os boatos indicam que o serviço deve chegar no final do ano por um preço de 10 dólares, cerca de oito euros, mensais.

Um artigo do The Wall Street Journal(WSJ) revelou novos detalhes que se tornaram polémicos, devido à percentagem que a tecnológica pretende cobrar no seu modelo de negócio – deve ficar com quase 50% das receitas. O modelo em si também não é novo – a Apple fica com 30% das receitas geradas pelas aplicações na App Store -, o valor da fatia que a marca da maçã quer é que acaba por ser a grande novidade.

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