O jornal Financial Times avança que, afinal, a Microsoft estará interessada na compra do negócio global da aplicação e não apenas de algumas filiais.
A Microsoft estará, afinal, interessada na aquisição do negócio global da TikTok, a aplicação de vídeo criada pela chinesa ByteDance. A notícia é avançada pelo jornal Financial Times, que cita pelo menos cinco fontes com conhecimento das negociações entre a tecnológica americana e a ByteDance.
Até aqui, a Microsoft tinha confirmado que estaria a negociar a aquisição da operação do TikTok em quatro localizações: Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia e Austrália. A informação avançada pelo FT nota agora que a dona do Windows poderá estar a negociar mais territórios, abarcando assim a operação da app de vídeo na Índia e Europa, duas áreas com grande número de utilizadores.
Note-se que, embora o FT mencione uma expansão dos territórios, esta aquisição não incluiria a operação da aplicação de vídeos curtos na China. Desde o arranque da operação da app criada pela ByteDance que existe uma separação bem marcada: na China a ByteDance disponibiliza a app com o nome Douyin e noutras localizações a versão TikTok.
Esta alteração nos interesses da Microsoft, que no domingo sinalizava o interesse em operações específicas, poderá ser justificada pela dificuldade em separar algumas questões internas do TikTok por territórios, nota o FT, dando como exemplos os recursos humanos. Outra das preocupações poderá ainda estar relacionada com as viagens: caso um utilizador viaje de um país para o outro poderia ficar sem acesso à aplicação, por exemplo.
Tendo em conta esta possível alteração, a publicação britânica sugere que esta mudança poderá ser um exemplo do caráter muito provisório das negociações, que neste momento têm um prazo de concretização. Donald Trump, que anunciou a intenção de banir a aplicação TikTok dos Estados Unidos, definiu o dia 15 de setembro como prazo para as negociações estarem fechadas. Caso tal não aconteça, já demonstrou que pretende banir o uso da aplicação.
Microsoft bem posicionada na China
Embora o governo chinês já tenha demonstrado em várias ocasiões esta semana que não vê com bons olhos este negócio, considerando mesmo esta situação como uma “violação das regras internacionais de comércio justo”, o FT menciona que a Microsoft poderá estar bem posicionada junto das autoridades chinesas.
O jornal refere que a Microsoft tem presença no mundo tecnológico chinês há décadas: desde os anos 90 que a empresa tem um laboratório de investigação no país, funcionando também como uma incubadora para talento. Desta forma, a presença em território chinês poderá ajudar a acalmar os ânimos, especialmente tendo em conta a relação tensa entre Washington e Pequim. Na China, o software desenvolvido pela tecnológica americana é também dominante, com uma quota de mercado que rondará os 90%.
Além disso, alguns dos maiores talentos tecnológicos da China têm tido algum tipo de relação com a Microsoft. Uma das autoras do artigo do FT nota que Zhang Yiming, fundador da ByteDance, já trabalhou para a Microsoft, ainda que durante pouco tempo. Poderá ter sido este um dos pontos de aproximação para dar início a esta negociação assim que Trump tornou pública a ameaça ao TikTok.
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