Missão de investigação MOSAiC está a estudar o clima do Ártico e as alterações climáticas e investigadores vão ter de passar este Natal no Oceano Ártico em escuridão perpétua (por ser sempre noite).
A história é contada pela Agência Espacial Europeia (ESA) e remete para um grupo de investigadores que vão passar este Natal num dos locais menos confortáveis para a existência humana pelo amor à ciência e com ajuda tecnológica. O grupo vai estar à deriva no Oceano Ártico gelado a bordo do quebra-gelo alemão Polarstern, a temperaturas que podem ir até -45º e na escuridão perpétua do inverno polar.
E quem são eles? Um grupo de participantes na maior e mais longa missão de investigação polar chamada MOSAiC. Apesar da escuridão, os investigadores têm plena noção do que os rodeia graças à ajuda de radares. No total vão ter cerca de 600 investigadores de 20 países que se vão dividindo ao longo de um ano nas várias etapas da expedição do Observatório Multidisciplinar para o Estudo do Clima do Ártico (ou MOSAiC).
Tudo começou em outubro, quando o Polarstern (cujo nome significa estrela polar) entrou no Oceano Ártico. Agora está a percorrer o Ártico central, cumprindo a distância de 7 km por dia por entre o gelo. O vento e as correntes vão ajudando a levar o veículo para perto do Pólo Norte geográfico antes de sair da zona na próxima primavera ou no verão.
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O que fazem por lá? A bordo vão poder realizar várias experiências no gelo do mar em torno do navio para entender melhor o impacto das alterações climáticas no gelo do mar e no ambiente do Ártico, algo que pode ter impacto na subida dos oceanos em todo o planeta. A equipa já colocou centenas de instrumentos no gelo marinho que circunda o navio até uma distância de 50 km.
Enquanto o navio flutua no mar repleto de gelo, os investigadores não estão cegos já que conseguem perceber o que os rodeia com a ajuda de satélites de imagens integrados com o radar do programa Copernicus da Europa, Canadá, Alemanha e Japão.
A tripulação e os cientistas monitorizam o gelo marinho e conseguem elaborar mapas dos blocos de gelo marinho em torno do navio. Esses satélites com radar atravessam o Ártico diariamente e incluem a sua própria fonte de iluminação, o que lhes permite entrar na escuridão do inverno do Ártico à medida que vão mapeando as condições de gelo do mar por baixo.
Suman Singha, do Instituto de Tecnologia de Sensores Remotos do Centro Aeroespacial Alemão, coordena a receção de imagens de diferentes satélites e é responsável por retransmitir as informações preciosas para o navio. Em declarações à ESA o especialista indica: “Essa informação é fulcral para Polarstern, especialmente no início da expedição, quando o desafio era encontrar o tipo certo de bloco de gelo capaz de abrigar o Polarstern e implementar todos os instrumentos científicos no gelo”. A ajudar têm imagens de radar de alta resolução do satélite alemão TerraSAR-X para localizar o bloco de gelo mais adequado, que recebeu o nome de Fortaleza.
O Polarstern tem quase 40 anos, 118 metros de comprimento e opera a temperaturas até os -50 graus. Consegue quebrar gelo entre 1,5 e 3 metros de espessura à velocidade de 5 nós (9,26 km/h). Em 1991 tornou-se no primeiro navio motorizado a chegar ao Pólo Norte.