Ativista ambiental tem 14 milhões de seguidores no total, a maioria no Instagram. Twitter surge em segundo e Facebook é o último. Um sinal da juventude que a segue.
É um dos maiores fenómenos sociais dos últimos anos. Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg, mais conhecida apenas por Greta Thunberg, a jovem ativista ambiental sueca de 16 anos – faz a 3 de janeiro 17 invernos – chegou ontem a Lisboa, onde deve ficar até sexta-feira, dia em que chega a Madrid, local onde se está a realizar a Conferência da ONU para as alterações climáticas.
Sexta é também o dia da semana em que decorre a iniciativa Fridays for Future, que Greta criou em agosto de 2018 e que mais não é do que uma greve e manifestação de jovens estudantes contra a falta de medidas para combater as alterações climáticas. O sucesso mundial da iniciativa que se espalhou pelas redes sociais esteve bem longe de envolver o típico conteúdo publicado pelos maiores influenciadores digitais, com fotos bonitas e cuidadas de sítios paradisíacos, bem pelo contrário. Foram as mensagens e a determinação da jovem sueca que fizeram deste um evento global com milhões participantes em dezenas de cidades e tornaram em Greta uma influenciadora para milhões de jovens (e não só) por todo o planeta.
Thunberg tornou-se, dessa forma, num símbolo da juventude inconformada com a falta de medidas políticas que reduzam os efeitos das alterações climáticas, mesmo antes de se tornar, como também já é, num fenómeno mediático em meios mais tradicionais, como se viu ontem em Portugal – com as televisões, rádios e jornais a dedicarem muito espaço à chegada ao país da jovem.
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Os números atuais nas várias redes sociais de Greta Thunberg:
1º Instagram: 8 400 000 seguidores. É onde a jovem tem mais seguidores, já acima dos oito milhões, a maioria conseguidos nos últimos três meses, e onde o número tem aumentado vertiginosamente. Segue ainda 931 contas, sendo as últimas Leonardo DiCaprio, Time, CNN Climate, Lena Headey. da Guerra dos Tronos, e a atriz Anne Hathaway.
2º Twitter: 3 024 773 seguidores. A plataforma das mensagens curtas é onde a jovem da chamada Geração Z mais interage com amigos, fãs e até com detratores como o presidente dos EUA, Donald Trump. É onde é mais interventiva fazendo várias partilhas diárias de conteúdos relacionados com a “crise climática”, desde reportagens a dados de cientistas. Ainda esta quarta-feira, de Lisboa, é possível ver várias mensagens deixadas. Numa delas é referenciado um artigo em como as emissões de gases para a atmosfera vão bater novo recorde. “Ainda estamos a ir demasiado rápido na direção errada”, comenta.
3º Facebook: 2 561 822 seguidores. A rede social mais popular do planeta, com 2,4 mil milhões de utilizadores ativos mensais, não é aquela onde a ativista influenciadora tem mais fãs, nem onde mais participa. A maioria dos posts são feed direto das fotos do Instagram. É possível perceber que há um delegado da equipa das Nações Unidas para as mudanças climáticas (UNFCCC), um jovem indiano, que ajuda na gestão da página e que Greta pertence ao grupo privado de Facebook Fridays For Future, com 21,6 mil membros.
Total: 13,9 milhões de contas espalhadas por três redes sociais diferentes que seguem a jovem.
Quando participou a 23 de setembro, em Nova Iorque, na Assembleia Geral das Nações Unidas, Greta Thunberg já tinha uma base de fãs enorme e grande mediatismo. Mas o discurso viral de indignação para com a passividade dos líderes mundiais – que levou à hashtag viral #HowDareYou (como se atrevem) – elevou a sua base de seguidores online.
Nessa altura tinha 4,5 milhões de seguidores no Instagram, agora e em pouco mais de dois meses já supera os 8,4 milhões. Foi nessa ocasião que também deu entrada uma ação judicial de Greta e mais alguns jovens por violação da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, por motivos de falta de ação contra a “crise climática” – a ação preocupa alguns políticos como o presidente francês Emmanuel Macron.
A Wired traçou recentemente um comparativo entre o ativismo na era atual das redes sociais e o ativismo nos anos 1960. A revista de tecnologia cita vários especialistas em ativismo que admitem semelhanças. Jovens a tentar chamar a atenção de governantes sobre assuntos que eles preferem ignorar viu-se nos anos 1960 com a cultura de violência e agora com as alterações climáticas.
“O mais interessante é que em ambas as épocas os jovens perseguem objetivos de mudança de políticas e, coincidência ou não, as duas épocas são marcadas por um aumento exponencial do acesso à informação”. Quem o diz é Ellen Middaugh, investigadora de media digital e participação cívica de jovens da Universidade de Riverside, nos EUA. A especialista explica que uma foto de John Paul Filo do massacre de Kent State despoletou uma unidade no ativismo semelhante à que se vê hoje “com os tweets“.
Uma das maiores influenciadoras digitais do planeta, Kim Kardashian, com 153 milhões de seguidores no Instagram e recordes de receitas através da plataforma, ofereceu-se para ajudar a jovem Greta Thunberg e os seus pais a gerir a sua presença nas redes sociais. O motivo? “Porque falar em grandes plataformas como estas convida a muitas opiniões controversas”, “erguermo-nos contra estes adultos pode ser muito assustador” e “ela ser tão aberta e honesta é precisamente o que precisamos”. A jovem só mostrou preocupação nos últimos tempos por existirem várias pessoas a abrirem contas falsas com o seu nome ou a fingir serem seus representantes para falar com políticos e atores.
O impacto de Greta Thunberg, embora seja mais visível nos jovens, que parecem estar mais ativos no Instagram e menos no Facebook, não fica só pela sua própria geração. Em fevereiro desde ano um grupo de 224 académicos assinou uma carta aberta a apoiar os pedidos de urgência por medidas contra as alterações climáticas da jovem sueca. Entretanto, a sua popularidade já lhe valeu mais de 12 prémios nas últimas semanas.
A popularidade online promete continuar a crescer, mesmo que em Lisboa a jovem de 16 anos tenha admitido que não sabe ainda quais serão os próximos passos, nem tão pouco se vai seguir uma carreira ligada ao ativismo ambiental.
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