Huawei Portugal cautelosa lança smartphones com (e sem) Google em 2020

Huawei Android

Huawei aposta num ecossistema evoluído de gadgets, portáteis e smartphones (com e sem Google) para 2020 em Portugal. Vendas continuam a crescer no país.

O número é sonante. A Huawei, que continuou a crescer nas vendas apesar do bloqueio dos EUA, vendeu um em cada três smartphones em Portugal no mercado nacional de 2020. Apesar disso, a grande dúvida é sobre os novos modelos topo de gama. E se há coisa que foi possível perceber num pequeno evento que a marca fez em Lisboa para mostrar as expectativas para 2020, é que os lançamentos do ano vão ter telemóveis sem o ecossistema da Google, mas outros com esse mesmo ecossistema. Na verdade, para já e contando com vários modelos da Huawei disponíveis nas lojas, só há um sem o ecossistema da Google à venda em Portugal.

Se com a Microsoft a empresa conseguiu superar, para já, o bloqueio dos EUA e manter a aposta nos seus recentes portáteis – nova gama mais ampla vai surgir em março e no verão já poderão contar com chips da Intel -, no caso da Google isso foi não possível. Em 2020 a Huawei também quer lançar mais dispositivos conetáveis e aposta em aparelhos 5G, bem como numa experiência mais fluída entre o seu ecossistema de aparelhos “que se está a alargar” – como exemplo, já está disponível a solução de passar de forma imediata fotos ou documentos de um smartphone para um portátil da Huawei com um simples toque entre aparelhos (por NFC).

Um bloqueio que obriga a mudanças

Resultado do bloqueio americano? O mais recente topo de gama da marca, o Mate 30, já não pode ter o ecossistema de apps e serviços da Google. E, tudo indica, se não houver alterações na política norte-americana nos próximos meses (se Trump se mantiver dificilmente mudará), todos os modelos oficialmente novos (com nomenclaturas novas) não podem ser esses serviços que fazem a diferença na experiência de utilização de um smartphone. A marca, no entanto, pode lançar variações de modelos que já existiam antes do bloqueio dos EUA de maio, com o ecossistema Google a que a esmagadora maioria das pessoas – pelo menos no Ocidente – está habituada. “E é isso que está previsto acontecer”, explicou-nos Tiago Flores, diretor de consumo da Huawei Portugal.

O modelo mais recente da marca, o Mate 30 Pro, já está à venda de forma muito limitada – apenas numa loja do Colombo ou online e “requerendo sempre apoio ao cliente”, para que quem compre sem estranhar a ausência do tal ecossistema a que está habituado. A Huawei espera colocar o Mate 30 à venda de forma generalizada nas próximas semanas, à medida que o ecossistema de apps da própria empresa chinesa (App Gallery) vai ganhando dimensão e ficando com algumas das apps mais conhecidas em Portugal e no mundo. As apps da Google, essas, oficialmente não vão mesmo ficar disponíveis – é possível usar no navegador ou por meios considerados pouco seguros. “Estamos a trabalhar com programadores portugueses para que as 175 apps mais usadas em Portugal estejam na nossa loja App Gallery“, explicou Tiago Flores.

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Os serviços da Huawei (Huawei Mobile Services ou HMS) complementam depois o sistema operativo que usa uma versão básica do Android como base, mas sem o tal ecossistema da Google a que a maioria está acostumada.

O responsável da Huawei Portugal admite que ainda falta algum caminho para ter uma experiência sem se sentir falta de algumas apps. Para algumas delas há soluções fáceis – por APK – disponíveis noutras lojas de apps, mas ainda nada perto do nível da loja e do ecossistema Google.

Há soluções consideradas menos seguras, como a de colocar os serviços da Google no novo Mate 30 através de terceiros – algo que pode acarretar riscos -, mas a Huawei admite que não os pode aprovar ou até sugerir. “Estamos focados e a investir muitos milhões de euros no nosso ecossistema de serviços e apps e a cativar os programadores para se juntarem à nossa loja”, admite Flores, avançado que existem mil engenheiros da Huawei a trabalhar só nesse ecossistema e a criarem condições para os programadores ampliarem a oferta.

No verão, num evento da Huawei em que estivemos na China a propósito do investimento em software, o responsável dessa área da empresa, Chenglu Wangadmitia: “Vamos sofrer durante um a dois anos se perdermos o Android”, isto porque “demora a construir um ecossistema tão completo como o que a Google construiu durante anos”.

Esta semana um representante da Huawei na Áustria admitia mesmo que já não havia volta atrás, a Huawei nunca mais voltaria a ter o ecossistema Google mesmo que ele ficasse disponível. Essa posição foi contrariada entretanto pela Huawei a nível global, mantendo a porta aberta para voltar aos serviços Google se houver uma alteração na política norte-americana.

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