Mark Zuckerberg quer tratamento regulatório mais apertado para o Facebook

Conferência de Segurança de Munique
Mark Zuckerberg, durante a conferência de segurança em Munique. EPA/PHILIPP GUELLAND

Durante um discurso em Munique, na Alemanha, Mark Zuckerberg, fundador e CEO do Facebook, voltou a pedir um novo enquadramento regulatório para a rede social. Num artigo de opinião no Financial Times, já tinha pedido nova regulação, mesmo que isso seja prejudicial para o negócio, notou.

Em declarações feitas durante a Conferência de Segurança de Munique, o líder da maior rede social do mundo indicou que pensa “que deveria haver maior regulação em relação a conteúdos perigosos… mas há a questão de que enquadramento é que deve ser usado”. “Neste momento, há dois enquadramentos existente para a indústrias – como o dos jornais e media existentes e depois o modelo telco, em que ‘os dados fluem até lá’, mas que as operadoras não são responsabilizadas caso alguém diga algo perigoso através de uma linha telefónica”, indicou o CEO do Facebook, citado pela agência Reuters.

Para o líder da rede social, o melhor enquadramento regulatório para o Facebook seria algures entre os modelos regulatórios dos jornais e da área das telecomunicações. “Acho mesmo que deveríamos estar algures no meio”, indicou, referindo-se aos quadros regulatórios.

Entre perguntas e respostas, Mark Zuckerberg revelou alguns números sobre a área da revisão de conteúdos online. Indicando que já emprega 35 mil pessoas dedicadas à revisão e remoção de conteúdos nas redes, todos os dias o Facebook suspende um milhão de contas falsas.

As declarações feitas por Zuckerberg em Munique reforçam a ideia que já tinha avançado num artigo de opinião publicado no Finacial Times, este domingo, 16 de fevereiro. “Não penso que as empresas privadas devem tomar decisões sozinhas quando estão a tocar em valores fundamentais democráticos. É por isso que, no ano passado, pedia uma maior regulação em quatro áreas: eleições, conteúdos perigosos, privacidade e portabilidade de dados”, escreveu.

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“Empresas como a minha precisam de melhor supervisão quando tomam decisões”, é possível ler no artigo. Explicando que “as empresas tecnológicas devem servir a sociedade”, o líder do Facebook reconhece problemas que precisam de ser corrigidos e que afetam toda a indústria. “Acredito que boa regulação pode prejudicar o negócio do Facebook a curto prazo, mas que isso será melhor para toda a gente, inclusive nós [Facebook], a longo prazo”.

Mark Zuckerberg indica que a empresa “está a pedir nova legislação”, mas que “não se trata de um ato de passagem de responsabilidade” para outras mãos. “O Facebook não está à espera de regulação; continuamos a fazer progressos nestas questões sozinhos”, esclareceu no artigo.

Nos últimos anos, o Facebook tem sido pressionado para atuar de forma mais intensa em relação ao fenómeno da desinformação nas redes sociais. Após o caso Cambridge Analytica, que resultou numa multa de cinco mil milhões de dólares, aplicada pela FTC (Federal Trade Commission, órgão regulador nos EUA), o Facebook fez algumas alterações à estrutura, para albergar quadros de supervisão.

Esta semana, Mark Zuckerberg está na Europa, tendo na agenda reuniões com a Comissão Europeia.

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